6 fatos para te deixar mais otimista com a raça humana

Por , em 15.01.2014

Não é assim tão difícil perder a fé na humanidade. No cotidiano, por exemplo, há quem não ceda o assento para os idosos no ônibus lotado, aqueles que jogam o carro em cima dos pedestres que atravessam a rua e também os autores das malfadadas cantadas para cima de qualquer mulher circulando desacompanhada. Quando se está navegando na internet, basta ler os comentários em qualquer site para ter vontade de se mudar para Marte.

Mas se as pessoas são tão terríveis, por que o mundo está menos horrível atualmente? A violência está em uma baixa histórica em todo o globo, como mostra o pesquisador Steven Pinker. É fácil se concentrar em valores atípicos como o famoso serial killer Maníaco do Parque e o presidente da Síria Bashar al-Assad, eles não representam toda a raça humana. A grande parte de nós não apenas não está “matando pessoas efetivamente”, como também é geneticamente programada para ser superboazinha. Não acredita?

6. O comportamento altruísta é viciante

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Ajudar aos outros, mesmo quando eles não o ajudam, é praticamente a definição de uma “boa pessoa”. Contudo, esse tipo de comportamento não acontece naturalmente. Nascemos como pequenos sociopatas sugadores de leite gananciosos, sem pensar em nada além da nossa próxima dose do manjar dos deuses produzido pelos seios da mamãe. Todas as boas qualidades em seres humanos têm de ser ensinadas e cuidadosamente cultivadas.

A verdade é: o altruísmo é uma droga e as melhores pessoas na Terra são viciadas incondicionais.

Em meados da década de 2000, os cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA embarcaram em uma jornada épica para descobrir qual parte do cérebro é responsável pela generosidade. O estudo se desenvolveu da forma que você esperaria: os participantes foram ligados a equipamentos de ressonância magnética e receberam uma lista de instituições de caridade. Então, tiveram que escolher entre doar ou acumular seu dinheiro e receber uma recompensa no final do estudo.

Ao invés de criar uma espécie de super-herói altruísta incontrolável, o experimento revelou um segredo chocante: doar para uma instituição de caridade ilumina o mesmo pedaço do cérebro que nos faz ansiar por comida e sexo. Indo ainda mais além, a generosidade é “neurologicamente similar” ao efeito de se drogar. Estamos felizes quando fazemos coisas boas, o que nos faz querer continuar fazendo coisas boas.

5. Pensar em ciência torna você uma pessoa melhor

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Você pode não pensar na ciência como uma busca inerentemente moral, especialmente se você já assistiu a um filme como “O Exterminador do Futuro” ou leu a autobiografia de Wernher von Braun recentemente. Entretanto, a ênfase na capacidade da ciência para matar a todos nós é uma coisa relativamente recente. Tradicionalmente, o ato da pesquisa científica está associado com homens austeros e dignos, como Charles Darwin.

Pesquisadores descobriram recentemente o quão profundamente essa conexão entre a ciência e a moralidade vai. Eles incutiram palavras como “microscópio” e “ponto de apoio” em um grupo de alunos para impulsionar seus cérebros de modo científico – o que é, aparentemente, uma coisa que podemos fazer. Em seguida, trouxeram histórias detalhadas de estupro para esses indivíduos lerem, e os questionaram sobre suas reações. Isto revelou duas coisas perigosas: um número chocante de fantasias de estupro envolve microscópios; pessoas “incutidas” com as palavras científicas tiveram uma reação negativa mais forte ao estupro.

Será que isso significa que o fim da epidemia de estupro nas universidades é tão simples quanto o aumento da densidade de bicos de Bunsen? Provavelmente. Mas os cientistas foram em frente e realizaram mais testes, verificando as ações altruístas ao longo de um mês e dando aos participantes a oportunidade de dividir uma quantidade de dinheiro real com uma pessoa anônima. Todos os testes tiveram a mesma conclusão: as pessoas que pensaram sobre ciência agiram mais moralmente.

É isso: a ciência torna as pessoas menos horríveis. Se você quer que seu filho cresça bem, o presenteie com um livro de biologia e um litro de mercúrio. Ele, com certeza, vai apanhar na escola por um tempo, mas eventualmente vai ser um santo.

4. Os bebês não são apenas sociopatas sugadores de leite gananciosos

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Essa afirmação, feita alguns tópicos atrás, estava totalmente errada e gostaríamos de pedir desculpas a todos os bebês na platéia. Nós tendemos a pensar em bebês e crianças como jovens demais para diferenciar o certo e o errado. É o único momento na vida em que o egoísmo absoluto e avassalador é totalmente aceitável.

