Adicionar algas na alimentação do gado reduz em até 70% a emissão de metano

Por , em 20.10.2016

De acordo com um novo estudo australiano, se adicionarmos algas secas a 2% da alimentação de ovinos e bovinos, podemos reduzir as emissões de metano desses animais em mais de 70%.

Sendo que o gado é responsável por 44% de todo o metano causado pelo homem, um gás que tem 36 vezes mais potencial de aquecimento global do que o CO2, essa pequena mudança poderia cortar uma boa parte das 3,1 gigatoneladas de gases do efeito estufa que estes animais liberam na atmosfera por ano.

Para colocar isso em perspectiva, toda a União Europeia lança um pouco mais do que essa quantidade de CO2 a cada ano. Se cortarmos esses 3,1 gigatoneladas em 70%, livraremos a Terra de 2,17 gigatoneladas de metano, o que é quase a quantidade de CO2 que todo o país da Índia emite por ano.

Potencial de Aquecimento Global

Para entender quão prejudiciais essas emissões de metano são, os cientistas estimam o Potencial de Aquecimento Global (PAG) de cada gás com base em dois fatores principais: a sua capacidade de absorver energia, e quanto tempo ele permanece na atmosfera.

O CO2 tem um PAG de 1. Os cientistas calculam essa média a partir de sua vida útil no sistema climático da Terra, que pode durar milhares de anos.

O metano atmosférico, por outro lado, tem um PAG de 28 a 36 nos seus primeiros 100 anos no sistema climático da Terra. Isso significa que a vida do metano na atmosfera é muito mais curta do que a do dióxido de carbono, mas ele é até 36 vezes mais eficiente em capturar radiação.

Inclusive, durante os seus primeiros 20 anos na atmosfera, o metano pode ter um PAG de 86. Isso significa que, a curto prazo, tem a capacidade de aquecer o planeta 86 vezes mais que o CO2.

Arrotos

Diz-se frequentemente que as emissões de metano do gado vêm de seus peidos, mas isso não é bem verdade. Seus arrotos é que compõem até 90% das suas emissões.

Então, como podemos fazer com que o gado arrote menos metano?

No final de 2015, uma equipe da Austrália descobriu que um tipo particular de alga local, chamada Asparagopsis taxiformis, reduz a produção de metano em mais de 99% em laboratório.

Esse número é impressionante, mas será que funciona em animais de verdade?

Experimento

Pesquisadores da Universidade James Cook em Queensland, Austrália, decidiram testar exatamente isso.

E descobriram que podem cortar uma quantidade significativa de emissões de metano usando poucas algas.

Em ovelhas, 2% de algas acrescentadas a sua dieta levaram a 50 a 70% menos emissão de metano ao longo de um período de 72 dias contínuos.

Este tipo particular de alga marinha é tão eficaz porque produz um composto chamado bromofórmio (CHBr3), que bloqueia a produção de metano ao reagir com a vitamina B12.

Problemas

Enquanto cada ovelha e vaca não precisa de muita alga, quando se considera que existem 98,4 milhões de bovinos somente nos EUA, pode ser que essa solução não seja tão simples assim.

Uma fazenda suficiente de algas para cobrir o gado da Austrália, por exemplo, precisaria ter cerca de 6.000 hectares, o que não é algo fácil de se encontrar.

Mas se o mundo ficar desesperado o suficiente – e considerando o nível de gases de efeito estufa na nossa atmosfera agora, deveríamos estar -, essa pode ser a nossa salvação. [ScienceAlert]

2 comentários

  • Dinho01:

    A nossa salvação é diminuir a população humana nesse planeta

    • Cesar Grossmann:

      Acredito que, à medida que a humanidade atinge melhores condições de vida no planeta inteiro, a taxa de fertilidade diminui e a população sofre um decréscimo natural. Como está acontecendo em países ricos.

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