8 ditados com significados muito diferentes do que você pensa

Por , em 25.05.2016

O propósito dos provérbios e ditados é ensinar sabedoria as pessoas, ajudando-as a compreender certos aspectos da sociedade e do mundo.

Alguns de fato valem a pena serem seguidos, enquanto outros comumente utilizados hoje carregam um significado diferente do inicialmente previsto. Veja:

8. A curiosidade matou o gato

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Na verdade: “Cuidado matou o gato”.

Esse ditado serve como um aviso para aqueles que são muito curiosos para seu próprio bem. No entanto, o provérbio que conhecemos hoje se originou a partir de “cuidado matou o gato”, com a palavra “cuidado” significando “preocupação” ou “tristeza”.

O provérbio foi registrado pela primeira vez em uma peça de teatro de Ben Johnson, “Every Man in His Humour”, em 1598. Acredita-se que a peça foi encenada por uma trupe de atores que incluía William Shakespeare. Mais tarde, sem quaisquer escrúpulos, Shakespeare usou a frase em sua própria peça “Muito Barulho por Nada”.

Em 1898, a expressão original “cuidado matou o gato” ainda estava em uso quando foi definida no “Brewer’s Dictionary of Phrase and Fable”. No entanto, nesse mesmo ano, a frase foi impressa como: “Diz-se que a curiosidade matou um gato” no jornal The Galveston Daily News. No momento em que apareceu na peça “Diff’rent” de Eugene O’Neill, em 1922, o provérbio já tinha se transformado na expressão que utilizamos até hoje.

7. O sangue é mais grosso do que a água

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Na verdade: “O sangue da aliança é mais grosso do que a água do útero”.

O ditado “o sangue é mais grosso do que a água” é muitas vezes usado para implicar que os laços familiares são mais importantes do qualquer outra coisa, por exemplo, do que relações temporárias com os amigos. Isso não tem nada a ver com o que a frase significava originalmente.

A versão original – “o sangue da aliança é mais grosso do que a água do útero” – significava que o vínculo entre companheiros soldados era mais forte do que a sua lealdade familiar. A palavra sangue estava se referindo ao sangue derramado no campo de batalha.

O ditado também foi usado em referência a “pactos de sangue” que as pessoas faziam compartilhando o sangue de um animal ou até mesmo cortando uns aos outros e misturando seu próprio sangue. O pacto ligava as pessoas e significava que elas estavam comprometidas umas com as outras mais do que estavam comprometidas com seus próprios irmãos, por exemplo.

6. Pau para toda obra, mestre de ninguém

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Na verdade: “Pau para toda obra”.

A expressão “Pau para toda obra” é comum no Brasil, mas, nos EUA, tem uma adição: “mestre de ninguém” (“Jack of all trades, master of none”), usada de forma depreciativa. Originalmente, a frase era simplesmente “Jack of All Trades” e não carregava conotações negativas. Na verdade, significava simplesmente uma pessoa que poderia fazer um monte de coisas.

A maior curiosidade é que o nome que aparece na expressão inglesa – “Jack” – não se refere a qualquer pessoa específica e é um termo genérico usado para descrever um homem comum da Idade Média. Os “Jacks” medievais eram homens de pouco status social que ganhavam a vida através de profissões recheadas de “Jacks”, como lumberjacks (lenhadores) e steeplejacks (limpadores de chaminés).

Na Idade Média, provavelmente não havia um único comércio que não usava um Jack de algum tipo (nome também comum para objetos usados em coisas como carpintaria e outras). Foi em 1612 que a frase “Jack of All Trades” entrou oficialmente para a língua inglesa, quando Geffray Minshull escreveu sobre sua experiência em uma prisão no livro “Essayes And Characters of a Prison and Prisoner”. A parte da frase que diz “mestre de ninguém” só foi adicionada no final do século 18.

5. O diabo está nos detalhes

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Na verdade: “Deus está nos detalhes”.

O ditado hoje alerta para erros que podem ser cometidos nos pequenos detalhes de um projeto. No entanto, uma versão mais antiga do provérbio significava, na verdade, que a atenção para as pequenas coisas da vida trazia recompensas significativas.

Não está claro quem cunhou a frase “Deus está nos detalhes”. O provérbio é atribuído a muitas figuras influentes, incluindo Michelangelo. O mais comum é se atribuir a expressão ao arquiteto de origem alemã Ludwig Mies van der Rohe. Embora seja mais provável que a frase não tenha se originado com ele, ela está em seu obituário de 1969 no jornal New York Times. A frase também foi utilizada pelo historiador da arte Aby Warbug, embora seu biógrafo tenha sido hesitante em dizer que o termo foi inventado por ele.

