Como os políticos respondem a questões sem verdadeiramente respondê-las

Por , em 10.05.2011

Uma nova pesquisa confirmou o que todo mundo já desconfiava: que os políticos são bons em escapar de perguntas e “falam sem dizer nada”.

Os pesquisadores descobriram a técnica principal usada pelos políticos: eles fogem de responder perguntas difíceis durante os debates através da abordagem de questões semelhantes, embora não idênticas. Quando você presta atenção nisso, fica muito claro.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas mostraram aos participantes do estudo vídeos de um debate simulado. O “candidato” (um ator) foi questionado sobre assistência médica universal ou outra pergunta semelhante sobre a guerra contra as drogas. O ator respondeu a ambas as perguntas com uma declaração sobre assistência médica universal.

Apenas 40% dos participantes conseguiam se lembrar da pergunta original sobre a guerra contra as drogas, em comparação com 88% daqueles que ouviram a pergunta sobre saúde.

Quando os participantes não conseguiam lembrar a pergunta corretamente, o candidato teve sucesso em se esquivar da questão, satisfazendo os telespectadores com uma resposta “substituta”.

Já quando eles achavam a pergunta e a resposta muito diferentes, por exemplo, a declaração sobre saúde em resposta a uma pergunta sobre a guerra contra o terror, os participantes reconheceram a tentativa de se esquivar do candidato e tiveram uma visão negativa dele.

Segundo os pesquisadores, os telespectadores do debate não percebiam que o candidato estava se desviando das questões a menos que eles especificamente se lembrassem da questão.

E colocá-la na tela ajudava muito. Os participantes conseguiam recordar a pergunta original, mesmo quando o político estava se esquivando dela, 88% do tempo se ela tivesse sido passada na tela, em comparação com 39% do tempo quando ela não estava na tela.

Os cientistas acreditam que isso acontece porque a inteligência humana é geralmente focada em interpretar as ações sociais do falante (se você acha que a pessoa é honesta, ou confiável), o que os distancia de reconhecer quando a pessoa está disfarçando uma pergunta com uma resposta semelhante.

Sempre que as pessoas se deparam com uma personalidade nova, a analisam socialmente; essa atividade as impede de se engajar plenamente na resposta dada pelo político, facilitando que ele se esquive da questão. [LiveScience]

10 comentários

  • Daaniel Caarlos Coelho:

    Existem até tabelas funcionais, que te ajudam a formular frases que não dizem absolutamente nada, apenas palavras chaves como, “educação”, “transporte”, “criminalidade”, “saúde”….
    Eles apenas sitam essas palavras no meio de um discurso complexo, e como os eleitores são leigos, acham que ele esta falando algo importante sobre essas palavras chaves.

  • Jairo:

    A política é outra arte da mentira, assim como a religião, a provável inventora.

  • Ezio Jose:

    O internauta Val Brnd me fez lembrar o FHC com seus vocabulários que assemelhava também ao Delfim Neto. Engraçado que em seus pronunciamentos para a Nação até que parecia que falava para um povo onde 90% tinha formação acadêmica com pós-graduação.

  • jernei:

    Na Grécia antiga existia uma “escola” que formava os “sofistas”. Eles eram preparados para serem grandes oradores, porém alguns acabavam se transformando naquele tipo de orador que consegue convencer alguém “que pau é pedra”. Os políticos, principalmente os brasileiros,seguem essa linha, usam bastante a retórica para tentar convencer as pessoas, principalmente em campanha, de que estão falando a verdade. Muitos deles(muitos mesmo) usam de puro sofisma e retórica quando são acusados de crimes que eles realmente cometeram. Como as leis brasileiras tem muitas brechas e não existe interesse em se corrigir isso, eles sempre escapam das garras da justiça (que justiça!). Alguns países têm leis frouxas e cheias de brechas porque essas leis foram feitas por bandidos. Será o caso?… Vejamos o nosso caso: As leis brasileiras são feitas por deputados e senadores; se você tiver acesso aos dociês sobre a vida desses parlamentares vai ficar estarrecido, pois muitos deles são processados por vários tipos de crimes, desde estupro, roubo, latrocício, compra de voto, venda de voto, desvio de verbas, assédio sexual, assédio moral, assassinato por encomenda, contrabando, etc. Quantos estão na cadeia? Veja o caso dos ladrões do mensalão, estão todos no poder. Tem ladrão do mensalão até na Comissaão de ética (que ética?)

  • Val Brand:

    Veja bem, responder sem responder evoca principalmente o aspecto analítico de uma redundância temática, uma forma de se colocar asas em um porco roxo, algo tão exótico como um parâmetro retrógrado e desconexo em relação ao fundamental, ou seja, a descompactação da estratégia abordada. É muito simples, basta você se colocar de uma maneira inequívoca e interativa, buscar sempre uma compreensão menos evasiva e mais contundente, sem os embustes clássicos das quais a população dos aborígenes canadenses estão acostumados. Para isso devemos utilizar o bom senso e os rumos da temática neo-clássica em questão.

    Eu não disse nada, mas se você entendeu alguma coisa… Me avise tá…rsrsrs

  • Magda Patalógica:

    Na década de 1960, uma regrinha foi publicada na extinta Revista Visão, abordando o tema:

    COMO FALAR BONITO SEM DIZER NADA

    Você utiliza uma palavra da coluna 1, outra da coluna 2 e termina com uma da coluna 3 (aleatoriamente)

    Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3

    Proposta Racional Específica
    Avaliação Equacional Estruturada
    Idéia Modeladora Vocacionada
    Resposta Plena Intensificada
    Solução Intermediária Somatória

    Crie a sua.

    Fui

  • Elizabeth:

    É por isso que quando alguém fala muito e não diz nada ou responde uma coisa quando perguntamos outra, dizemos que aquela pessoa nasceu para ser político.

    Parece que no Brasil temos muitos políticos natos… tivemos presidente que superou todas as expectativas

  • Dr. Laboceta:

    até mesmo este texto que a Natasha escreveu para esta reportagem em como os políticos respondem questões, foi respondido sem responder e abordade de forma muito sucinta, fez e acabou que eu fiquei até duvidoso…

    será então que ela pode engressar na carreira política?

    já tem meu voto!

  • Fabio:

    Caro Diego, creio que no Brasil, esta é a regra e não a excessão.

    Viva a política brasileira de dominação e exploração!

  • Diego:

    A Dilma não fazia isso muito bem… As falas dela nos debates eram evasivos totalmente, não abrangendo algo semelhante como mostra a pesquisa.

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