Campo magnético da Terra pode se inverter em 100 anos

Por , em 20.10.2014

Calma, não é tão bizarro quanto parece. O campo magnético da Terra está em constante mudança e aproximadamente a cada 200 a 300 mil anos, o norte e o sul se invertem completamente. No momento, estamos atrasados ​​para esse troca-troca e cientistas dizem agora que isso poderia acontecer em um período de tempo tão curto quanto 100 anos, potencialmente alterando a vida de maneiras inesperadas.

Por muito tempo, acreditou-se que essas reversões levavam até 7 mil anos para se completarem, de acordo com um estudo de 2004 financiado pela National Science Foundation. Porém, ao longo dos últimos anos, outros cientistas sugeriram que as mudanças ocorreram em velocidades nunca antes imaginadas.

Um estudo novíssimo, publicado no “Geophysical Journal Internacional” e realizado por uma equipe de cientistas da Europa e dos EUA, chama ainda mais atenção para essas mudanças, sugerindo que a última virada de 180 graus, que teria acontecido 786 mil anos atrás, levou apenas cerca de 100 anos.

Mas como eles conseguem estudar mudanças no campo magnético que remontam a centenas de milhares de anos? Testando camadas de cinzas depositadas por erupções vulcânicas de 10 mil anos, encontradas em um leito de um lago, perto de Roma. Segundo um comunicado da Universidade de Berkeley, na Califórnia, as direções do campo magnético estão “congeladas” nessas camadas de cinza, que poderiam ser datadas de forma confiável para saber quando as reversões ocorreram e quanto tempo elas levaram para ser concluídas. “Nós não sabemos se a próxima inversão vai ocorrer de repente, como esta, mas também não sabemos se não vai [acontecer de repente]”, diz Paul Renne, um dos autores do estudo e professor da instituição.

“É incrível a rapidez com que essa reversão aconteceu”, afirma a estudante Courtney Sprain. “Os dados paleomagnéticos são muito bem feitos. Este é um dos melhores registros que temos até agora do que acontece durante uma reversão e quão rapidamente essas inversões podem acontecer”.

Sabemos há muito tempo que o campo magnético da Terra está mudando. Sabemos, por exemplo, que o Polo Norte se moveu 965 quilômetros nos últimos 200 anos, aproximadamente. Sabemos também que, como observado recentemente por três satélites da Agência Espacial Europeia, o campo magnético da Terra está enfraquecendo em algumas áreas e se fortalecendo em outras. Sabemos, ainda, que as correntes de mudanças já estão gerando alterações em nosso mundo humano: aeroportos que nomeiam suas pistas baseados em direções da bússola recentemente foram obrigados a mudar o nome e repintá-las devido ao fenômeno.

Então, não é nenhuma surpresa que a virada possa ser iminente – e, sim, que uma verdadeira inversão completa possa acontecer tão rapidamente. E, como sugere o estudo, ela poderia realmente mudar a forma como vivemos na Terra. Por exemplo, um campo enfraquecido significa menos proteção para os seres humanos contra os raios nocivos que causam câncer, o que significa que a taxa de câncer provavelmente iria aumentar. Além disso, o impacto infraestrutural de um campo invertido também poderia ser enorme, causando problemas com a rede elétrica e outros sistemas sensíveis.

Para nós, seres humanos de vida breve, essas mudanças geológicas normalmente têm escalas inimagináveis – algo naquela escala de “trocentos milhões de anos”. É fascinante saber que embora nós provavelmente não testemunhemos uma mudança dessa magnitude, é possível que algum outro homo sapiens o faça. [Gizmodo, ESA, UC Berkeley]

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