Chuva coronal (sim, também chove lá no sol)

Por , em 25.06.2014

O universo é uma caixinha de surpresas, e a da vez é que, acredite, também chove no sol. Sim, o nosso sol, aquela bola de fogo, também experimenta um dos fenômenos mais agradáveis que podemos admirar aqui na Terra. Assim como nós, ele tem períodos de mau tempo, com ventos fortes e chuvas.

Antes de você começar a se descabelar achando que está tudo errado no mundo mesmo e esses males são tão grandes que até já chegaram no sol, eu aviso: tem uma diferença. Você não queria que eu entregasse o jogo logo de cara, né?

Ao contrário das tempestades terrestres, a chuva que acontece lá no sol, conhecida como “chuva coronal”, é feita de gás eletricamente carregado de plasma, e as quedas acontecem a partir da atmosfera exterior do astro, a cerca de 200 mil quilômetros por hora. O que me leva a crer que, bom, não seria lá tão refrescante sentir essa chuva no rosto em uma tarde de verão.

Como se não bastasse essa velocidade de queda inimaginável, as milhares de “gotículas” que compõem essa chuva coronal são, cada uma delas, do tamanho da Irlanda. Pensa: UMA GOTA do tamanho de um país inteiro.

Agora, uma equipe de físicos solares, liderada pelo Dr. Eamon Scullion da Universidade Trinity College (de Dublin), tem reunido conhecimentos e evidências para formular uma explicação para esse fenômeno que no mínimo é intrigante.

A história da chuva coronal

A chuva coronal foi descoberta há quase 40 anos. Naquela época, os equipamentos disponíveis não eram capazes de fornecer maiores informações e detalhes a respeito do fenômeno. Hoje a história é diferente. Os físicos solares agora são capazes de estudar a chuva solar com muitos detalhes, porque contam com a ajuda de peso do Telescópio Solar Sueco (SST) 1-m. Com ele, os cientistas podem ver mudanças regulares no “clima” solar” – bem como a chuva que acontece periodicamente por lá.

O processo de formação das chuvas do sol é, curiosa e surpreendentemente, similar ao processo de formação das chuvas que acontecem aqui na Terra. Se as condições na atmosfera solar estão ideais, há nuvens de calor e o plasma denso pode naturalmente resfriar e condensar e, eventualmente, cair de volta para a superfície solar, em forma de gotas de chuva coronal.

Em comparação com o clima terrestre, o material que compõe essas nuvens de calor atinge a coroa solar por meio de um processo de evaporação rápida. Mas, nesse caso, a evaporação é causada por erupções solares, as mais poderosas explosões do sistema solar que ajudam a aquecer a atmosfera exterior do sol.

Efeitos

As chuvas coronais, impulsionadas por explosões solares, podem desempenhar um papel fundamental no controle da circulação de massa da atmosfera solar, e agir na regulação das flutuações de temperatura da corona solar. As origens do aquecimento coronal solar, contudo, continuam sendo um dos maiores quebra-cabeças da física solar.

O Dr. Scullion e sua equipe agora estão trabalhando em uma nova teoria sobre como as chuvas coronais se formam. Eles sugerem um modelo de “resfriamento catastrófico”, no qual uma excepcionalmente rápida queda na temperatura faz com que o material mude repentinamente do gás coronal rarefeito para a chuva.

Para chegar a essa ideia, a equipe usou imagens do Telescópio Solar Sueco, que fica em La Palma, nas Ilhas Canárias. Esse telescópio, como falamos, é capaz de produzir algumas das imagens mais nítidas que temos do sol. Em junho de 2012, foi observada uma “cascata” gigante de material solar caindo da atmosfera exterior do astro, formando uma mancha solar escura em sua superfície. Outro conjunto de imagens foram montadas em um vídeo e mostram o que chamamos de “chuva solar”.

Olha só uma simulação. A ação começa a partir dos 22 segundos: [ScienceDaily]

2 comentários

  • jose Senen de Alencar:

    No interior do sol pode haver um temperatura mais amena que da superfície?

    • Cesar Grossmann:

      Eu não diria amena, mas mais baixa que a coroa solar.

      Na coroa solar, a temperatura é de aproximadamente 5.000.000K

      Na superfície solar, a temperatura cai para “amenos” 5.778K.

      No núcleo, onde acontece a fusão nuclear, a temperatura sobe novamente para 15.700.000K

      Entre a superfície e o núcleo, tem a zona de radiação, onde a temperatura varia de 7.000.000K até 2.000.000K conforme a distância do núcleo.

      Veja em https://pt.wikipedia.org/wiki/Sol

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