Ator americano desafia cientistas a se comunicarem melhor

Por , em 6.03.2012

Em 1947, o ator americano Alan Alda era um garoto de 11 anos de idade. Certo dia, ele perguntou a um professor o que exatamente era o fogo, uma chama. A resposta – “é oxidação” – não o satisfez. Hoje, ele é o fundador de um Centro Universitário para Ciências da Comunicação, mas garante que a ciência continua com o mesmo problema que ele verificou tanto tempo atrás: não sabe comunicar claramente suas ideias.

Alda afirma que esta imprecisão sobre o que é o fogo é apenas um exemplo. Ele afirma já ter lido muito sobre teoria da evolução ou sobre o fato dos experimentos no LHC (acelerador de partículas que tenta recriar o Big Bang) poderem originar um buraco negro, mas não entendeu direito: ele defende que nenhuma publicação consegue exprimir de maneira simples como as coisas funcionam.

Por essa razão, Alan Alda resolveu lançar um desafio aos cientistas do mundo, para que respondam sua velha questão: “O que é uma chama”? No último dia 2, ele criou o site “The Flame Challenge” (o desafio da chama), em que qualquer um pode dar sua explicação, com palavras, imagens ou gráficos, que satisfaça a velha dúvida do ator.

Um detalhe: as explicações não serão avaliadas por especialistas em física ou química, e sim por meninos de 11 anos de idade, como era Alda na primeira vez em que esta dúvida surgiu. Qualquer pessoa pode participar.

A explicação mais inteligível (ou seja, a mais fácil de entender) dará ao vencedor dois prêmios: ingresso VIP para o badalado Festival Mundial de Ciências, que acontece em junho na cidade de Nova Iorque (EUA), e uma camiseta. Além, é claro, da gratidão de milhões de garotos de 11 anos que finalmente vão entender o que é uma chama. [LiveScience]

35 comentários

  • José:

    Pessoal, leigo que sou, permita-me ousar entrar nessa conversa. Por acaso, fogo não seria provocado por faísca causando explosão da matéria que constitui alguns gases ao misturar com oxigênio, assim como ocorre na dinâmica dos motores? Essa explicação se correta, me satisfaz.

    • hcs:

      Alta temperatura concentrada o suficiente para ter átomos de um formato pontiagudo, de modo à ferir outras matérias, ser um gás leve que flutua levemente acima da matéria consumida e sua alta temperatura é mantida por oxigênio consumido.

  • waldete pereira da silva:

    oxidação e combustão são as palavras científicas… para mim é… é uma explosão com labaredas do fogo chamadas de faíscas grandes visiveis aos nossos olhos, muito quente que derrete qualquer coisa… exterminando com tudo,,, isso para uma explicação para criança de 11 anos, alem de causar a morte ou lesões graves em nosso corpo se não tivermos cuidado.
    o resto os cientistas estudam pra nós pra nos ensinar .

  • Garrete Reis:

    Bem, tentando responder a pergunta, como leigo, fogo não é gás em alta temperatura??

    • Andy:

      Acho que ai seria plasma, não fogo

    • Garrete Reis:

      Plasma eh gas em altíssima temperatura, tão alta que muda de estado.

    • Andy:

      exato… foi o que eu disse

  • Nika Pinika:

    Explicar o fogo para crianças de 11 anos?
    Hum… ganha quem explicar que é um dos elementos que compõe o Capitão Planeta ou que o fogo é o final do rabinho do charmander? rsrs

    Sobre a dificuldade da ciência ser mais clara: acho que isso vem de tantos fatores que não é possível dizer que é a ciência que não consegue explicar fatos de maneira mais clara.

    Penso nos seguintes problemas:
    1 – Incapacidade/impossibilidade de muitos em interpretar textos: Acho que essa é a base.
    Por mais claro que um texto possa estar, se o ensino da língua foi falho, não é possível tirar muito dali;

    2 – Vocabulário restrito: quanto mais pobre, mas difícil é para entender alguma coisa, pois ficamos muito restritos a nossa linguagem habitual, não conseguindo acompanhar o desenvolvimento de ideias em uma linguagem diferente da nossa. Isso pode vir da falta de leitura;

    3 – Pouco conhecimento da área do qual o tema trata: digo isso pois, se um indivíduo possui um bom vocabulário e boa capacidade em interpretar textos e ainda sim não entende um texto científico, talvez ele precise é compreender um pouco mais o tema antes de ler sobre ele (estranho, né?). Mas é como querer fazer exercícios de integração sem entender as operações fundamentais da matemática antes. Tudo é matemática, mas não dá pra compreender começando por integração. Então, algum fundamento anterior, DEPENDENDENDO DO GRAU DE COMPLEXIDADE DA LEITURA, é necessário. No caso do texto, o ator recebeu de resposta que o fogo é oxidação. Mas ele sabe o que é oxidação?

