Ceticismo científico ou não?

Por , em 3.03.2013

Dando prosseguimento ao nosso tema da semana passada, quando tratamos do espírito crítico e o espírito da crítica, vamos abordar um dos pontos medulares da demarcação entre ciência e não ciência que é o ceticismo científico cujo motor principal é o pensamento crítico.

O termo ceticismo derivado do termo grego sképtomai, que significa “olhar à distância”, “examinar”, “observar” fundamentou-se na premissa da própria impossibilidade humana de obter certeza absoluta a respeito da verdade, daí o fato de não se aceitar explicações sobre a realidade que não possam ser comprovadas experimentalmente ou persistirem incólumes quando examinadas sob a ótica de um profundo senso crítico.

Do ponto de vista científico essa postura questiona de forma constante e metódica a veracidade de qualquer alegação, buscando permanentemente os argumentos necessários que possam ou corroborá-las ou invalidá-las.
Evidentemente esse processo é realizado sempre de acordo com o método científico, tendo em maior instância a aplicação do próprio princípio da falseabilidade proposto por Karl Popper no início do século XX.

Em muitas discussões acaloradas, é comum usar-se o termo “cético” até como tentativa de depreciação denominando o alvo do ataque como sendo um sujeito de “mente fechada”. Aliás, o principal defensor do ceticismo científico, Carl Sagan (fotos) cunhou uma máxima a esse respeito:

“Você deve manter sua mente aberta, mas não tão aberta que o cérebro caia”.

Daí o rigor com qual devemos avaliar as “conclusões” que são sacramentadas apenas pelo senso comum ou ideias equivocadas tidas como verdades inquestionáveis há séculos, simplesmente porque fazem parte de uma antiga tradição.

O termo cético foi bem vivido e bem utilizado pelo eminente químico inglês Robert Boyle. Seguindo o exemplo de Galileu, Boyle escreveu, em 1661, o livro “O químico cético” em forma de diálogo, no qual critica a visão aristotélica de mundo e defende a teoria corpuscular da matéria.

Um dos grandes méritos desse livro foi trazer para a Química uma visão lógica da natureza.

Ele mesmo disse:

“Até hoje os químicos sempre pensaram que seu trabalho fosse limitado à preparação de beberagens ou à transmutação dos metais. Em vez disso, eu procuro considerar a química de modo diferente, não como poderia fazer um médico ou um alquimista, mas como um filósofo. Se os homens pensassem no progresso da ciência mais do que em seu próprio vício de pensar, facilmente se convenceriam a confiar na observação, e a não enunciar uma teoria sem antes haver feito ensaios e experimentações do fenômeno a que essa teoria se refere.”

Ele defendia a ideia de que os pressupostos fundamentados nos argumentos de autoridade e na tradição deviam dar lugar aos fatos experimentais e à comprovação e de que não devíamos aceitar os dogmas assim tão facilmente.

Naquela época defendia-se que toda a natureza era construída por quatro elementos: terra, fogo, água e ar, ideia fundamentada no argumento de autoridade do grande filósofo Empédocles que viveu no século III aC.

Ora, era evidente para qualquer estudioso nascido em 1600 que a madeira, por exemplo, era formada pela conjugação de fogo + terra + água + ar.

Quando se planta uma árvore ela se fixa na terra, usando-a em seu desenvolvimento juntamente com a água e o ar, produzindo, assim, a madeira.

Quando se incendeia a lenha, o fogo, que também compõe a madeira, é então libertado. Simples, não? Porém, completamente errado!

Essa explicação da natureza persistiu por quase 2200 anos desde sua concepção.

Por quantos séculos mais, essa ideia criada por Empédocles, adotada por Aristóteles e depois defendida pela Igreja Católica seria ainda sustentada como verdadeira, não fossem os esforços de céticos como Robert Boyle?

O ceticismo é um dos mecanismos de proteção que a ciência dispõe contra a sua própria falibilidade. Por essa razão faz parte inseparável do método científico. Todo o cientista tem obrigação de ser cético.

E como já dissemos, seu principal motor é o espírito crítico.

Saber criticar é saber defender-se do erro, do engano e da fraude.

Evidentemente o livre pensador pode tornar-se inconveniente quando a mira de seu ceticismo científico não se limitar apenas a seu laboratório.

