10 mulheres pré-históricas muito intrigantes

Por , em 1.06.2015

Parece que conhecemos todos os detalhes da evolução humana, mas isso não é verdade – longe dela, aliás. Novas descobertas de restos humanos acontecem com certa frequência e muitas vezes desafiam o consenso científico. Com cada nova peça adicionada ao quebra-cabeça, aprendemos mais sobre nossos antepassados pré-históricos e como eles viviam.

As 10 mulheres desta lista são algumas das mais intrigantes peças desse quebra-cabeça:

10. Ardi

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Ardi é um fóssil da espécie Ardipithecus ramidus, que viveu na Etiópia cerca de 4,4 milhões de anos atrás. Ela é o mais antigo esqueleto hominídeo conhecido. Seus restos parciais consistem de cerca de 125 peças separadas, incluindo crânio e dentes.
Ardi tinha 1,2 metros de altura, pesava cerca de 50 kg e andava ereta. Com cérebro pequeno, braços e dedos muito longos e dedão opositor, ela costumava se mover por entre as árvores. Seus dentes intactos revelam que sua dieta consistia de vegetais, frutas e pequenos mamíferos.

Ardi não era um ser humano moderno nem um chimpanzé, mas tinha características de ambos. Assim, seu esqueleto sugere que os humanos e os chimpanzés evoluíram separadamente a partir de um ancestral comum (ou seja, esqueça a ideia equivocada de dizer que “viemos do macaco”; a verdade é que tanto nós quanto os macacos viemos de um mesmo parente, mas evoluímos em um ramo diferente de espécies por pelo menos seis milhões de anos). Ardi está guardada no Museu Nacional da Etiópia.

9. Lucy

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Descoberta na Etiópia em 1974, Lucy é talvez o mais famoso fóssil de todos os tempos. Isso porque ela revolucionou a forma como pensamos sobre a evolução humana. Antes de sua “chegada”, os antropólogos acreditavam que a inteligência humana era anterior a nossa capacidade de andar sobre duas pernas. Lucy provou que o oposto era verdade.

Com 3,2 milhões de anos, Lucy era o mais antigo esqueleto humano conhecido até Ardi aparecer em 2009. Seu nome foi uma espécie de coincidência: a canção dos Beatles “Lucy in the sky with diamonds” estava tocando no rádio quando o primeiro de seus 47 ossos foi descoberto.

Ela tinha um cérebro pequeno, braços longos, pernas curtas e uma grande barriga. Com apenas 1 metro de altura e cerca de 27 kg, a estrutura da sua pelve e joelhos mostram que ela andava ereta sobre duas pernas, o que a coloca dentro da família humana. Ela comia frutas, nozes, sementes e, possivelmente, cupins e ovos de aves. Os pesquisadores sabem com certeza que Lucy era mulher porque outras descobertas mostram que os machos de sua espécie eram muito maiores. Sabe-se também que Lucy era adulta, com provavelmente cerca de 21 anos de idade, uma vez que seus dentes do siso estavam expostos e tinham sido usados antes de sua morte. Os restos de Lucy são mantidos em um cofre especial no Museu Nacional da Etiópia.

8. Mulher X

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Apesar de soar como algo saído dos quadrinhos da Marvel, a “Mulher X” viveu na Sibéria cerca de 40.000 anos atrás. O “mulher” em seu nome é algo possivelmente enganador, já que a única parte do esqueleto descoberto foi um dedo mindinho, que agora se acredita pertencer a uma criança. Ainda assim, a Mulher X marca a primeira vez que um novo tipo de humano foi descoberto através de um teste de DNA.

Os cientistas sabiam que o Homo erectus havia deixado a África cerca de dois milhões de anos atrás, mas não sabiam o que tinha acontecido durante os próximos 1,5 milhão de anos. Como os antepassados de Mulher X provavelmente deixaram a África cerca de um milhão de anos atrás, ela confirma que a migração continuou durante esse tempo.

O DNA extraído dos ossos da Mulher X é distinto do DNA retirado de neandertais ou de humanos modernos, indicando a existência de uma terceira espécie, nomeada H. Denisovans por causa da caverna onde o dedo foi encontrado (foto acima). Não está claro quanto contato as três espécies tiveram entre si, mas sabemos que os seres humanos cruzaram com ambas. Aborígenes australianos e melanésios de parte de Nova Guiné compartilham em torno de 5% do seu DNA com a Mulher X.

