Acha que seu chefe é um psicopata? Veja como não cair nessas armadilhas

Por , em 31.08.2016

Trabalhar com negócios exige controle, confiança e outras características como frieza e planejamento meticuloso. Poucas pessoas são assim. Mas há um grupo de pessoas que têm exatamente este perfil: os psicopatas.

O pesquisador Robert Hare estima que 1% da população geral se encaixe no perfil, mas pessoas com posição de liderança em grandes empresas são 4% mais propensas a serem psicopatas.

O psicólogo da Universidade de Oxford, Kevin Dutton, entrevistou 5,4 mil pessoas de várias áreas de trabalho. Ele fez um ranking das 10 profissões com mais psicopatas, sendo que em primeiro lugar ficaram os CEOs, seguidos por advogados, personalidades da mídia, vendedores e cirurgiões.

Enquanto indivíduos psicopatas têm mais chances que outras pessoas de cometer crimes, a maioria deles vive uma vida normal, sendo que a personalidade psicopata pode até ser uma grande ajuda na carreira.

O problema é que é o chefe psicopata quem cria a cultura e ritmo para organizações trabalharem. Esse tipo de chefe trabalha eticamente ou ultrapassa alguns limites? Ou pior, eles cometem ações ilegais se os riscos de serem pegos forem baixos e os benefícios?

Aqueles que trabalham com esses chefes podem cair em armadilhas, e para não irritar seus superiores, acabam desenvolvendo uma “cegueira ética”. Esses trabalhadores normalmente não estão conscientes de serem antiéticos, eles simplesmente estão em um ambiente que a gerência criou em que a ética não é muito levada em consideração, permitindo que pessoas corretas acabem seguindo por esse caminho.

As armadilhas

Você já deve ter ouvido falar de Phillip Zimbardo, mais conhecido pelo Experimento da Prisão de Stanford, em que criou um processo social para “acelerar a maldade” dos participantes. Ele observou algumas características em seu experimento, que também se aplicam a se tornar antiético:

1. O primeiro passo é pequeno e casual. Nos negócios, pode ser esperado que você pegue alguns atalhos para cumprir suas metas. Com o tempo, o pensamento pode passar de “isso é a coisa certa a ser feita?” para “será que vou ser descoberto?”. A transição acontece de forma simples na cultura da “cegueira ética”.

2. Desumanizar os outros. O pensamento “nós versus eles” faz com que os outros sejam vistos como sub-humanos. A desumanização dos judeus no Holocausto é um exemplo fácil de observar como isso acontece na prática. Quando um chefe diz que “isso é guerra”, que precisamos “acabar com a competição”, ele está criando um ambiente hostil em que a sobrevivência é ligada à ideia de eliminar o inimigo.

3. Tornar-se anônimo. Pessoas que mascaram sua identidade têm maiores chances de ter comportamentos antissociais, porque a anonimidade dá permissão para que elas façam coisas que normalmente não fariam. Basta olhar para agressividade presente na maioria das seções de comentários de sites. Se um trabalhador é anônimo em uma empresa que funciona como uma máquina, ele pode se sentir menos humano e mais livre para agir de forma incorreta.

4. Divisão da responsabilidade. Ser carregado pela multidão pode fazer com que você faça coisas que não faria sozinho. Durante os protestos de Londres em 2011, por exemplo, milhares de cidadãos normalmente tranquilos se tornaram vândalos agressivos porque “todo mundo estava fazendo”. Um ambiente de trabalho com a cultura do “os fins justificam os meios” pode facilitar esse tipo de comportamento de Maria-vai-com-as-outras.

5. Obediência cega à autoridade. Isso acontece quando a figura de autoridade como o chefe ordena que você faça uma coisa difícil de ser negada e você sente que sua carreira estará em perigo caso você se recuse.

6. Conformidade com normas do grupo. Normas têm grande influência em nosso comportamento, particularmente se desobediência ou ser muito crítico faça com que você seja demitido da empresa.

7. Permitir que outros sejam abusados. Como Edmund Burke afirmou, “a única coisa necessária para que o mal saia vitorioso é que os homens bons não façam nada”. Assistir em silêncio ao abuso dos outros é uma forma de consentimento com a situação.

Como continuar ético

Você ainda pode construir uma carreira ética na sua própria esfera de influência, contanto que o chefe não seja diabólico. Essa é a chamada “liderança de baixo para cima”, em que você cria um bom modelo para os outros seguirem. Quando várias esferas de influência se unem, a cultura da empresa muda.

Se isso não acontecer, sua melhor opção pode ser procurar outro emprego e sair com elegância. Mas nunca subestime o poder da ação coletiva para criar um ambiente de trabalho ético. [The Conversation]

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