Quando, por exemplo, os produtos anunciados na TV, desde terapias milagrosas para emagrecer até a plataforma de políticos em campanha passassem a ser examinados pelo senso crítico de um cético de plantão, as coisas poderiam se complicar um pouco.

Existem muitos argumentos de autoridade que não sobreviveriam e muitas autoridades com argumentos que poderiam não gostar muito dessa tal liberdade de pensar.

Ou não?

-o-

[Leia os outros artigos de Mustafá Ali Kanso]

 

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36 comentários

  • jodeja:

    Tanta discussão infantil, não é mesmo? Existe a minha verdade, a sua verdade e a Verdade verdadeira. Dizem que a verdade estava num grande espelho que foi quebrado, partindo-se em mil pedaços, ora, cada um que pegou um pedaço do espelho pensava que via a verdade. Porém, para ver a verdade completa era necessário emendar todos os pedaços do tal espelho. Isso até hoje não foi conseguido.

  • paulognr:

    Quando estiver discutindo com um fanático religioso me avise, quero te ajudar a entender o que eles pensam, pois até o momento, religião foi a única coisa que não falei.

    🙂

  • paulognr:

    Você está defendendo o que até agora??

    O mais engraçado é que em nenhum momento falei em religião e já estão me taxando de fanático religioso..kkkk

  • Andre Luis:

    Legal a matéria! na minha opinião, os cientistas precisam realmente ter este espirito cético, encontrar respostas e tudo mais, porem eu acredito que não seja algo perfeito um ser humano ser 100% cético, apenas valeria a pena se a humanidade já tivesse resposta para “exatamente tudo”, que claro não é o caso. Eu acredito que existam fenômenos além da ciência, “além do físico”, no qual ainda poderão ser confirmados por ela. Por exemplo, um cientista pode ser teista, ter a sua crença e tudo mais, porém isto não impede ele de ser um excelente profissional e fazer descobertas com a sua busca incessante pelas respostas da “engenharia universal”.

  • Fellicity:

    Infelizmente muitos deixam o ‘cérebro cair’ quando tentam ser pessoas com a ‘mente aberta’! Adorei a frase de Carl Sagan!

  • Paulo Marinho:

    Alguém entende as fórmulas ou já viu demostrado em laboratórios um buraco negro, Bóson de Higgs, ao menos um quarks ou viu elementos químicos inanimados criando vida, inteligência e discernimento próprio? Poucos de nós entendemos as equações complexas e processos em nanosegundos feitos em supercomputadores em rede no acelerador de partículas, mas mesmo assim acreditamos no que cientistas e livros dizem sem entender as provas; não difere muito de acreditar em monges que também meditam e estudam por décadas, inclusive ciências. As leis da física e matemática conhecidas até agora, só podem mensurar o mundo material nesta dimensão mesmo sendo materialista ainda precisa de fé e crença em cientistas.

    • Paulo Marinho:

      Ter fé não exclui a ciência e nem muito menos vice-versa; são só coisas diferentes não misturáveis e fé percorrem redes neurais independentes da lógica matemática. Os materialistas querem provas materiais, concretas, mesuráveis e repetíveis, só que ai seria ciência (saber) e não fé (crer); seria assim, fácil, tolerar e perdoar até desafetos como sugere escrituras da maioria das religiões.Por enquanto não há como a física mensurar dimensões espirituais, mas se um dia houver, nós pobres mortais jamais entenderemos as equações complexas e máquinas super gigantes com nanotecnologia ultramodernas que levaram as conclusões, só poderemos “crer” nos cientistas assim como se “crê” em monges.

