Cientistas descobrem uma maneira de tornar a morfina mais segura e eficaz

Por , em 28.03.2011

Pesquisadores descobriram que uma droga originalmente utilizada para tratamento do vírus HIV pode auxiliar no processo de aprimoramento das funções de resistência à dor em medicamentos conhecidos como opioides – derivados do ópio, como a morfina. O estudo foi recentemente concluído por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana, Estados Unidos.

Os cientistas dizem que a descoberta feita em modelos animais pode finalmente fazer a morfina uma droga mais segura e eficaz.

Tradicionalmente os opioides foram utilizados para aliviar a dor no pós-operatório, as decorrentes do câncer e no final da vida. Hoje, os opioides são amplamente utilizados para condições dolorosas crônicas como a osteoartrite ou dor nas costas. Em alguns casos, a droga precisa ser receitada por décadas.

A morfina, o medicamento mais prescrito e utilizado para controlar a dor moderada a grave, tem efeitos colaterais debilitantes, incluindo a problemas de respiração, prisão de ventre e, talvez o mais famoso deles, dependência. Os pacientes também desenvolvem uma tolerância à morfina, o que pode ser igualmente perigoso. Eles passam a necessitar de doses cada vez maiores para alcançar o mesmo efeito e, com isso, se tornam ainda mais propensos a acabarem dependentes da substância.

“Além dos efeitos colaterais reconhecidos, a morfina realmente cria sensibilidade e causa mais dor através da indução de uma resposta inflamatória no organismo”, explica Natalie Wilson, da Função Nacional de Ciências, da Universidade de Indiana.

Essa sensibilidade aumentada é clinicamente conhecida como hiperalgesia induzida por opioides (HIO). Frequentemente, os pacientes que recebem opioides para controle da dor podem na verdade se tornar mais sensíveis a determinados estímulos dolorosos, o que cria a necessidade de aumento da dose de opioides.

“A droga em si está produzindo uma nova dor, própria”, afirma Fletcher White, diretor do Núcleo de Pesquisa em Anestesia da Faculdade de Medicina de Indiana. “Eu vejo isso como um prejuízo, uma vez que a substância parece estar criando outra dor”.

White explica que a aplicação de morfina desencadeia um série de eventos. Um deles é o aumento da comunicação molecular nos nervos através de uma proteína conhecida como CXCR4. Esse fato contribui para uma resposta neuroinflamatória causando aumento da sensibilidade e dor adicional.

Os pesquisadores Wilson e White, em conjunto com colaboradores, administraram uma droga chamada AMD3100, com o objetivo de bloquear a resposta de CXCR4 no organismo de ratos. Ao interromper a comunicação molecular estimulada pela proteína, notou-se que, consequentemente, os animais não mais apresentavam sinais de hiperalgesia induzida por opioides. “Se isso se traduzir de forma adequada nas pessoas, esse aplicativo poderá fazer da morfina uma droga mais segura e mais eficaz no controle da dor crônica”, conclui.

[ScienceDaily]

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