As pegadas de “Johnny Walker” e de outros dinossauros na Bolívia

Por , em 16.10.2013

A região de Cal Orko, localizada na Bolívia, abriga uma das maiores (se não a maior) coleções de pegadas de dinossauros do mundo – “um vasto quebra-cabeça óptico que leva tempo para ser decifrado”, nas palavras do repórter Ian Belcher, do The Guardian, que visitou o local há alguns anos.

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“Esses pontos, traços e buracos parecidos com gigantescas pegadas de cavalos não são desenhos aleatórios: são sinais que explicam a vida durante o [período] Cretáceo”. Mais de 5 mil pegadas estão distribuídas ao longo de uma rocha de 1,2 quilômetros de comprimento e 80 metros de altura – e, entre elas, estão as pegadas de um filhote de T-rex apelidado de “Johnny Walker”.

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Lembranças do Cretáceo

Ao longo de décadas de investigações minuciosas, especialistas conseguiram identificar 462 trilhas individuais deixadas por pelo menos oito espécies diferentes. “A era Cretácea, que começou há 145 milhões de anos e terminou com uma extinção em massa 80 milhões de anos depois, viu a América do Sul se desprender da África e se juntar à América do Norte, fomentando migrações de espécies selvagens”, explica Belcher.

Curiosamente, a rocha está posicionada em um ângulo de 70° em relação ao solo. Isso ocorre por conta de uma série de fenômenos climáticos e geológicos ocorridos durante milhões de anos. “As criaturas afundavam seus pés na praia macia quando o clima estava úmido e quente, deixando marcas que se solidificariam mais tarde em períodos de seca. O clima novamente se tornava quente e úmido, selando as pegadas com camadas de lama e sedimentos”.

Esse processo se repetiu sete vezes e, somado aos movimentos de placas tectônicas, deu a Cal Orko seu aspecto único.

Mesmo com toda essa riqueza, contudo, empresas de mineração exploram regiões próximas, lançando poeira e outros resíduos sobre o local. A própria natureza também “atrapalha” a preservação de Cal Orko (chuvas e deslocamentos de terra fazem pegadas desaparecerem), mas em troca revela marcas que antes estavam escondidas. É “a interminável dança da conservação e do progresso industrial”. [The Guardian]

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