    • Ripper:

      A diferença é que, se um indivíduo resolve não se conformar com o que lhe é passado como verdade pela ciência, se ele for um pouco (ou bastante) esforçado e estudioso, basta ele mesmo comprovar a veracidade dessas informações. A ciência pode ser testada e comprovada por qualquer um. Ela está aí dando a cara pra bater.
      Lembrando que as equações complexas que os supercomputadores utilizam, não se criaram sozinhas. Fomos nós, humanos.
      Já as religiões…

    • Caruê Gama Cabral:

      Existe uma grande diferença, na religião existe o dogma proveniente da mensagem revelada supostamente por Deus, talvez o sujeito seja louco ou mentiroso. Os teólogos passam a vida toda estudando esta mensagem que talvez seja um grande engano, seria um milagre deduzir algo sobre o mundo de um devaneio registrado em algum livro.
      A ciência depende de experimentos que podem ser realizados por qualquer pessoa com capacidade e recursos para isso, para validar refutar ou inferir novas teorias, tudo deve estar de acordo com os experimentos.
      Em resumo a religião parte de premissas erradas que são as mensagens de Deus e chegam a conclusões duvidosas. A Ciência parte de premissas confiáveis os experimentos e a observação que devem ser o mais precisos possíveis, para que possamos inferir algo sobre a realidade em formas de leis e teorias que funcionam melhor do que qualquer previsão apocalíptica religiosa.

  • Décio Luiz:

    Olá, Professor Mustafá. É o Décio. Abraço.
    Opinião
    “Não temos a capacidade de conhecer a coisa em si. Dito de outra forma, o que se nos apresenta nunca é o noumeno ( linguagem kantiana ), mas o fenômeno”.

  • 42:

    Freud te mataria por essa matéria! Hahahaha Adorei.

  • Evandro Oliveira:

    Colocação muito simplista, até mesmo do próprio Boyle, Galileu. Ambos pessoas religiosas que não só se destacaram no conhecimento e busca pela Ciência, mas também na Filosofia e Religião (aliás, filosofia, religião e arte são 3 importantes areas do saber, que infelizmente, os cientistas de hoje, em geral carecem). E ai vem a questão, como que eles relacionavam tais saberes com esse ‘ceticismo’.

    Além disso, o ceticismo não funciona para muitas coisas. Exemplo simples, não somos céticos de que vamos morrer daqui 1 ou 2 horas, caso contrário, provavelmente não estariamos aqui. Acreditamos e confiamos com a mais obistinada fé que viveremos. E são a partir de um grande conjunto de várias crenças elementares, ‘cegas’ atos de pura fé talvez (não estou falando de religião) é que conseguimos dar passos, ir avante, formar idéias, a critica, e inclusive o próprio conceito de Ceticismo Ciêntico. (vários pensadores já discutiram sobre está questão)

    Além disso, também há o ceticismo quanto a própria ciência. O ceticismo quanto a própria capacidade de observação e interpretação da observação empirica. Talvez, uma das obras mais claras sobre isso é a “Observação e Interpretação” de Hanson.

    Agradeço todas as boas intenções com esse texto. Todavia, é uma questão muito mais profunda e creio ser dificio abordá-lo em poucas palavras, um tema e conceito tão amplo, discutindo amplamento em toda História pelas mais diversas mentes.

    Sobretudo, quando alguns experimentos já observados sobre ‘o produzir ciência’ mostraram que pesquisadores com alguma intuição ou forte convicção de que conseguiriam alcançar algo a partir de tal estudo, conseguem mais resultados. Além dos diversos questionamentos sobre a questão da “Intuição”.

    Há uma bagagem bem grandes de coisas a se discutir. Como a relação entre ceticismo e naturalismo. POis há quem, erronemante, pensam que é a mesma coisa ou um deriva do outro. Sendo que o correto seria que o próprio naturalismo e ceticismo deveriam ser vistos com ceticismo. Por mais estranho que isso possa parecer.

    COmo já tido… há muito o que se pensar e explorar nesta simples palavra: Ceticismo.

  • neutrino:

    Esse assunto sobre liberdade de pensamente é extremamente polêmico, mas em linhas gerais diria que as pessoas hoje estão extremamente parecidas no quesito comportamento.
    É todo mundo copiando todo mundo.
    Parece até que saíram de uma linha de montagem.
    Mas é uma característica do mundo moderno.
    Cuidado vcs que são meio nerd. é proibido pensar.

  • paulognr:

    Vamos fazer um experimento, materiais necessários:
    * uma aranha que escute, entenda e execute o que solicitamos(óbvio que isso não existe, mas serve de analogia).

    Experimento.

    Passo 1: Temos uma aranha com oito patas, pedimos para ela pular e ela pulou.

    Passo 2. Arrancamos uma pata da aranha e pedimos para ela pular novamente e ela continua a pular.