7. Dama Vermelha

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A “Dama Vermelha” foi encontrada na caverna El Miron, no norte da Espanha. Ela viveu cerca de 18.700 anos atrás, em direção ao final da última idade do gelo. Seu nome vem do fato de que seus ossos estavam cobertos de um pigmento avermelhado chamado ocre. A análise química do pigmento revelou que ele não poderia ter vindo de uma fonte local, o que implica a existência de pelo menos alguma forma de comércio de longa distância já nessa época. O pigmento pode ter sido parte de um ritual, ou poderia ter sido usado como forma de preservar o corpo da Dama Vermelha.

Ela morreu entre os 35 e 40 anos, mas os pesquisadores não sabem exatamente por quê. Ela parecia estar em boa saúde e tinha uma dieta de cabras, veados, peixes, cogumelos, fungos e sementes. Seu corpo foi enterrado em um pequeno espaço na parte de trás da caverna, mas só depois de ter decomposto. Os cientistas sabem disso porque seus ossos estavam cobertos de óxido de manganês preto, que se forma quando corpos decaem acima do solo. O enterro elaborado da Dama Vermelha, incluindo gravuras encontradas nas proximidades do túmulo, sugerem que ela pode ter sido especial, mas não sabemos como.

6. Hobbit

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Em 2003, os arqueólogos encontraram uma nova espécie humana na remota ilha indonésia de Flores. A fêmea “hobbit” tem 18 mil anos de idade e parece ter vivido numa época em que o homem moderno estava colonizando o resto do mundo. Com apenas um metro de altura, o Homo floresiensis pode biologicamente estar estreitamente relacionado com a gente. A descoberta surpreendeu os cientistas, que acreditavam anteriormente que o Homo sapiens tinha superado qualquer outra espécie dezenas de milhares de anos atrás.

Agora, parece que nossa evolução é mais complexa do que se pensava anteriormente. O esqueleto da Hobbit está quase intacto, e ossos de outros indivíduos também foram encontrados. A partir desses restos sabemos que o Homo floresiensis tinha um cérebro do tamanho de uma toranja, mais próximo do de chimpanzés atuais do que de nós. No entanto, a espécie acendia fogueiras, fazia ferramentas de pedra e caçava por carne em grupos.

Alguns cientistas sugeriram que os Hobbits não são uma espécie desconhecida, e sim apenas um ser humano normal com Síndrome de Down, uma sugestão que despertou um debate internacional intenso. No entanto, com ossos de inúmeros indivíduos com as mesmas características, parece mais provável que o Homo floresiensis tenha conquistado seu lugar na lista de hominídeos.

5. Mulher (ou homem) de Arlington Springs

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Em 1959, um fóssil foi descoberto na ilha de Santa Rosa, na Califórnia (EUA), e datado de cerca de 10.000 anos. Algum tempo mais tarde, o “homem de Arlington Springs” tornou-se a “mulher de Arlington Springs”, já que pesquisadores determinaram que seus ossos eram do sexo feminino. Técnicas de datação modernas também empurraram as origens do fóssil para cerca de 13.000 anos atrás, tornando-os os mais antigos restos humanos encontrados nas Américas até então.

Em 2006, a “mulher de Arlington Springs” tornou-se um homem de novo, com os mesmos cientistas que tinham determinado que era uma mulher anunciando que estavam errados, e estimando que o fóssil tinha 70% de probabilidade de ser do sexo masculino. Felizmente, métodos de investigação futuros devem dar uma resposta conclusiva.

De qualquer maneira, a “pessoa de Arlington Springs” é um grande achado, provando que o homem pré-histórico usava barcos e apoiando a teoria de que os primeiros americanos desceram a costa pelo mar, em vez de sobre a terra. Ou seja, eles não eram uma comunidade de caçadores nômades, mas sim provavelmente viviam como um grupo de pescadores costeiros e catadores.

4. Mulher de Minnesota

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Restos de 8.000 anos de idade de uma mulher foram descobertos perto de Pelican Rapids, em Minnesota (EUA), durante a construção de estradas em 1931. Alguns membros do grupo queriam descartar os ossos e continuar a trabalhar, mas um membro, Carl Steffen, não deixou.

O indivíduo era uma menina de cerca de 16 anos quando morreu. Ainda não havia sido mãe e carregava uma adaga feita de chifre de alce, provavelmente como ferramenta de caça. Ela também tinha um pingente de conchas, possivelmente um talismã, feito a partir de um caracol mais tarde identificado como endêmico da Flórida.

