As pessoas estão perdendo interesse em programar?

Por , em 7.06.2011

Preocupado com o futuro da indústria de jogos, o empresário Ian Livingstone quer que as crianças aprendam linguagem de computador desde pequenas.

As empresas de jogos inglesas lucram até 5,21 bilhões de reais no mundo todo, mas os videogames estão cada vez mais difíceis de se programar. Os produtores agora se perguntam onde descobrir novos talentos.

“As crianças aprendem, durante do ensino básico até a universidade, a usar o Word, Power Point e Excel. Aprendem a utilizar softwares e aplicativos, mas não sabem como criá-los”, diz Livingstone. “É a diferença entre ler e escrever. Nós as estamos ensinando a ler, mas não a escrever. Estamos criando uma geração de ‘analfabetos digitais’”.

Com toda essa preocupação, Livingstone está fazendo uma campanha para a ciência da computação ser uma matéria no currículo escolar do Reino Unido. Até a Associação para o Entretenimento Interativo do Reino Unido (Ukie, na sigla em inglês) apoia a causa e acha que a falta dessa disciplina nas escolas está causando grande impacto nas indústrias digitais.

“A falta de habilidade é uma ameaça não só para o futuro da indústria de videogames, mas também para todas as indústrias que tem a tecnologia computacional como núcleo”, disse Daniel Wood, da Ukie. “Algumas companhias (no Reino Unido) estão recusando trabalho porque não têm pessoal suficiente com boa formação. E o quadro está piorando”.

Contudo, o que não falta são cursos universitários: 84 instituições oferecem 228 cursos sobre o tema. Mas poucos deles oferecem o que a indústria precisa; muitos cursos deixam por desejar. A preocupação atual é de que as universidades estão mais preocupadas em atrair alunos do que com a qualidade do curso. E se isso ocorre no Reino Unido, imagina em outros países.

Uma solução seria colocar computadores mais simples na sala de aula. Quando os computadores são básicos, as crianças os entendem melhor e começam mais cedo a mexer com eles. “Há uns 20 anos um computador simples que era novidade em sala de aula podia ser levado para a casa, e as crianças criavam o interesse em programar”, disse Livingstone.

A Fundação Raspberry Pi quer trazer isso de volta. Eles estão criando um pequeno aparelho chamado Raspberry Pi que é um computador “espremido” em um pequeno circuito, do tamanho de um disco USB. Ele custa cerca de 39 reais e pode ser espetado na TV com a intenção de fazer um computador barato e simples, para que qualquer um seja capaz de programar.

O cenário que os especialistas pintam não deve ser assim tão desesperador; faltando ou não mão-de-obra nesse mercado, aposto que a ideia dos computadores na escola iria agradar a maioria da molecada.[BBC]

12 comentários

  • Afer Ventus:

    Concordo plenamente com o André e com o José Calasans.

    Mas meu receio é que o ensino de programação nas escolas recaia como é o ensino de qualquer outra disciplina nas escolas: meia boca.

    Daí serão formados pseudo-programadores, baratos e sem capacidade profissional… a qualidade despencaria.

    Por exemplo: programar jogos 2D/3D… muita gente estudaria como utilizar ferramentas (GameMaker e/ou Unity3D por exemplo… existem outras ferramentas) mas sequer se dariam ao trabalho de entrar no mérito de conhecer e desenvolver experimentalmente o algoritmo de Ray Casting, Ray Tracing e Z-Buffer.

    Ou seja, como eu disse antes, aprenderiam a arrastar objetos e classes, aprenderiam a dizer p/ a ferramenta gerar o código automaticamente… enfim, aprenderiam a usar a ferramenta e não a criar jogos (tá bom, criariam jogos mas sem saber programar).

    Se alguém tiver a curiosidade de procurar por “ray casting in qbasic” verá o que eu estou falando… implementar um algoritmo p/ gerar ambiente de jogo em 1a pessoa, como os antigos e clássicos wolfenstein 3d e doom… coisa simples… mas dá pra ver como a matemática da coisa funciona. Isso é programar.

    Arrastar objetos é, simplesmente, arrastar objetos.

    Até.

    A parte, digamos, matemática da coisa eles fugiriam como o ricardão foge do marido traído.