    Passo 3. Repita o passo 2 até que a aranha fique com uma única pata.

    Passo 4. Arrancamos a última pata da aranha e pedimos para ela pular, no entanto a aranha não pulou.

    Conclusão: Aranha sem patas é surda.

    Prazer, me chamo ciência e é através desse tipo de experimento que o homem conclui o que é a verdade.

    • 42:

      Seu comentário é engraçado, porém reducionista.
      Fazer ciência implica em estar atento para as variáveis que controlem as coisas. No caso hipotético apresentado por você, você estaria no mínimo ignorando a seleção filogenética do comportamento.
      É mesma coisa que você argumentar que o ser humano não tem livre arbítrio com base no argumento “eu quero voar, mas não voo.”

    • Adriano Malta:

      A sorte é que o paulognr não é cientista e não entende nada de método científico, não faz ideia do que é avaliação por pares, teste de causas alternativas, eliminação de resultado discrepante, duplo cego, etc…
      E com essas analogias anedóticas se perpetuam alegações de veracidade de pseudo ciências, misticoides e esoTRASHcos.

    • Jonatas:

      Me desculpe a sinceridade, mas releia o artigo acima, e se mesmo assim ainda for sua opinião essa mesma estúpida analogia *que originalmente deve ter sido uma piada depreciativa e de mal gosto, tipo de loira ou português*, deve estudar ciência antes de apresentar qualquer crítica sobre algo que não faz ideia do que é, e usar de internet e hardware que foi a ciência que construiu.
      E se mesmo depois disso ainda pensar nisso, interne-se numa instituição religiosa e passe o resto de seus dias rezando por sorte pra uma vida melhor, porque por intelecto estará perdido.

    • paulognr:

      Não é de mal gosto e muito menos depreciativa.
      Só é uma visão diferente daquilo que você chama de verdade.
      E assim se faz a ciência, aprendendo a cada dia e errando ao afirmar que uma aranha sem pernas é surda.
      Afinal, tudo o que tomamos como verdade hoje, foi fruto de muita experimentação, mas que de início chegou a conclusões como essa ou muito parecidas.
      Sendo assim, você não pode negar meu argumento, pois todas as suas verdade hoje, amanhã podem ser consideradas o maior erro da história.

      Enfim, passar bem!
      Vou voltar pra minha instituição religiosa agora.. :p

    • Giovane:

      Concordo Jonatas. A analogia dele foi estúpida e ignorante. Vou citar um trecho do livro de Carl Sagan, “O Mundo Assombrados pelos Demônios” que cai como uma luva nessa situação: “Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais – o transporte, as comunicações e todas as outras indústrias, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento, a proteção ao meio ambiente e até a importante instituição democrática do voto – dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém compreende a ciência e a tecnologia. É uma receita para o desastre. Podemos escapar ilesos por algum tempo, porém mais cedo ou mais tarde essa mistura inflamável de ignorância e poder vai explodir na nossa cara.”

    • Jonatas:

      A verdadeira ciência faria uma análise legítima, não uma conclusão estúpida.
      Se levantaria teorias em torno do resultado: A aranha não pula porque ficou surda seria a última delas, depois da analise da relação entre a causa e a consequência: o pular não está relacionado diretamente a audição do animal, mas as pernas – no fim, a primeira teoria torna a segunda ineficiente.

    • paulognr:

      Perfeito.

      Você usou tudo aquilo que sabe até o momento pra explicar a analogia.
      O que vem ocorrendo a vários séculos e que vai continuar ocorrendo.
      Logo, vai chegar uma hora que novos conhecimentos virão a tona, e pronto. Você vai pensar diferente e sua verdade consequentemente será outra.

      Bingo!

