Mente espiritual: Esse é seu cérebro durante uma experiência religiosa

Por , em 4.12.2016

Uma experiência religiosa ou espiritual ativa os circuitos de recompensa do cérebro da mesma forma que experiências relacionadas ao amor, o sexo, as apostas, as drogas e a música. A descoberta é de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Utah, nos EUA. “Estamos apenas começando a entender como o cérebro participa de experiências que os fiéis interpretam como espirituais, divinas ou transcendentes”, diz o autor sênior e neuroradiologista Jeff Anderson. “Nos últimos anos, as tecnologias de imagem cerebral amadureceram de maneiras que nos permitem abordar questões que existem há milênios”.

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Especificamente, os pesquisadores se propuseram a determinar quais redes cerebrais estão envolvidas na representação de sentimentos espirituais em um grupo, os devotos Mórmons, criando um ambiente que desencadeou nos participantes algo que eles chamam “sentir o Espírito”. Identificar esse sentimento de paz e proximidade com Deus em si mesmo e nos outros é uma parte criticamente importante da vida dos Mórmons – eles tomam decisões baseadas nesses sentimentos, os tratam como confirmação de princípios doutrinários, e os enxergam como um meio primário de comunicação com o divino.

Durante os exames de ressonância magnética, 19 jovens adultos membros da igreja – incluindo sete do sexo feminino e 12 do sexo masculino – realizaram quatro tarefas em resposta ao conteúdo destinado a evocar sentimentos espirituais. O exame de uma hora incluiu seis minutos de descanso, seis minutos de controle audiovisual (um vídeo detalhando as estatísticas de adesão de sua igreja), oito minutos de citações de Mórmon e líderes religiosos mundiais, oito minutos de leitura de passagens familiares do Livro de Mórmon, 12 minutos de estímulos audiovisuais (vídeo produzido pela igreja de cenas familiares e bíblicas, e outros conteúdos religiosamente evocativos), e mais oito minutos de citações.

Durante a parte inicial das citações do exame, os participantes – cada um ex-missionário em tempo integral – viram uma série de citações, cada uma seguida pela pergunta “Você está sentindo o espírito?”. Os participantes responderam com respostas que vão desde “não sentir” até “sentir de forma muito forte”.

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Os pesquisadores coletaram avaliações detalhadas dos sentimentos dos participantes, que, quase universalmente, relataram experimentar os tipos de sentimentos típicos de um culto intenso. Eles descreveram sentimentos de paz e sensações físicas de calor. Muitos estavam em lágrimas até o final do exame. Em um experimento, os participantes pressionaram um botão quando sentiram um pico de sentimento espiritual enquanto observavam estímulos produzidos pela igreja.

Resposta Física

“Quando nossos participantes do estudo foram instruídos a pensar sobre um salvador, sobre estar com suas famílias para a eternidade, sobre suas recompensas celestiais, seus cérebros e corpos responderam fisicamente”, diz o autor principal Michael Ferguson, que realizou o estudo como estudante de pós-graduação em bioengenharia na Universidade de Utah.

Com base nos exames, os pesquisadores descobriram que poderosos sentimentos espirituais foram reprodutivamente associados à ativação no núcleo accumbens, uma região crítica no processamento de recompensas do cérebro. A atividade de pico ocorreu cerca de 1 a 3 segundos antes de os participantes pressionarem o botão e foram replicadas em cada uma das quatro tarefas. Como os participantes estavam experimentando sentimentos de pico, seus corações batiam mais rápido e sua respiração ficava mais profunda.

Além dos circuitos de recompensa do cérebro, os pesquisadores descobriram que sentimentos espirituais estavam associados com o córtex pré-frontal mediano, que é uma região cerebral complexa, ativada por tarefas envolvendo avaliação, julgamento e raciocínio moral. Os sentimentos espirituais também ativaram regiões cerebrais associadas à atenção focalizada.

Apego a líderes e ideais religiosos

“A experiência religiosa é talvez a parte mais influente de como as pessoas tomam decisões que afetam a todos nós, para o bem e para o mal. Entender o que acontece no cérebro para contribuir com essas decisões é realmente importante”, diz Anderson. Ainda não sabemos se os fiéis de outras religiões responderiam da mesma maneira. Outras pesquisas sugerem que o cérebro responde de forma bastante diferente às práticas meditativas e contemplativas características de algumas religiões orientais, mas até agora pouco se sabe sobre a neurociência das práticas espirituais ocidentais.

Religião atrofia o cérebro?

“A associação de feedback positivo, música e recompensas sociais com crenças religiosas ou doutrinas pode fazer com que essas doutrinas tornem-se intrinsecamente gratificantes”, afirma Anderson. “Esses mesmos mecanismos podem ajudar a explicar o apego aos líderes e ideais religiosos. Pode ser que uma mulher luterana em Minnesota (EUA) e um seguidor do ISIS na Síria possam experimentar os mesmos sentimentos nas mesmas regiões do cérebro por sistemas de crenças completamente diferentes, com diferentes conseqüências sociais”, compara.

O estudo é a primeira iniciativa do Projeto Cérebro Religioso, lançado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Utah em 2014, que visa compreender como o cérebro opera em pessoas com profundas crenças religiosas e espirituais. [Science Daily, Engadget]

3 comentários

  • Márcio Costa Rodrigues:

    Meu sonho era ser cientista. Sempre fui ridicularizado pelos q tem poder. Trazem o que é bom do exterior e te ridicularizam. Democracia onde

  • Daniel Merencio:

    quincidencias e o numero,quincidencias sao as melodias onde podes estar,em todo lugar podes estar,hora bem como cobr ou bem como cordeiro,

  • Antonio Guerra:

    Pesquisa interessante

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