Escritor: “Temos que estar preparados para matar aliens”

Por , em 2.08.2019

Se um dia encontrarmos aliens, podemos ter que matá-los – e não para combatê-los, mas sim para estudá-los.

É isso que argumenta o escritor de ciência Guy P. Harrison, em um artigo de opinião publicado no Psychology Today.

Harrison tem um argumento interessante: aqui na Terra, já matamos muitas espécies diferentes em estudos-chave para obter informações que seriam impossíveis sem uma dissecação, por exemplo.

Às vezes, houve um bem maior por trás da iniciativa: indivíduos mortos já serviram para salvar toda a sua espécie, por exemplo. Às vezes, no entanto, o fim de uma vida foi mais uma consequência de algum experimento dando errado do que uma causa nobre.

Limite moral: até onde devemos ir?

É claro que existe controvérsia sobre o ato de matar animais, mesmo para estudos científicos com fins nobres.

Saberíamos muito menos sobre o mundo e os organismos hoje se não tivemos olhado alguns espécimes por dentro, mas existem limites.

Por exemplo, cientistas não matam espécies em perigo de extinção. Também não costumam matar chipanzés e golfinhos – animais cognitivamente avançados em comparação com vermes, bactérias e outros modelos comumente utilizados em pesquisas.

De qualquer forma, a morte faz parte do estudo científico, o que levanta a questão moral: se encontrarmos vida alienígena em Marte ou qualquer outro lugar, o que devemos fazer? Apenas observá-la, tirar fotos talvez, ou coletar “espécimes” para estudá-los em maior profundidade?

Nas palavras de Harrison: o Primeiro Contato se tornará o Primeiro Assassinato?

Avaliando condições

A resposta certamente vai variar de acordo com a ética e moral de cada pessoa, mas o argumento de Harrison é de que devemos estar preparados para fazer decisões personalizadas, caso a caso.

Por exemplo, a vida alienígena parece abundante ou rara? Demonstra sinais óbvios de inteligência? Se estes são critérios utilizados na Terra, devem ser aplicados à exploração espacial também.

Mas existe ainda o desafio de que não temos certeza de como esta vida alien se parecerá. Talvez seja algo além de nossa experiência ou imaginação. Pode parecer simples, mas não ser.

E, ainda que decidamos que toda a vida deve ser preservada, incluindo a alienígena, esse feito pode não ser fácil de se alcançar. Somente pisar em um ambiente extraterreste pode destruir algo vivo que o habita, sem intenções. A simples presença humana ou robótica em um local pode ser desastrosa para seu ecossistema. E por aí vai.

Primeiros assassinados

Temos muito o que pensar e debater sobre possíveis encontros com a vida alienígena, mas tudo que foi dito aqui baseia-se em uma pressuposição que pode não se revelar verdadeira: os aliens serem menos avançados do que nós.

Se nos depararmos com uma espécie mais inteligente ou superior aos Homo sapiens, talvez ela é que esteja se debatendo se deve ou não nos matar para nos estudar. [PsychologyToday]

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