    • Jonatas:

      Não, você articulou erroneamente mas sei onde quer chegar. Não pensamos por conceitos pré-estabelecidos, pensamos por lógica – o que estou fazendo por experimento? tirar as pernas de aranha. O que está acontecendo? seu desempenho está caindo – a associação é mais do que lógica, não precisa de nenhum conhecimento prévio, isso é um princípio mais comum que a própria ciência.
      Vou usar um exemplo melhor: O planeta Vênus. Antes das missões com radares capazes de investigar a superfície, dela nada se podia saber – o Planeta tem o tamanho da Terra e é bem visível ao telescópio, mas sua atmosfera excessivamente dense impede a observação óptica da superfície, totalmente. Os teóricos entram em ação:
      1 – o que obscurece a superfície são nuvens densas, de cristais de gelo;
      2 – se a atmosfera é assim tão saturada de água, deve haver vida na superfície;
      3 – o planeta deve ser muito úmido, com certeza pantanoso;
      4 – se houver uma fauna grande e sendo a atmosfera pesada, é possível que haja dinossauros.
      Isso valeu pra que filmes e livros de ficção se enchessem de conteúdo sobre os pântanos jurássicos de Vênus, mas e a ciência, como ficou?
      – Observação: não da pra ver nada;
      – Conclusão: Dinossauros.

      Ok, mas isso é passado, a ciência moderna procura corrigir as falhas do sensacionalismo, o caso de Vênus foi um ensaio da ciência que viria a se tornar a de agora – tudo evolui, e a ciência também, e uma das chaves disso é o que vale a pena nessa excelente reportagem, o ceticismo científico. Agora, é encargo da ficção científica os habitantes de Europa (lua de Júpiter), a ciência vigente se encarrega de estudar os segredos profundos que o universo mostrar, sem dogmas, sem verdades pre-estabelecidas por classes, só espero que o aumento das tecnologias de simulação ajude que paremos de machucar as aranhas, os camundongos… 🙁

    • paulognr:

      Pra certas coisas você está correto. A ciência já tem como provar por A + B que é por causa da “falta” de pernas que a aranha não pula.

      Mas se você não souber a utilidade de uma perna as coisas mudam de figura, ela vai ser só mais um detalhe a ser explicado, que faz toda a diferença, e isso se reflete no restante das conclusões científicas.

      Que bom que você falou de planetas. Como um bom cientista, penso que você já tenha visto todas as teorias que foram tomadas como verdade em tempos passados, todas elas de certa forma retratavam a verdade para aquele nível de consciência. No entanto, hoje sabemos que elas estão erradas, pois naquela época eles não conheciam o real papel da “perna”(acredito que não preciso explicar pq coloquei perna aqui), o qual já sabemos hoje.

      Por isso é muito fácil falar que a minha analogia é ignorante, pois você conhece o que é uma aranha e pra que serve uma perna.

      Agora tire conclusões de algo desconhecido, a perna já não vai ser tão óbvia. As conclusões vão ser meras especulações, criações da mente humana, até que de alguma forma se comprove por A + B que isso é verdade.

    • Wanillo Izaias:

      Jonatas as vezes é melhor deixar de lado cara tem gente que fica cega com sua religião e esquece do mundo lá fora, já cansei de discutir com gente assim, quando via alguém falando algo do mesmo tipo ficava nervoso tentava argumentar mais é muito difícil, aprendi a deixar de lado pessoas assim. Parabéns pelas respostas.

    • Spawn:

      Essa foi a analogia mais estúpida que já vi. Essa foi boa, hahahaha. A aranha é surda então se ela estava atendendo aos comandos anteriores então ela é surda né. Ah tá!!! kkkkkkkkkkkkkk

    • CFMoreira:

      Talvez, lendo o texto indicado abaixo, voce possa uma visão mais precisa do que é a “verdade científica”.

      http://ateus.net/artigos/ceticismo/a-relatividade-do-errado/

    • paulognr:

      Esse texto apenas comprova que a ciência está em constante evolução.

      Em nenhum momento estou negando a ciência e muito menos defendendo alguma religião.

      Só estou mostrando uma visão diferente de como a ciência conclui as coisas quando ainda não possui uma explicação para todos os fatos.

      Será que é tão difícil de ver isso?

      Me dizer que a terra plana é uma “meia verdade” por levar em consideração o nível de consciência que existia naquela época, nos leva a conclusão de que a nossas verdades de hoje são apenas “meias verdades”, pois elas também estão baseadas no nosso nível de consciência.

      E se daqui alguns anos comprovarem que tudo que tocamos e vemos não passa de um simples holograma muito bem programado, para ser interpretado por 5 meros sentidos e nos colocar numa vida de pura ilusão?