Agora, há quem diga que mesmo as menores crianças precisam ser responsabilizadas por suas atitudes. Mais sentenças para a prisão das crianças iria reduzir “o choro dos bebês em aviões”, epidemia do nosso planeta. E a ciência concorda – mais ou menos. Segundo pesquisas, bebês sabem a diferença entre o certo e o errado. Um estudo descobriu o comportamento altruísta em crianças a partir dos 18 meses.

O teste para isso foi algo bastante genial. Pesquisadores faziam algo como soltar um prendedor de roupa ou destruir uma pilha de livros enquanto as crianças assistiam nas proximidades. Uma vez que ficou claro que o pesquisador tinha errado, quase todas as crianças se moviam para ajudar. Se parecia que o experimentador tinha errado de propósito, porém, os bebês não agiam – afinal, se você está sacaneando desse jeito, eles não estão prestes a perder o seu precioso tempo de cocô e arrotos para arrumar a sua bagunça.

Os cientistas realizaram esta mesma bateria de experimentos em um grupo de jovens chimpanzés criados em cativeiro. Os resultados foram quase idênticos, sugerindo que o altruísmo tem profundas raízes evolutivas.

3. Mentir nos faz mal

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Todo mundo mente. Se você não concordar com isso, você está discordando tanto do Dr. House e quanto de séculos de pessoas sendo idiotas desonestos. A fraude é uma das três habilidades que nossa espécie domina em um nível global (os outros dois sendo “narcóticos” e “filmes com kung fu como um importante ponto da trama”). Então, se um grupo de pessoas tivesse a oportunidade de ganhar dinheiro mentindo sabendo que não podiam ser pegos, você esperaria que a maioria topasse a proposta.

Cientistas da Universidade de Oxford (Inglaterra) e da Universidade de Bonn (Alemanha) descobriram uma maneira de criar essa situação exata. Eles telefonaram para centenas de pessoas e lhes pediam para tirar cara ou coroa. Os entrevistados foram informados de que quem tirasse coroa ganharia uma recompensa em dinheiro, enquanto quem tirasse cara iria para casa de mãos abanando. Em uma reviravolta chocante demais para a televisão, 55,6% dos participantes relataram ter tirado cara.

Pesquisadores da Universidade de Notre Dame (EUA) pediram que vários indivíduos tentassem com todas as suas forças não mentir por 10 semanas. Um grupo de controle foi, presumivelmente, convidado a ir em frente e ser uma maldição para todos os que conhecia e amava. Após 10 semanas, o grupo de não mentira experimentou “em média” quatro queixas de saúde mental a menos e três queixas de saúde física a menos.

Estes estudos fazem muito sentido quando você os lê juntos: as pessoas não gostam de mentir porque os faz se sentir mal. Mas há uma exceção interessante a essa regra – o escritório. Outra versão desse estudo de jogar a moeda feito em um laboratório descobriu que 75% dos participantes afirmaram que tiraram coroa. Nós somos muito menos propensos a mentir quando estamos em nossas casas, mas a nossa noção de nós mesmos (nossos limites e moral) não é tão forte num ambiente menos pessoal. Assim, chutamos o pau da barraca e negociamos a nossa ética em troca de um papel colorido que podemos usar para comprar sanduíches.

2. Todo filme de desastre é uma besteira

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A parte um pouco mais realista de qualquer filme de catástrofe é aquela na qual tudo vira uma enorme confusão e a sociedade desanda em meio a saques e violência desenfreada. Desastres da vida real parecem dar apoio ao que Hollywood produz. Todos nos lembramos o furacão Katrina.

Mas as pessoas que focam em histórias de assaltos na ocasião de grandes catástrofes muitas vezes ignoram que esse tipo de coisa também acontece quando não há tempestades destruidoras envolvidas. Além disso, um monte de “saques” foi feito por pessoas famintas tentando não morrer. Há quem argumente que isso não conta como comportamento desonesto.

OK, então as pessoas não roubam tanto quanto você pensa. Pelo menos não para fins recreativos. Mas toda aquela “sociedade em colapso pela violência anárquica” ainda parece plausível. Tire três refeições quentes e eletricidade, e a pessoa média vai atirar na sua própria tia como um monstro dentro de 48 horas.

Tendemos a assumir que a ordem é uma coisa frágil mantida tenuemente em linha por legiões de policiais e o exército. Lave esses caras com águas de enchentes ou os exploda com uma bomba e essa frágil linha desaparece.