    • André:

      hahaha..verdade e concordo com você também.
      Literalmente, se a educação hoje ta uma “maravilha” imagine entrar com programação nas escolas seguindo o livrinho(Nem da pra chamar isso de livro) do governo…hahahaha


      // Executando o parâmetro do governo
      while(Governo.Fizer==Nada){ContinuamosNaMesmaMerdaDeSempre();}
      // hehe

    • Wanderley Caloni:

      Esse algoritmo é um atestado de incompetência, entregar o controle de sua vida para o programa governo.exe.

  • André:

    O mercado de desenvolvimentos de jogos 2D e/ou 3D no Brasil são poucos, tanto é que não se houve fala de jogos nacionais com ótima qualidade e jogabilidade. São raros, mas existe uma empresa em Florianópolis chamada Hopplon, essa empresa desenvolveu um jogo multiplayer chamado Taikodom, é um jogo de sucesso, gráficos exelecentes e uma ótima jogabilidade.

    O problema é que não há um mercado sólido na área tanto pra jogos como para softwares no Brasil, devido realmente a falta de insentivo e apoio governamental.

    Mas quem procura seguir essa carreira no Brasil como eu, não desista, estude e lute para alcançar o seu objetivo.

  • matheus:

    eu queria aprender a programar, mas não acho nenhum curso bom na minha cidade. 🙁

    • Marcelo Taranto:

      Internet tá aí pra isso. É relativamente fácil conseguir o material necessário. Uma dica: Comece lendo sobre “Lógica de Programação”. Tem milhares de apostilas pra baixar.
      Boa sorte!

  • AferVentus:

    Uma coisa é saber programar. Outra é usar ferramentas pra isso.

    Hoje qualquer um que fica abrindo e fechando janelinhas coloridas em uma IDE se diz programador, ou seja, programar em linguagens que começam com V (de Visual) quer dizer que o “programador” só tem que ficar arrastando e juntando coisas prontas, que não foi ele quem fez, e que ele não faz a mínima ideia de como funcionam.

    Tá certo que nos dias atuais precisamos facilitar a vida e ganhar em produtividade, então usar uma ferramenta para fazer programas é o ideal (o “programador” não precisa saber como o motor da coisa funciona… basta juntar um monte de objetos e classes, gerar um código e pronto).

    Mas isso não é saber programar. Isso não é saber computação.

    Se tirar o mouse do computador de um analista moderno, ele deita no chão em posição fetal e chora igual criança: não sabe usar o teclado.

    É como os técnicos de eletrônica de hoje: são meros trocadores de placa. Não sabem nem verificar o valor de um resistor usando multimetro.

    É como os técnicos de manutenção de computadores: só sabem formatar… é mais fácil formatar e reinstalar do que consertar um erro de software.

    Alguém aí disse que é das antigas e que gosta do VFP… isso é bom. Mas o V é de Visual e, se for só isso, então não é tão das antigas assim.

    No meu caso, comecei com os saudosos CP200, TK85, TK90, CP500, MSX, Atari (o computador)… programando em BASIC e Assembly p/ Z-80 (alguém ainda sabe o que é o Z-80?), Motorola 6800, MOS 6502…

    Depois vieram os PCs Intel (época boa em que não havia ambiente gráfico, somente jogos eram gráficos). Programação em BASIC, Assembly, Clipper, FoxPro (não visual)… até mesmo DBase (tenho tudo isso ainda no meu DOSBox). Linha de comandos…

    Você tinha que fazer tudo do zero. Nada de bibliotecas prontas… encapsulamento… você tinha o controle e o conhecimento sobre tudo.

    As mensagens de erro eram claras e objetivas: erro tal na linha tal… hoje (principalmente em Java) o erro é mais ou menos: “Objeto esperado”… daí vem 2.735 linhas informando quem chamou quem que chamou quem que chamou quem… e nada de dizer onde ou porque o erro ocorreu.

    Os programas eram rápidos pois faziam o que tinham de fazer e só. Hoje, quando roda um programa, é tanta bobagem que tem que carregar junto, que um controle de estoque feito em Clipper carrega mais rápido que um equivalente feito em linguagem visual… é tanta coisa que não serve pra nada (a não ser pra deixar a tela e relatórios mais bonitinhos) que faz qualquer quad core parecer um XT perto de um Pentium 100.

