Cientistas descobrem um novo tipo de fotorreceptor que detecta luz de uma maneira totalmente nova

Por , em 20.11.2016

Pesquisadores da Universidade de Michigan descobriram um novo tipo de fotorreceptor, espécie de molécula que permite que nossos olhos recebam luz, diferente de qualquer outro já visto antes.

O fotorreceptor é o terceiro a ser encontrado em animais, e é cerca de 50 vezes mais eficiente na captura de luz do que os fotorreceptores em nossos olhos.

O que é mais bizarro, no entanto, é que ele é na verdade um receptor de gosto, o que sugere que as moléculas são capazes de detectar a luz de maneiras que nós não havíamos pensado que era possível antes.

LITE-1

Conhecido como LITE-1, o fotorreceptor foi descoberto em um grupo de vermes nematoides sem olhos.

“LITE-1 vem de uma família de proteínas receptoras de sabor descoberta pela primeira vez em insetos”, disse o pesquisador Shawn Xu, da Universidade de Michigan, nos EUA. “Entretanto, não são os mesmos receptores de gosto como os que existem nos mamíferos”.

Em 2008, Xu e seus colegas notaram que os nematoides eram capazes de se afastar de flashes de luz mesmo sem ter olhos. O LITE-1 parecia estar por trás dessa habilidade.

Mas ninguém realmente sabia como isso era possível. Agora, a equipe de Xu estudou o LITE-1 em detalhes e mostrou que a proteína é incrivelmente eficiente em absorver a luz, de uma maneira totalmente nova.

Diferença

Até agora, os pesquisadores só conheciam dois tipos de fotorreceptores no mundo animal: criptocromos e opsinas. O tipo de fotorreceptor encontrado no olho humano é uma opsina conhecida como rodopsina.

Os fotorreceptores tipicamente têm dois componentes: a proteína de base (para nós a rodopsina) e um cromóforo de absorção de luz. Nos seres humanos, a vitamina A desempenha esse papel.

Ela absorve a luz e libera uma gama de produtos químicos como resultado. Estes produtos químicos são então sentidos pela rodopsina, que é como “recebemos” a luz.

LITE-1 é totalmente diferente. Ele desempenha ambos os papéis sozinho, absorvendo a luz diretamente. “LITE-1 é incomum por ser extremamente eficiente na absorção de luz UV-A e UV-B, cerca de 10 a 100 vezes melhor que os outros dois tipos encontrados no reino animal”, disse Xu.

Aplicações

Embora descobrir este novo método de absorção de luz seja fascinante por si só, os pesquisadores pensam que LITE-1 pode ser extremamente útil em aplicações práticas.

Por exemplo, poderia ser transformado em um protetor solar que absorve diretamente os raios nocivos, de forma mais eficiente do que os produtos atuais.

Também pode levar pesquisadores a ativar a sensibilidade à luz em novos tipos de células. A equipe já modificou uma proteína não sensível na mesma família, conhecida como GUR-3, e mostrou que pode fazê-la reagir à luz ultravioleta.

A pesquisa foi publicada na revista Cell. [ScienceAlert]

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