      As bases para responder tal pergunta estão a nossa volta, átomos, DNA, energia e diversas outras coisas.

      O que difere você de uma árvore??

      Enfim, ceticismo é importante, ciência também, agora estar aberto a novos pensamentos diria que é muito mais importante.

    • Caruê Gama Cabral:

      Compreendo a analogia, as hipóteses derivam dos dados existentes quanto menos dados pior vai ser a conclusão, a primeira coisa a respeito do experimento é fundamental isolar outras variáveis, fazer uma relação de causa e efeito com uma variável, o numero de patas é infantil.
      Diria que existe um erro no experimento, o exemplo do planeta é muito melhor, nele temos que em determinada época tínhamos poucos dados e chegamos a conclusões erradas, isso é natural e é ai que reside a beleza da ciência fazemos o melhor com oque temos em mão podemos estar errados é claro, mas também podemos estar certos e fazer previsões incríveis.
      O ceticismo é uma postura de critica as verdades estabelecidas, seja na ciência, religião ou no dia a dia. Isso não é mera birra e rebeldia existem critérios, também não é útil estar aberto a qualquer possibilidade independente do quão bem ela seja colaborada simplesmente porque podem existir novas descobertas.

    • aguiarubra:

      paulognr
      8.03.2013

      P.: “…Só estou mostrando uma visão diferente de como a ciência conclui as coisas quando ainda não possui uma explicação para todos os fatos…”
      Comentário: temos, aí:

      —> o “Cientificismo” (Arte, Filosofia e Religião são modos de distorcer a realidade, PORTANTO devem ser combatidos e expurgados da cultura humana),
      —> o “Fisicalismo” (só os físicos explicam o real – alías, só STEPHEN HAWKING explica o real, segundo seu programa televisivo “O Grande Projeto”),
      —> o “Fenomenismo” (só é real se for visível AOS OLHOS DO FÍSICO STEPHEN HAWKING – que deplora os físicos da Teoria M),
      —> o “Epifenomenismo” (ou seja, não há uma psique como sede da consciência e da inteligência, a vida mental não passa de uma consequencia da fisiologia neuronal que, A RAZÃO CIENTÍFICA é mero efeito da aleatoriedade caótica da atividade cerebral).
      —> o “Mecanicismo” que, contraditando o “epifenomenismo”, faz dos seres vivos máquinas deterministas, mortas em si mesmas (é claro, a vida do ponto de vista científico [?], também NON ECZISTE), mas seguindo uma programação geneticamente estruturada, segue férreas “leis” mecânicas pesquisadas pelas neurociências…

      Por fim, o NIILISMO se tornou a mais provável das explicações para todas as coisas que a Ciência (?) ainda não sabe…

      p.: “…Será que é tão difícil de ver isso?…”

      Comentário: com certeza, onde só há cérebro, a inteligência não tem como discernir alhos de bugalhos pseudocéticos. Tudo que se afasta do materialismo ingênuo NÃO PODE SER CIENTÍFICO. Como vc percebeu, os seus críticos NÃO SABEM TRABALHAR COM METÁFORAS, mas deixam transparecer uma inglória esperança que não há nada que eles não possam saber sobre o Universo e a Realidade (veiculadas por seus “ídolos da tribo neo-ateista”). Veja que já tomaram como certo o que seria “aranha” e “pernas” na sua analogia.

      É o mesmo que fazem com relação à “matéria escura” (= aranha) e “energia escura” (= pernas): pensam saber, a priori, ao que vc se refere quando fala de artrópodes.

      Obs.: veja no verbete “Francis Bacon” na wikipédia o seguinte trecho:

      ÍDOLOS

      “…No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos:

      1) Idola Tribus (ídolos da tribo): Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem é o padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo que pertencem apenas ao homem e não ao universo. Dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana…”

  • Afonso Do Carmo:

    Creio que a ciência comete um erro quando supõe que poderá um dia vencer e suprimir no homem a necessidade da religião. Isso nunca acontecerá. Seria como eliminar um arquétipo primordial, algo impraticável.
    Como agnóstico penso também que a religião comete um erro grave quando institui o dogma e as verdades inquestionáveis. O dogma representa uma inversão de valores, uma maneira de tentar submeter Deus, o Criador, aos planos e aspirações do homem: a criatura, limitada, frágil e mortal.
    Os dogmas representam tentativas de limitar a ação de Deus, de dizer a Ele como deve ou como deveria proceder em relação ao Cosmo. E se fossem as religiões caminhos infalíveis para Deus elas não estariam sujeitas aos graves erros históricos que cometeram e que ainda cometem. E se “em nome de Deus” a religião erra isso significa assumir que Deus é cúmplice do erro – algo tão terrivelmente absurdo que nem merece ser considerado.
    Vincular Deus à uma religião significa impor regras ao Criador, limitá-Lo às banalidades e às incertezas das crenças, submetê-Lo ao espaço-tempo. Nesse sentido há que se dar razão a Freud quando ele afirma que não foi Deus quem criou o homem, foi o homem quem criou deus.
    Quando observamos o Cosmo em sua inimaginável complexidade, e se decidimos aceitar que o Cosmo foi criado, então só podemos atribuir esta criação a uma Mente cuja inteligência é infinitamente superior. E se esta Inteligência criou o tempo, o espaço e tudo que neles existem, então esta Inteligência não poderia estar submetida a esses atributos por ela criados. Tem, necessariamente, que estar além deles. E neste caso, qualquer certeza que estabelecermos em relação a esta Inteligência representará um engano e uma inversão de valores.
    Penso que a ciência, quando busca o conhecimento da verdade na essência das coisas, está cumprindo muito mais os desígnios de Deus do que as religiões, mesmo negando a sua existência.
    Aliás, negar a existência de Deus está tão correto como estaria afirmá-la. “Existir” é um atributo do espaço-tempo, está a ele limitado. Deus está além do espaço-tempo. Portanto, é impensável.
    Está na Igreja Católica, Santo Agostinho afirmava: “Só Deus detém o conhecimento absoluto. O homem nasce para aprender. Este aprendizado começa com o seu nascimento e continua, mesmo depois da sua morte.”
    Como poderia ser possível buscar este objetivo sem a Razão e sem a Ciência? E se porventura a Razão e a verdade científica entrarem em conflito com o dogma, qual dos dois deve prevalecer?
    E no mais, tudo que não puder ser objetivamente racionalizado será uma questão entre o homem, como individuo, e Deus.
    Se eliminarmos os intermediários na relação entre o homem e Deus, eliminaremos por consequência uma infinidade de paradoxos presentes nas próprias religiões.

  • Eloyr:

    Excelente matéria… Parabéns Mustafá.

  • Geleiras:

    A questão é, o cientista, de exatas ou humanas…
    Quando a humanas critica algum levantamento ou teoria das exatas, se usa o argumento de autoridade ou o “é cientifico, é fato”.
    Afirmações como por exemplo, dizer que todo evento “paranormal” tem por base ou histeria ou embuste e por isso deve ser desprezado, não é ser cético, justamente pelo contrário. Quantos eventos metereológicos descobertos, quantos eventos desconhecidos que antes eram histeria ou embuste não deixaram de ser paranormais e serem normais, ou naturais?

    • paulognr:

      O homem nega a sua própria natureza.
      Se limita a pensar no 1+1=2 e ainda acha que está arrasando.
      Quando perceberem que a nossa matemática é falha pra explicar toda a imensidão do universo, quem sabe as coisas mudem.

    • Giovane:

      Em 1928, Paul Dirac elaborou uma equação que explica as propriedades do elétrons. Após vários estudos por cientistas do mundo todo, chegaram a conclusão que, para a equação estar certa deveria existir um elétron positivo, o anti-elétron. Após anos o tal anti-elétron foi provado por experimentos. Ou seja, a equação dele estava tão certa, que anteviu a existência de algo que ele nem imaginava existir. Muitas coisas são primeiramente supostas em teorias e fórmulas matemáticas para então, mais tarde serem comprovadas em experimentos. Tal como o Bóson de Higgs, sendo predito em 1964.
      Mesmo sendo falha, a ciência é o que temos mais próximo à realidade. Como disse Albert Einstein: “Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos. “

    • paulognr:

      E por ser primitiva e infantil, quem a toma como a única e absoluta verdade, pode ser qualificado como tal.

    • Giovane:

      Quem gosta de verdades absolutas são os religiosos fanáticos.

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