    Me lembro que uma vez fiz um programa p/ uma rede de supermercados… o Delphi tava entrando no mercado. Quando mostrei as opções para o dono do supermercado (Clipper, COBOL, Visual Basic e Delphi) ele foi categórico:

    “preciso de um programa que me informe se estou ganhando ou perdendo dinheiro. Não quero tela colorida, frescura de mouse e frescuras de relatórios com vários tipos de letras e cores. O que me importa são os dados. Você tem esses computadores e essas impressoras matriciais. Pode fazer um programa assim?”

    Fiz. Em COBOL… linguagem específica e dedicada a este tipo de negócio.

    Tá certo também que a interface tem grande peso em um programa. Mas hoje, tem-se até “profissionais” dedicados a especificar interface para melhor adequação dos olhinhos dodoizinhos dos usuários.

    Interface amigável (nas antigas) era ser fácil e intuitiva para o usuário: ele saber o que estava vendo e saber o que entrar como dados, onde entrar, de forma organizada e só.

    Hoje, interface amigável e ter ícones temáticos, com carinhas e desenhinhos meigos, que enchem a vida do usuário de alegria no início do trabalho… só consomem processamento! A parte que interessa não é eficiente: computar dados e transformá-los em informação.

    Os programas visuais exigem determinada máquina, determinado sistema operacional, determinada versão de determinada biblioteca…

    Os programas antigos rodavam tanto em XT quanto em Pentium e podem rodar até nas máquinas atuais. Se, antigamente, você dissesse ao usuário que ele tinha que comprar uma máquina x, com o sistema operacional y, porque seu programa exige isso, ele te mandava lamber sabão e pedia outro programador de verdade fazer o programa.

    Saber programar e saber computação é primeiramente utilizar uma linguagem que permita que você tenha controle total sobre a máquina e pra isso você tem que saber tudo sobre a máquina: arquitetura (do processador, das vias de comunicação, protocolos de comunicação, etc.etc.etc.)

    Consequentemente tem que saber eletrônica, eletrônica digital, álgebra booleana, etc.etc.etc…

    Também, lógica de programação…

    Assembly (você faz qualquer, eu disse qualquer, coisa: você tem acesso total ao hardware)

    Se você programa em assembly, você programa em qualquer coisa.

    C/C++
    Se você programa em C, você programa em qualquer coisa, mas não necessariamente em Assembly.

    Se você programa em qualquer coisa que não seja C e Assembly, então você ainda não descobriu o que um computador pode fazer, pois as outras linguagens “cortam as asas” (limitam) o que pode ser acessado no hardware.

    Se você nem conhece direito a estrutura de arquivos em um sistema operacional (e chama diretório de pasta e nem sabe como é a estrutura de uma tabela de alocação de arquivos, seja FAT, NTFS, etc.etc.etc.) então você deve programar (se programar) somente em ambiente visual, com ferramentas que geram tudo.

    E assim caminha a humanidade… mas até quando existirão os caras que fazer as IDEs para os “programadores” poderem usar?

    Trabalho atualmente com mainframes IBM, programando em Assembly (ganhando beeeemmm mais que muito programador Java).

  • Rodrigo Paim:

    Deu para perceber isso na E3. Idéias muito boas, porém poucos resultados realmente bons.

  • Ze da Feira:

    Adoro programar , programo até de graça só pelo prazer de criar , enquanto houver curiosidade neste mundo os programadores sempre existirão. Gosto muintio do VFP. Sou das antigas, faço até chover com ele haaamm.

    • Visitante:

      Então você é um garoto de programa?

    • Ze da Feira:

      Faço qualquer coisa , menos beijar na boca.

  • José Calasans:

    Pois é,eu me lembro que meu primeiro computador foi um TK2000 e era emocionante,depois veiram os MSX e etc…,existia revistas que ensinavam liguagem de programação como basic,assembler e outras,era emocionante e havia um grande estímulo para o aprendizado da linguagem de progamação,já tá passando da hora para que os governos:federal,estaduais,municipas,politícos e a sociedade de modo geral, enfim,todos que querem o melhor para o país e sua populção,tomarem medidas concretas para adotarem a linguagem de programção no currículum escolar e facilitar seu conhecimento pera a populção em geral.

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