Células-tronco restauram a visão de pessoas em teste preliminar

Por , em 20.10.2014
Isabella Beukes era legalmente cega há mais de 40 anos. O tratamento experimental derivado de células-tronco embrionárias parece ter possibilitado que ela veja cores e algumas formas

Isabella Beukes é legalmente cega há mais de 40 anos. O tratamento experimental derivado de células-tronco embrionárias possibilitou que ela começasse a ver cores e algumas formas

Cientistas conseguiram a primeira forte evidência de que as células-tronco embrionárias humanas podem, de fato, ajudar pacientes. As células parecem ter melhorado a visão em mais da metade de 18 pacientes que haviam se tornado legalmente cegos por causa de duas doenças oculares, atualmente incuráveis e ​​progressivas.

Os pesquisadores enfatizam que os resultados são preliminares, porque o número de pacientes tratados foi relativamente pequeno e eles só foram acompanhados por uma média de menos de dois anos. Mas os resultados são bastante promissores.

“Eu estou surpreso que isso está funcionando da maneira que está – ou que parece estar funcionando”, diz Steven Schwartz, especialista ocular da Universidade da Califórnia, nos EUA, que conduziu o estudo.

Outros pesquisadores concordaram que o trabalho é preliminar, mas também altamente promissor. “Isso permite que você diga, ‘OK, agora que essas células têm sido usadas em pacientes que têm cegueira, talvez possamos também usar essas células para muitas outras condições, bem como doenças cardíacas, doenças pulmonares e outras condições médicas'”, se anima o Dr. Anthony Atala, cirurgião e diretor do Instituto Wake Forest de Medicina Regenerativa da Universidade Wake Forest, também nos EUA.

Células estaminais embrionárias humanas têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo. Os cientistas têm especulado que elas poderiam ser usadas para o tratamento de muitas doenças, incluindo diabetes e Alzheimer. Mas este estudo é o primeiro teste com células-tronco embrionárias humanas aprovado pela Food and Drug Administration (órgão estadunidense que controla, entre outras coisas, tratamentos médicos) que produziu algum resultado.

Os pacientes do estudo sofriam de degeneração macular relacionada à idade e distrofia macular de Stargardt, as duas principais causas de cegueira juvenil e adulta no mundo desenvolvido, diz Schwartz. As doenças destroem a visão central da pessoa.

Schwartz e seus colegas pegaram células-tronco embrionárias humanas e as transformaram no tipo de células que são mortas por estas doenças – células epiteliais pigmentares da retina. Em seguida, infundiram entre 50.000 e 150.000 células nas retinas dos pacientes.

Alguns pacientes experimentaram efeitos colaterais a partir do próprio processo e dos medicamentos tomados para suprimir o sistema imunológico, mas nenhum deles foi considerado grave. As próprias células não produziram problemas de segurança até agora.

Surpreendentemente, muitos dos pacientes começaram a ver melhor, de acordo com o relatório – o objetivo inicial do teste era verificar se este tipo de procedimento era seguro, e não necessariamente melhorar a visão. Dez dos 18 pacientes começaram a ver significativamente melhor. Uma piorou, mas os outros sete ou ficaram melhores ou não perderam mais visão.

Schwartz alerta que o estudo ainda está em uma fase bastante inicial, e só deve levar a resultados concretos em alguns anos. Ele tem continuado o tratamento de mais pacientes usando doses maiores de células, além de tentar o tratamento em pacientes que não perderam tanto a visão, para ver se o procedimento funciona ainda melhor. Ele também expandiu seu estudo para Boston, Miami, Filadélfia e Londres.

“São pacientes que não enxergavam bem por 30 anos e, de repente, passaram a ver melhor. É incrível”, exalta o pesquisador. [NPR]

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