    4 – Fazer o questionamento certo: eu realmente acredito que não é possível entender a resposta se não se consegue, ao menos, formular a pergunta;

    5 – Fazer todas as perguntas necessárias: nem tudo se esclarece com apenas uma pergunta e uma resposta;

    6 – Buscar a resposta/informação em fontes diferentes: dois professores podem falar do mesmo tema com abordagens diferentes. Dois livros também. Isso pode determinar o grau de compreensão do receptor da informação;

    Já para a ciência, é estar sempre atento ao seu público alvo, mas sem esquecer que qualquer um pode querer integrá-lo se sentir-se seduzido pelo assunto.

    • Bovidino:

      Cara,
      Todos os ítens relacionados, não podem ser atribuídos à crianças de 11 anos. A idéia é tentar explicar de forma simples e clara para crianças de 11 anos.

    • Nika Pinika:

      Hum… acho que não fui clara o suficiente.
      Pelo que entendi da notícia, a ideia é que a ciência deve ser clara e ponto. Isso não tem relação com a idade, mas com a clareza do discurso.
      A partir do meu entendimento, comentei que há tantos fatores envolvidos na compreensão de alguma coisa que, simplesmente, dizer que a ciência não é clara e tentar “facilitar” a compreensão dela não é suficiente. Tem mais caroço nesse angu, rs.

      Abraços!

  • Bovidino:

    Jonatas,
    -‘Eu entendo melhor do que sei explicar’- Veja que explicar é muito mais difícil. E essa dificuldade não é exclusivamente sua, mas é generalizada mesmo. A didática do ensino é uma arte quase perdida e esquecida. Muitos professores estão inclusive ensinando o que eles próprios não entendem. Todo o ensino passou a priorizar o teórico em detrimento da prática.
    Explicar o que é a ‘chama’ de forma simples e compreensivel para a maioria é uma tarefa dificílima.

    • Jonatas:

      Acho que explicar algo é parecido com traduzir, e para traduzir você precisa dominar os dois idiomas, no caso da explicação tem dominar o assunto científico e a forma simples do entendimento. Eu por exemplo saberia explicar os anéis de Saturno melhor do que uma chama, porque entendo melhor de planetologia do que de fenômenos de oxidação. Mas o entendimento da minha explicação depende diretamente do nível de conhecimento que eu tenho sobre a forma de entender da pessoa para quem explico.

    • Marcos Pedroso:

      Fogo é o inverso da fotossíntese
      Fotossíntese transforma energia, minerais, água e gás carbônico em matéria.
      Fogo transforma matéria em energia e libera o gás carbônico.
      A chama é a energia liberada.

  • aguiarubra:

    A divulgação científica é uma arte. Saber transmitir ao público ideias claras, que demonstrem o poder de síntese do cientista, sem sacrificar a precisão da informação, não é prá qualquer um.

    É uma qualidade de gênio em comunicação. Admiro exemplos como Carl Sagan, Stephen Hawking e Marcelo Gleiser. Mesmo Einstein foi um cientista que soube se dirigir ao público mundial, escrevendo sobre como ele via o mundo!

    Mas os cientistas poderiam caprichar mais ainda nessa capacidade.

    Richard Dawkins (um cientista que, para mim, mistura “alhos científicos” com “bugalhos arreligiosos” em seus livros – alguns estúpidos como “Deus, um delírio”) foi capaz de causar “sensacionalismo” entre o público leigo! Considero-o um bom comunicador de “memes”…rsrsrsrs…

    Infelizmente, muitos outros cientístas não sabem e nem querem ser didáticos em suas descrições do que estão fazendo. Normalmente (?), desprezam profundamente o “resto” da sociedade, constituida de indivíduos “burros demais” para merecer-lhes a atenção. É lamentável tal atitude.

    Há mais Isaacs Newtons intratáveis entre eles e bem poucos Leibnitzes, extrovertidos e afáveis para contrabalançá-los.

    Isso deveria acabar. E vai acabar no dia em que um cientista se sentir “humano”…

    • Garrete Reis:

      Muito bem falado!!

  • Lokman:

    O fogo é uma transformação do ar.