A garota não havia sido enterrada por sua família ou tribo. Conchas de moluscos ou mexilhões quebradas cobriam seu corpo. A estrada cortava através de um lago glacial extinto, o que torna provável que ela tenha se afogado. Seu corpo foi preservado sob uma camada de sedimento no fundo do lago. O esqueleto estava quase intacto, e seus ossos cor de marfim mostravam cada ligeira impressão de vaso sanguíneo e massa encefálica.

3. Mãe

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O esqueleto de 7.700 anos de idade conhecido como “Mãe” foi descoberto na Sibéria em 1997. Ele estava completo e é provavelmente o mais antigo exemplo conhecido de morte durante o parto, além da mais antiga evidência confirmada de gêmeos na história. Sim, por mais raro que isso seja, os minúsculos ossos de dois bebês foram encontrados dentro do útero da “Mãe”.

Um dos bebês se encontrava parcialmente deslocado, dando a entender que seria o primeiro a sair e ficou preso, causando a morte de todos os três. A jovem mãe, que estava em seus vinte e poucos anos, foi enterrada deitada de costas com vários dentes de marmotas próximos a ela. Ela parece ter sido um membro de uma comunidade transitória de caçadores-coletores, que não fazia sepultamentos formais. No entanto, mais de 100 túmulos já foram descobertos ao redor da cidade siberiana de Irkutsk, insinuando uma cultura mais avançada do que se pensava anteriormente. Infelizmente, muitos dos túmulos estão cobertos por desenvolvimentos urbanos, o que torna a escavação difícil.

2. Taoua

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Taoua, uma mulher indígena do Caribe, morreu cerca de 1.000 anos atrás na ilha antilhana de Nevis. Seu esqueleto quase intacto foi encontrado em 2011, enterrado em uma praia perto de White Bay. Os dados deste período da história do Caribe são raros e conflitantes, o que torna a descoberta muito emocionante para os historiadores da região. Nenhum outro esqueleto tão completo quanto Taoua, palavra caribenha para “pedra branca”, foi encontrado na região.

Com várias cáries e tendo perdido alguns dos seus dentes, os pesquisadores acreditam que a dieta de Taoua continha açúcar, possivelmente a partir de cana-de-açúcar, uma cultura do Velho Mundo trazida para as Índias Ocidentais pelos espanhóis. A exposição de sua raiz dental poderia ter levado a envenenamento do sangue, resultando em sua morte. Ela também tinha várias costelas quebradas, embora todas estivessem curadas no momento de seu falecimento. Suas articulações mostravam sinais de uso constante e sua espinha estava deformada, indicando osteoartrite. Em geral, o esqueleto de Taoua sugere que ela teve uma vida muito difícil.

1. Mulher de Peñón

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A “Mulher de Peñón” morreu por volta de 13.000 anos atrás, durante a última idade do gelo, com 26 anos. Seu esqueleto quase completo foi encontrado na beira de um lago pré-histórico gigante, agora parte dos subúrbios da Cidade do México, em 1959. Ninguém sabe por que ela morreu. Seus ossos estavam bem desenvolvidos e saudáveis.

O mais curioso sobre ela, no entanto, é que seu crânio longo e estreito não se assemelha a muito crânios modernos nativos americanos. O mesmo é visto em uma série de outros restos fósseis muito antigos americanos, incluindo o famoso Homem de Kennewick. Na época, a arqueóloga Silvia Gonzalez sugeriu que ambos provavelmente eram membros de um grupo que chegou nas Américas por barco a partir do Pacífico, lançando dúvidas sobre a crença tradicional de que as pessoas chegaram pela primeira vez nas Américas através do estreito de Bering. Outra teoria afirma que a Mulher de Peñón e o Homem de Kennewick podem representar um grupo de europeus adiantados que de alguma forma cruzaram o Atlântico já nessa época.

Todas essas teorias foram debatidas em 2014, quando pesquisadores descobriram outro fóssil feminino de 13.000 anos de idade, conhecido como Naia, em uma caverna mexicana. Naia tinha a mesma estrutura facial incomum de Kennewick e Peñón, mas seu DNA a ligou conclusivamente a nativos americanos, sugerindo que os crânios incomuns provavelmente não indicam um grupo étnico distinto. [Listverse]

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