Horário de comer pode ser tão importante quanto qualidade do alimento

Por , em 10.12.2009

Uma nova pesquisa revela que o horário das refeições pode ser tão importante quanto a qualidade do alimento para a saúde. O estudo foi realizado no Instituto Salk de Estudos Biológicos de San Diego, nos Estados Unidos. Os pesquisadores realizaram experimentos com ratos, que revelaram que os genes do fígado são controlados, na maior parte, pelo consumo de comida, e não pelo relógio circadiano, o controle cronológico do corpo.

“Se o horário da alimentação determina a ação de um grande número de genes completamente independentes do relógio biológico, então o momento em que você se alimenta tem um enorme impacto sobre o metabolismo”, explica Satchidananda Panda, que realizou a pesquisa.

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As descobertas do estudo, que ainda não foi publicado, poderão explicar por que trabalhadores com horários incomuns têm uma propensão muito maior a desenvolver doenças metabólicas, diabetes, níveis altos de colesterol e obesidade. “Acreditamos que não é o horário de trabalho sozinho que causa problemas ao metabolismo, mas sim a mudança de turnos e fins-de-semana, quando as pessoas voltam ao ciclo normal de dia e noite”, afirma Panda.

Em mamíferos, o sistema do ciclo circadiano é composto por um “relógio” central no cérebro, que é ativado a partir da luz e determina as preferências diurnas ou noturnas dos animais. O ciclo também determina os ciclos de sono e comportamento de alimentação. Os relógios se adaptam aos horários através da ação dos genes durante as atividades que acontecem durante o dia.

“A oscilação dos genes do fígado ajuda a adaptar o organismo a um padrão diário de disponibilidade de comida ao ligar a atividade de milhares de genes que regulam o metabolismo e a fisiologia”, diz Panda. “Esta regulação é muito importante, já que a falta de regulação do relógio circadiano predispõe o organismo a várias disfunções metabólicas e doenças”, completa.

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Apesar da importância da ação dos genes do fígado neste ciclo, não se sabia se a regulação era feita apenas pela antecipação do fígado ao recebimento da comida ou se era liberada pelo consumo dos alimentos. Para analisar isso, os pesquisadores observaram ratos normais e com deficiências no relógio circadiano. Os ratos tinham horários controlados para a alimentação e para o jejum, enquanto os pesquisadores analisavam as expressões dos genes em cada momento.

Quando os ratos estavam em um horário de 8 horas de alimentação seguidas por 16 horas de jejum, o padrão do relógio circadiano da maior parte daqueles com deficiências foi restaurado. Mesmo assim, durante o jejum prolongado, apenas uma pequena parte dos genes continuaram a ser transcritos pelo ciclo do padrão circadiano, mesmo com o relógio presente.

“A transcrição induzida pela comida funciona como um relógio metabólico que funciona 24 horas por dia e é continuamente recomposto pelos horários da alimentação, enquanto o relógio central é acionado por um ritmo que nos ajuda a antecipar a comida, baseado nos nossos horários comuns”, afirma o pesquisador Christopher Vollmers, que participou do estudo. “No mundo real, porém, nós não nos alimentamos sempre no mesmo horário, e por isso faz sentido que os genes metabólicos tenham um aumento na atividade quando mais precisamos deles”, explica.

Genes que codificam as enzimas necessárias para quebrar moléculas de açúcar aumentam imediatamente após uma refeição, por exemplo. Aqueles que codificam as enzimas que quebram a gordura, por sua vez, têm uma maior atividade quando o corpo está em jejum. Horários definidos de alimentação ajudam para que as enzimas trabalhem cada uma em um turno, otimizando a queima de gordura e dos açúcares.

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De acordo com Panda, o estudo marca uma mudança sobre o que se sabia sobre o relógio circadiano. “Ele não é mais o único acionador das funções dos genes”, diz. “As fases e amplitudes das funções dos genes do fígado são mais definidas pelos períodos de alimentação e jejum”, completa. [Science Daily]

1 comentário

  • Romualdo:

    Este conhecimento é básico na MTC (medicina tradicional chinesa). Há mais de 4.000 anos os chineses já falavam sobre o horário de funcionamento dos órgãos.
    O estudo é válido por demonstrar através da fundamentação científica esta verdade. Mas não esqueçamos de ser justos com os verdadeiros reveladores desta realidade, até por uma questão ética e moral, o enunciado desta matéria deveria ser mais ou menos assim: “Cientistas demonstram como funciona o horário de funcionamento dos órgãos, conforme ensina a MTC”.
    Não é elegante querer tomar para si o conhecimento dos outros.
    .

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