Seu filho é tímido? Descubra o que NÃO fazer

Por , em 21.12.2014

Não tem problema ser tímido, desde que sua mãe e seu pai estejam cuidando bem de você. Bebês e crianças com timidez possuem maior risco de desenvolver ansiedade mais tarde na vida, em comparação com as crianças mais saidinhas. Um novo estudo, no entanto, sugere que bons pais podem compensar esse risco.

Na verdade, a timidez e o medo de novas situações estão relacionados com ansiedade apenas em bebês e crianças sem uma ligação segura com seus cuidadores, de acordo com uma pesquisa publicada na revista americana Child Development (Desenvolvimento Infantil, em tradução livre). Um apego seguro é uma relação calorosa em que as crianças se sintam confiantes para explorar quando sua mãe ou pai estão por perto e também se sintam confortáveis em procurar colo quando estão chateadas.

“Para aquelas crianças que mostram inibição através de muitos anos, ter uma relação segura pode ser muito protetor”, explica a pesquisadora Erin Lewis-Morrarty, da Universidade de Maryland, nos EUA.

Os pais podem trabalhar para desenvolver essa ligação segura sendo presentes e sensíveis ao sofrimento da criança, diz Lewis-Morrarty.

Cerca de 15% a 20% das crianças têm um temperamento que os pesquisadores chamam de “inibição comportamental”. No playground, elas podem ficar atrás de outras crianças. Enquanto bebês, elas reagem negativamente a novos estímulos. Estudos anteriores descobriram ainda que as crianças com inibição comportamental têm maior risco de ter transtornos de ansiedade aos 7 anos.

E, no entanto, as crianças mais comportamentalmente inibidas não desenvolvem sempre transtornos de ansiedade – e alguns adolescentes e adultos com ansiedade não foram inibidos quando crianças. Claramente, alguma coisa está acontecendo.

“Nós estamos interessados na tentativa de determinar que crianças estão mais em risco”, aponta Lewis-Morrarty.

Os resultados apontam para a paternidade. As crianças no estudo, que foram comportamentalmente inibidas durante toda a infância, desde a idade de 14 meses até os 7 anos, e que também tinham relações inseguras com seus pais, eram mais propensas do que outras crianças a desenvolver ansiedade entre as idades de 14 e 17. Em contraste, as crianças que foram comportamentalmente inibidas, mas tinham uma relação segura com seus cuidadores (geralmente as mães, no experimento), não estavam em maior risco de desenvolver ansiedade na vida adulta.

Os pesquisadores analisaram 165 jovens com idades entre 14 e 17 que haviam participado de experimentos de temperamento quando crianças. Elas foram observadas nas idades de 1 e 2 anos conforme foram expostas a novos ambientes e interagiram com novos objetos. As crianças também foram momentaneamente separadas de seus pais para que os pesquisadores pudessem determinar o vínculo mãe-filho.

Uma criança que tivesse uma relação boa com seus pais, por exemplo, poderia ter ficado chateada quando sua mãe ou pai saíam do quarto. Mas quando eles voltassem, a criança iria em direção a eles e seria consolada.

Uma criança com uma relação insegura podia ignorar os pais após a separação, ou procurar eles, mas permanecer irritada e chateada. Em alguns casos, a criança pode até mesmo mostrar medo ou ansiedade mesmo tendo os pais de volta.

Resultado de pesquisas anteriores mostram que, em todo o mundo, cerca de 65% das crianças têm uma relação segura com os pais. O presente estudo não olhou para o estilo parental, Lewis-Morrarty diz, mas pesquisas anteriores sugerem que um cuidado afetivo e responsivo promove uma fixação segura.

Na adolescência, os participantes do estudo preencheram questionários sobre os seus sintomas de ansiedade. Os pesquisadores descobriram que os jovens tímidos que eram inseguros e resistentes como crianças (ou seja, elas foram para seus pais buscando conforto, mas foram incapazes de se acalmar) eram os que tinham maior risco de desenvolver ansiedade. Meninos tímidos possuem maior risco do que as meninas tímidas, talvez pela timidez ser menos socialmente aceitável para os meninos do que para as meninas, sugere Lewis-Morrarty.

O pesquisador acredita que os resultados destacam o papel protetor de uma relação pai e filho forte, e poderiam ser usados para identificar crianças em risco ou para ensinar os pais a desenvolver um vínculo amoroso com seus filhos. [Live Science]

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