Cientistas descobrem como você pode aprender novas habilidades duas vezes mais rápido

Por , em 16.02.2016

A forma que você aprende habilidades motoras – como tocar piano ou um novo esporte – pode estar fazendo você perder tempo. Até agora, acreditava-se que a repetição era o segredo da perfeição, e o mesmo movimento idêntico era repetido à exaustão. Mas cientistas descobriram que existe um jeito melhor para o seu cérebro aprender esse tipo de coisa.

“O que descobrimos é que se você praticar o movimento que você quer dominar em versões levemente diferentes, você pode aprender mais e mais rápido do que se você continuar praticando a mesma coisa várias vezes seguidas”, afirma o pesquisador principal, Pablo Celnik, da Universidade Johns Hopkins (EUA).

Os pesquisadores chegaram à esta conclusão ao fazer 86 voluntários aprenderem uma nova habilidade motora. No experimento, eles aprenderam a espremer uma pequena bola para mover um cursor na tela de um computador, da mesma forma que um mouse faria para controlar a flechinha.

Os participantes foram divididos em três grupos, e cada um deles passou 45 minutos praticando a habilidade. Seis horas depois, um dos grupos repetiu o mesmo treinamento, enquanto o segundo grupo recebeu exercícios levemente diferentes. Já o terceiro grupo, o controle do estudo, não teve nenhum treinamento adicional.

O treinamento modificado do segundo grupo consistia em ter que usar forças diferentes para que a bolinha acionasse o cursor.

No final do período de treinamento, todos foram testados para medir o nível do domínio da habilidade, assim como a rapidez para executar o movimento. Previsivelmente, o grupo de controle teve os piores resultados, pois não repetiu os exercícios depois de seis horas. Mas a surpresa do estudo foi constatar que o segundo grupo – aquele que recebeu exercícios diferentes – teve um desempenho duas vezes melhor do que o primeiro.

Reconsolidação de memórias

Como isso aconteceu? Os pesquisadores acreditam que um processo chamado de reconsolidação faz com que as memórias existentes sejam recuperadas e modificadas com novos conhecimentos. Há algum tempo estudiosos têm sugerido que a reconsolidação poderia ajudar a melhorar habilidades motoras, mas este é um dos primeiros experimentos a testar a hipótese.

O intervalo de seis horas não foi escolhido por coincidência. Os participantes que receberam o segundo treinamento descansaram por esse período porque outro estudo mostrou que esta é a quantidade de tempo que as nossas memórias precisam para que o processo de reconsolidação aconteça.

“Nossos resultados são importantes porque sabemos pouco sobre como a reconsolidação acontece em relação ao desenvolvimento motor. Isso mostra como uma simples manipulação durante o treinamento pode trazer ganhos mais rápidos e melhores por causa da reconsolidação”, explica Celnik. “O objetivo é desenvolver intervenções comportamentais e programas de treinamento que dão às pessoas uma melhora maior pelo mesmo tempo de prática”.

Como aplicar isso no meu treinamento?

Na prática, isso significa usar bolas ou raquetes com pesos um pouco diferentes em treinos de esportes. Mas o cientista alerta que a mudança não pode ser muito radical. “Se você faz uma alteração muito grande, as pessoas não vão ter o ganho que observamos com a reconsolidação. A mudança deve ser leve”, diz ele.

Fisioterapia

Além de trazer uma novidade para músicos e atletas, a notícia é especialmente importante para pacientes que precisam de fisioterapia ou outro tipo de reabilitação física. Uma pessoa que precisa aprender a usar uma prótese de braço, por exemplo, pode ter essa técnica inserida em seu treinamento. [Science Alert]

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