Uma versão ainda mais antiga do provérbio, “O bom Deus está nos detalhes”, é geralmente atribuída ao influente escritor francês Gustave Flaubert.

4. Carpe diem ou Aproveite o dia

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Na verdade: “Carpe diem, quam minimum credula postero”.

Essa expressão em latim é muitas vezes traduzida como “aproveite o dia” e é usada para justificar o comportamento espontâneo, a fim de aproveitar ao máximo a vida. A frase original, no entanto, é mais longa e significa na verdade algo como “extraia o máximo do dia, confiando o menos possível no futuro”.

Ou seja, não é para aproveitar como se não houvesse amanhã, mas sim para fazer o máximo que podemos agora para colhermos os resultados no futuro. A frase apareceu pela primeira vez no livro do poeta romano Horácio, “Odes Livro I”, que usou metáforas agrícolas para exortar as pessoas a aproveitar o dia. Horácio era um seguidor do epicurismo, uma filosofia ensinada por Epicuro, com base na ideia de que o prazer é a coisa mais importante e é alcançado através de uma vida simples.

A expressão “Carpe diem” foi usada por Lord Byron em 1817, e mais tarde popularizada pelo filme “A Sociedade dos Poetas Mortos”. Hoje, seu significado original é muito esquecido e ela na verdade encoraja as pessoas a agarrar as oportunidades sem levar em conta o futuro.

3. O dinheiro é a raiz de todo o mal

The love of money
Na verdade: “O amor ao dinheiro é a raiz de todo mal”.

De acordo com o provérbio “o dinheiro é a raiz de todo o mal”, toda a imoralidade e maldade do mundo são causadas pelo dinheiro. No entanto, a frase é uma citação equivocada da Bíblia, com a original sendo “o amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal”.

Ou seja, os problemas são causados quando as pessoas passam a amar o dinheiro e ser controladas por ele, e não pelo próprio dinheiro. Outras traduções modificam “a raiz de todo o mal” para “a raiz de todos os males” ou “a raiz de todos os tipos de males”, algo ainda mais longe da linguagem original da Bíblia.

2. A verdade irá libertá-lo

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Na verdade: “A verdade irá libertá-lo”, mas com outro sentido

Hoje, esta frase é frequentemente utilizada para incentivar as pessoas a revelar a verdade, presumivelmente depois de terem mentido, a fim de se sentirem melhores.

A expressão vem da Bíblia, e existem diferentes variações, dependendo da tradução. Seu contexto original não tem muito a ver com mentira, no entanto. Na verdade, a frase é uma instrução religiosa. A “verdade” representa o cristianismo, Deus ou Jesus, e a “liberdade” se refere a quaisquer impedimentos, como pecados ou ignorância.

Assim, “a verdade vos libertará” originalmente significava que, se você se tornasse cristão, a verdade (Jesus) o libertaria da escravidão do pecado.

1. Falando no diabo

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Na verdade: “Fale do diabo, e ele vai aparecer”.

O ditado “falando do diabo” é usado como uma forma de reconhecer a coincidência de uma pessoa que chega no momento exato em que outras estavam falando dela. Nem sempre isso significa algo ruim – a palavra “diabo” pode ser simplesmente usada como uma expressão.

No entanto, antes do século 20, o provérbio carregava um significado um pouco mais sinistro. O original “fale do diabo, e ele vai aparecer” foi visto em vários textos latinos e ingleses velhos do século 16. Registrado com esse sentido pela primeira vez por Giovanni Torriano na Piazza Universale em 1666, o provérbio ficou bem conhecido até meados do século 17 e expressava a convicção de que era perigoso falar ou mencionar o demônio pelo nome.

Enquanto a maioria das pessoas não acreditava exatamente de que a citação pura ao nome do diabo o faria aparecer, por uma questão de “azar”, a referência era evitada. Foi só por volta do século 19 que o significado original da frase começou a mudar e servir como um alerta contra bisbilhoteiros. [Listverse]

2 comentários

  • EvandroJGC:

    Tá com leve erro de tradução, “Jack of all trades, master of none” é “Pau para toda obra, mestre em nenhuma” em vez de “mestre de ninguém”.

  • AnjoVingador:

    O 6, “Jack of all trades, master of none” na verdade se refere a alguém que faz de tudo um pouco, mas não é mestre/perito em nada que faz.

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