De onde vem e para onde vão as estrelas quando morrem?

Por , em 26.07.2016
Nebulosa do Caranguejo

Nebulosa do Caranguejo

Reluzentes e glamorosas: assim são as nebulosas, as nuvens de gás e poeira espalhadas através do universo.

Com várias cores e formas – como cabeça de cavalo, caranguejo, borboleta, medusa, pata de gato, vassoura de bruxa -, elas fornecem aos astrônomos amadores observações perfeitas e adoráveis.

Mas de onde exatamente elas vêm?

Para falar de nebulosas, temos primeiro que falar das estrelas.

Nebulosas e estrelas

Densa e compacta, uma estrela é praticamente o oposto de uma nebulosa. O poder da estrela vem da fusão nuclear, que ocorre por causa das pressões intensas no seu interior. Essa fusão cria elementos mais pesados e um pouco de energia, suficiente para manter a estrela por milhões (no caso das grandes) ou trilhões (no caso das menores) de anos.

Não importa quanto tempo as estrelas durem, no entanto, elas são criaturas finitas. Assim, elas devem ter vindo de algum lugar e acabam indo para outro lugar. Então, de onde estrelas vêm e para onde vão?

Sim, você deve ter acertado: nebulosas.

Estrelas vêm de nebulosas e acabam se transformando em nebulosas. Da mesma forma, nebulosas geralmente podem ser classificadas em duas categorias: as que vão se tornar estrelas e as que costumavam ser estrelas.

Na vida

Pode-se argumentar que o estado natural da matéria é uma nuvem de gás e poeira. Estrelas dependem de um processo específico, a fusão nuclear, para sobreviver, e uma vez que o processo termina, deixam de ser estrelas.

Os objetos conhecidos como estrelas são totalmente temporários. Mas uma nuvem de gás e poeira? Pode simplesmente ser uma nuvem de gás e poeira para sempre, se não houver forças empurrando-a para se tornar outra coisa.

Por exemplo, se uma nebulosa é “cutucada”, digamos por uma interação gravitacional com um vizinho, ou por estar muito perto de uma supernova, ela pode ser deslocada e tornar-se instável. Aí, sua atração gravitacional e pressão de gás naturais são afetadas, iniciando o processo de fusão que cria algumas estrelas.

Isso transforma o objeto em uma “nebulosa escura”, já que suas altas densidades encobrem a luz vinda de quaisquer estrelas recém-formadas. Felizmente, radiação penetra até a mais densa das nebulosas, permitindo que os astrônomos as estudem.

Uma nuvem típica, uma vez instável, pode fazer centenas ou mesmo milhares de estrelas de uma vez. A maior e mais brilhante dessas estrelas vai vomitar toneladas de radiação de alta energia na nebulosa remanescente, fazendo-a brilhar em um vermelho rosado.

Chamadas de “nebulosas de emissão”, porque o seu material é emissor de luz, elas não duram muito tempo. As grandes e brilhantes estrelas que vomitam radiação se tornam supernovas, rasgando os véus já ténues de poeira e gás.

E na morte

Quando as estrelas morrem, elas fazem isso de forma espetacular, desencadeando quase toda a sua energia não utilizada em uma explosão que pode ofuscar galáxias inteiras (embora tal explosão dure apenas alguns dias ou semanas, enquanto galáxias brilham por trilhões de anos).

Essa explosão naturalmente leva um monte de “coisas” para longe da estrela original. Basicamente, toda a estrela é “virada do avesso”. O material ejetado cria ondas de choque em uma fração saudável da velocidade da luz, por isso não demora muito para que uma nebulosa de tamanho decente se forme.

Mesmo supernovas que ocorreram apenas algumas centenas de anos atrás (o que, em termos astronômicos, poderia muito bem ser ontem) se tornam belas exibições artísticas. Um exemplo é a Nebulosa do Caranguejo, que é em si iluminada pela radiação intensa das sobras do núcleo de sua estrela morta.

Estrelas como o nosso sol não vão morrer tão intensamente, mas isso não significa que não criarão suas próprias obras de arte. Perto do fim da vida dessas estrelas, a transição de fusão à base de hidrogênio a fusão à base de hélio nos núcleos leva a complexa interação nos interiores estelares. Isso faz com que as camadas mais exteriores se expandam e, eventualmente, se desprendam.

O resultado são nebulosas planetárias, que, infelizmente, não têm absolutamente nada a ver com planetas. Elas não duram muito tempo. Como suas primas supernovas, são iluminadas pelo núcleo remanescente da estrela, que por sua vez se esgota após alguns milhares de anos, terminando com o show de fogos de artifício.

O ciclo

Então é isso: nebulosas se transformam em estrelas, e estrelas se transformam em nebulosas. É um ciclo que tem persistido por mais de 13 bilhões de anos, começando quando a primeira nebulosa virou uma estrela.

E vai continuar a durar trilhões de anos mais. Eventualmente, porém, as nebulosas vão ganhar: é preciso “embalar” bastante material em um espaço pequeno o suficiente para fazer uma estrela, e uma vez que não se tem mais oportunidade de fazer isso, o universo retornará ao seu estado natural: um monte de gás e poeira flutuando por aí. [Space]

1 comentário

Deixe seu comentário!