Aulas de natação não aumentam chances de afogamento em crianças

Por , em 14.03.2009

“O mar gosta de pegar quem sabe nadar”. Parece que este dizer atemorizador das vovós está errado, pois colocar crianças pequenas em aulas de natação aparenta ter um efeito protetor contra afogamentos, e não aumenta sua chance, segundo pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.

Os pesquisadores afirmam que o estudo deve reduzir as preocupações entre profissionais da saúde sobre aulas de natação para crianças entre 1 e 4 anos – as quais poderiam indiretamente aumentar as chances de afogamento, pelo fato dos pais e responsáveis ficarem menos atentos quando as crianças estão perto d’água.

“Aulas de natação são apropriadas, como parte de uma estratégia para prevenção de afogamentos”, disse Duane Alexander, diretor do Instituto Nacional da Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (NICHD). “Pelo fato de mesmo os melhores nadadores poderem se afogar, aulas de natação são apenas parte de uma estratégia para prevenção de afogamentos, que incluem supervisão adulta, treinamento em reanimação cardiopulmonar”.

Para conduzir o estudo, os pesquisadores analisaram históricos médicos e entrevistaram famílias de crianças que se afogaram. A idade das crianças variou entre 1 e 19 anos. Os pesquisadores compararam características de cada criança que se afogou com outra criança da mesma idade e sexo que não se afogou, e que viveu na mesma área geográfica. A análise do estudo foi restrita a locais com índices relativamente altos de mortes por afogamento e onde investigações sobre o assunto são rotineiramente conduzidas.

Das 61 crianças entre 1 e 4 anos que se afogaram, 2 (3%) tiveram aulas de natação. Em contraste, 35 das 134 crianças que não se afogaram (34%) tiveram aulas. A Drª. Ruth Brenner, uma das autoras do estudo, disse que os métodos estatísticos utilizados para interpretar os dados sugerem que aulas de natação oferecem alguma proteção contra afogamento. Não foi possível calcular a extensão deste efeito protetor.

No grupo entre 5 e 19 anos, 27 crianças e jovens se afogaram, dos quais 7 tiveram aulas de natação (27%). Entre os 79 que não se afogaram nessa mesma faixa de idade, 42 tiveram aulas (53%). Os números mostram que aulas de natação ajudaram na proteção, mas as diferenças entre os grupos não foi tão significativa.

Ruth Brenner percebeu que aulas de natação sozinhas não são suficientes para proteger uma criança de se afogar. “No estudo, muitas das crianças que se afogaram, especialmente no grupo mais velho, eram nadadores relativamente hábeis”, conforme escrito no artigo.

Os autores concluíram que seus números indicam que aulas de natação poderiam ser inseridas em um programa completo de prevenção contra afogamento, junto com outras medidas para as crianças, pais e responsáveis. [Science Daily]

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