Porém, cientistas entrevistaram sobreviventes de desastres da vida real e ataques terroristas e descobriram algo chocante: quando um grupo de pessoas é atacado, a ameaça compartilhada lhes dá uma identidade comum. O pânico é extremamente raro e a maioria dos sobreviventes tende a apresentar um comportamento altruísta. Eles cuidam dos feridos ou idosos do grupo e ajudam a afastar as crianças de qualquer mal. Em todo o desastre que você se importe o suficiente para prestar atenção, o bom comportamento é a norma, não a exceção.

1. É extremamente difícil fazer com que as pessoas matem

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O mundo moderno dá a qualquer um de nós o potencial para ser um assassino em massa. Nunca nos faltam exemplos. Todavia, o assassinato é, em geral, bastante incomum. Isso provavelmente é só porque é ilegal, não? Dê às pessoas uma chance de matar alguns sacanas sem esses “homens da lei” traquinas preocupados com “crimes graves” e você verá o derramamento de sangue.

No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, também conhecida como “a melhor desculpa que a gente já teve para atirar um no outro”, o brigadeiro-general S. L. A. Marshall decidiu entrevistar alguns de seus soldados. Ele perguntou-lhes sobre essa coisa de assasinar nazistas na qual eles vinham trabalhando e descobriu, para sua surpresa, que apenas cerca de 15 a 20% dos soldados na linha de fogo tinha realmente disparado contra o inimigo. Estes homens estavam ativamente engajados em combate, sendo atacados, e a maioria deles não conseguia forçar a si mesmos a puxar o gatilho.

Esta foi, aparentemente, a primeira vez na história que um general pensou em perguntar a seus homens se eles realmente tinham seguido todo o protocolo do combate de guerra. E a resposta foi um sonoro “de jeito nenhum”. Marshall espalhou seu estudo a milhares de soldados em 400 companhias em todo todos os cenários de batalha e os resultados foram idênticos. As pessoas não gostam atirar em outras pessoas.

Em 1986, os militares britânicos decidiram levar este estudo um passo adiante. Eles olharam para a “eficácia assassina” de unidades de mais de uma centena de batalhas através de dois séculos e compararam esses dados com versões de laser tag que simulavam essas batalhas. Eles descobriram que as taxas de mortalidade das batalhas simuladas eram muito maiores do que as reais. Conclusão: essa coisa de “não querer matar as pessoas” não é um fenômeno novo.

Aqui vem a má notícia (ou se você considerar o parágrafo acima uma má notícia, aqui está a boa notícia): militares modernos têm cutucado com sucesso a maior parte desse pacifismo pela raiz. Você não pode fazer as pessoas quererem atirar em outras pessoas aleatórias, mas você pode fazê-las ensaiar o processo tanto que ele se torna automático. E, também, você pode criar drones que atiram nos outros sem uma pessoa estar presente na cena.

Então lá vai: as pessoas são inerentemente pacíficas. Ou algo próximo disso. [Cracked]

6 comentários

  • hugo joko:

    estamos acostumados com maldade diaria e explicita que um ato de bondade soa estranho….

  • Gustavo Ribeiro:

    Apresente o crack para o soldado americano e veja se ele não terá facilidade em matar alguém.

    • Genioso Irreligioso:

      Os nazis teriam usado até testosterona nos soldados pra aumentar a agressividade 🙁

  • Leonidas Alves:

    Não me sinto mais otimista em relação a humanidade. Claro que existem os pontos positivos, e são muitos, mas oque me preocupa são os negativos : Guerras, Preconceito, Desigualdade…
    Não adianta ter pontos positivos se a maioria deles são negativos.

  • Simony R. R. Souza:

    discordo da última…

    • Eduardo Araújo:

      E eu concordo com a sua discordância… Poderíamos dizer é menos provável que pessoas matem quanto mais velhas forem e mais instruídas, e isto devido ao desenvolvimento da consciência da punição e dos mecanismos para a apuração de culpabilidade, bem como pequeno grau de empatia desenvolvida.
      É de conhecimento comum aos meios militares e policiais que crianças e adolescentes são os mais cruéis guerrilheiros e criminosos. A falta de parâmetros sociais fixados em sua psiquê as faz agir violentamente de forma pronta e crudelíssima. O mesmo acontece nas sociedades marcadas pela impunidade (total ou parcial) e por instituições policiais pouco investigativas.
      Fora isto, como dizem os norte-americanos: ” se a vontade e a oportunidade de matar vierem juntas, ninguém escaparia da forca”.

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