Como os seis passageiros do voo da Chapecoense podem ter sobrevivido a um impacto tão forte?

Por , em 30.11.2016

Apenas seis das 77 pessoas a bordo do avião British Aerospace BAe 146 sobreviveram à queda na região montanhosa de La Unión (Bolívia) na última segunda-feira (28). As imagens dos destroços da aeronave são impressionantes e mostram que o avião se reduziu a pequenos pedaços. Quando um acidente desse tipo acontece, o que determina que alguns passageiros sobrevivam enquanto outros não?

Apesar da impressão de que quem cai de avião não tem a mínima chance de sair vivo da situação, o Conselho de Segurança de Transporte da Europa estima que 90% dos passageiros de acidentes de avião consigam sobreviver.

O primeiro fator a ser levado em consideração são as características do acidente e em que momento do voo ele aconteceu.

O acidente da Air France de 2009, por exemplo, aconteceu por perda de controle durante o voo em altitude de cruzeiro, e não durante o pouso ou decolagem. As porções iniciais e finais dos voos enfrentam mais problemas, mas ao mesmo tempo as chances de haver sobreviventes são maiores. No voo de 2009, ninguém foi resgatado com vida.

Já o voo da United Airlines de 1989, que pousou sem controle no aeroporto de Sioux City (Iowa, EUA), teve 185 sobreviventes dos 296 que estavam a bordo depois de perder o motor da cauda, que levou à perda de todos os controles de voo. Apesar de tantas mortes, o acidente é considerado um exemplo de tomada de decisão dos pilotos e equipe, que conseguiram pousar o avião sem controle em alta velocidade e rápida perda de altitude.

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo, em 2015, houve 1 acidente para cada 3,1 milhões de voos. Este é um número incrível para uma tecnologia com pouco mais de 100 anos de existência e que envolve transportar pessoas em ambientes desafiadores. O pequeno número de acidentes e o grande número de sobreviventes são conquistados com a melhoria das estruturas das aeronaves, com o avanço da tecnologia das cabines e com o treinamento da equipe.

Os materiais utilizados atualmente são menos inflamáveis, os sistemas de combate de incêndio são mais eficientes e os assentos são projetados para aguentar grandes impactos. As saídas de emergência têm marcação mais visível e o espaço ao redor das saídas são projetados para permitir um fluxo maior de pessoas. Essas melhorias normalmente acontecem com base em investigações de acidentes anteriores.

Além das características técnicas das aeronaves, a atitude dos passageiros e comissários de bordo também importa. O uso de cinto de segurança e a posição adotada em pousos de emergência protegem a coluna e cabeça dos passageiros. As chances de sobreviver a um acidente também aumentam quando o passageiro presta atenção nas orientações dos comissários de bordo, como localizar a saída de emergência. Outro fator que pode ajudar um passageiro a evacuar um avião mais rápido é a escolha de sapatos e roupas. Aquelas que permitem a melhor movimentação são as mais indicadas.

Histórico do avião BAe 146

Das 372 unidades British Aerospace 147 construídas, outras 220 continuam em operação atualmente, sendo que apenas outras três se envolveram em acidentes ou pousos de emergência. O modelo foi fabricado pela British Aerospace entre 1981 e 2003 e foi adquirido principalmente por linhas aéreas como British Airways e CityJet da Suíça e da Irlanda.

A aeronave de curtas distâncias é considerada segura e é aprovada por pilotos que frequentam aeroportos com pistas curtas, já que consegue realizar aproximações íngremes. Segundo a Lamia, o avião percorre distâncias máximas de 2.965km, a distância aproximada entre Santa Cruz (Bolívia) e Medellin (Colômbia). Normalmente não carrega mais de 100 passageiros.

Com o passar do tempo, o modelo tem sido reconfigurado para outros usos além do transporte de passageiros, sendo que 22 já foram adaptados com tanques de água para combate de incêndios florestais.

O pior acidente já registrado antes do que aconteceu em Colômbia foi o da Pacific Southwest em 1987. O voo de Los Angeles para São Francisco (EUA) foi sequestrado por David Burke, um ex-funcionário da USAir, empresa que foi comprada pela Pacific. Burke atirou no piloto e copiloto, fazendo com que o avião caísse em Cayucos, na Califórnia. As 43 pessoas que estavam a bordo morreram.

Outro acidente com menos vítimas aconteceu em 2009, quando um BAe 146 operado pela Aviastar Mandiri da Indonésia atingiu uma colina quando tentava pousar. As seis pessoas a bordo morreram.

O acidente mais recente aconteceu em abril de 2014, quando um BAe 146 que levava 97 pessoas realizou um pouso de emergência logo após decolar em Perth, na Austrália, depois de uma das turbinas pegar fogo. Todos sobreviveram sem ferimentos. [Phys.org, ABCNews]

4 comentários

  • CasaDoCoelho:

    A matéria falou, falou, falou, e falou mais ainda, mas não disse nada. Vim pelo título e não aprendi nada. Clássico jornalismo.

  • Deividson Araujo Paula:

    Pouco foi dito sobre o título no decorrer do texto…

    • Deividson Araujo Paula:

      Na verdade o artigo não estava aparecendo todo

  • Eder:

    La Unión (Colombia) 😉

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