  • Garrete Reis:

    Concordo, com apenas uma ressalva: Tlvz o problema não seja da ciência, mas do professor! Até hj fico indignado com explicações simplistas, que deixam mais dúvidas do que certezas, ou explicações complexas que honestamente não me dizem nada!
    Sempre gostei de ciências, várias, e cheguei a cursar Geologia. Já tive problemas semelhantes ao do ator, e acabei criando o hábito de fuçar livros.
    Certa vez, no segundo grau, não conseguia entender números quânticos. O professor entendia perfeitamente, mas eu não. Fiquei muito decepcionado comigo, afinal era eu quem não entendia… Peguei um livro e fiquei abismado o quão simples era o assunto!

    • Jonatas:

      Não existe pro.ble.ma de ensino e nem de aprendizado, o que existe é metodologia aplicada e percepção pessoal. Cada professor terá um jeito de ensinar, mas cada aluno tem um jeito de aprender. Os auditivos aprendem melhor o que ouvem, o visuais aprendem melhor o que vêem e os sinestésicos melhor o que sentem, as pessoas são assim, variadas, não da pra uniformizar uma metodologia de ensino justamente porque o jeito de aprender varia, essa é a grande chave da educação, e as escolas acabam precisando ir muito além do mundo da sala de aula, da escrita e da fala para serem realmente bem sucedidas no aprendizado.

    • Garrete Reis:

      Vc tem razão, é algo bem subjetivo! Mas existem explicações boas (completas e claras) e ruins. Uma explicação boa pode não ser compreendida por alguns, mas uma má não será por muitos!

    • Andy:

      Recentemente eu vi pesquisas que derrubam essa idéia de que existem os auditivos, os sinestésicos, os visuais… não me recordo onde eu vi, mas me lembro que foi taxado na mesma categoria de pseudo-ciência dos que acreditam que só usamos 8% do nosso cérebro.

  • Netnature:

    Concordo, na maioria das vezes os cientistas não tem muita clareza em explicar os resultados, os fenômenos e muitas vezes explicar como a ciência trabalha, sua estrutura de funcionamento. isso ocorre principalmente no Brasil quando vemos cientistas aparecendo na TV falando sobre um determinado obtido em um experimento. Aquilo soa como uma verdade absoluta quando na verdade a estrutura de funcionamento da ciência é mais complicada do que simplesmente aprender algo como se fosse um fato. Além disso não ha muita clareza por parte da maioria dos cientistas.

    • Garrete Reis:

      Eh sim! E vejo muito isso qnd falam na teoria da evolução! Eles sempre explicam mal(u) explicado!!

  • Jonatas:

    Nada a ver. Sempre achei ciências e matemática muito mais fácil de entender do que língua portuguesa e literatura.

    • Addler:

      Eu concordo! Vai ver esse ator nem estudou exatas, e por isso ta ai fazendo comunicação…

    • Claudio Tavares:

      Nesse caso, respondam: o que é uma chama?

    • Walrus:

      Mas, o que é uma chama?

    • Jonatas:

      É oxidação.

    • Fernanda:

      Oxidação? é muito vago dizer só isso, entendo a dúvida do cara.

    • Jonatas:

      Eu tava brincando, Fernanda, repetindo a resposta que a reportagem abordou. Eu entendo melhor do que sei explicar, por isso se quiser entender o processo da uma olhada num livro ou na web mesmo tem bastante conteúdo bem mais fácil de entender do que eu tentar explicar aqui. 🙂

    • Elias:

      Com certeza a melhor resposta.
      Alguém aí não sabe o que é oxidação? Então o problema não foi a explicação do professor…

    • Bovidino:

      Me parece que a resposta mais adequada seria ‘combustão’ e não ‘oxidação’. Oxidação é o processo químico, mas o que forma a chama é a combustão. Só que mesmo combustão é uma resposta vaga.

    • Andy:

      Bem, a combustão também é um processo químico.

      Na verdade a combustão é um tipo específico de oxidação.

    • Bovidino:

      Tudo bem, mas oxidação ou combustão não resolvem o problema da explicação da chama.

    • Emerson Brito:

      Da mesma forma que você explica que há pessoas com capacidade de captar melhor o ensinamento de uma maneira pessoal, sejam auditivos, visuais ou sinestésicos, há as pessoas que captam melhor uma matéria que a outra.

      Não é porque VOCÊ “sempre achou ciências e matemática muito mais fácil de entender”, que todos os alunos irão ter o mesmo aprendizado.

      MUITOS acham muito mais fácil de entender a língua portuguesa e literatura…

    • Jonatas:

      Tudo bem, só me citei como exemplo de pessoa para quem a ciência soa menos estranha que disciplinas consideradas mais fáceis para a maioria.

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