Computador feito de músculos funciona como uma máquina de Turing

Por , em 2.04.2013

Em 1936, o jovem matemático britânico Alan Turing enunciou uma teoria que seria o embrião da ciência da computação: a Máquina de Turing. Tratava-se do primeiro mecanismo de resolução de problemas com base em algoritmos binários. O “computador” que Turing idealizou jamais chegou realmente a ser construído. Mas dois cientistas neozelandeses apresentaram, na semana passada, uma máquina movida a músculos artificiais que usa o mesmo princípio. No futuro, estes mecanismos podem dar grande impulso ao desenvolvimento das próteses.

Este novo computador, que ocupa um metro cúbico de espaço, foi criado por Benjamin O’Brien e Iain Alexander Anderson, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia). O que eles desenvolveram foi uma analogia ao corpo humano; músculos artificiais que “pensam” por si mesmos.

Nossos músculos são dotados de certo “raciocínio próprio”, o que os faz reagir e movimentar-se sem que o cérebro precise dar uma ordem expressa. São os chamados reflexos. Até hoje, a ciência não conseguiu criar nenhum robô com reflexos, já que todos os movimentos partem sempre de um controle central. Este é o grande pioneirismo do novo computador.

A máquina é composta de treze “músculos artificiais”, feitos de polímeros eletroativos. Eles são os únicos dispositivos “pensantes” do equipamento; não há um chip central. Tais músculos desempenham suas funções contraindo e expandindo, tal como um músculo animal. E o que determina estes movimentos é uma leitura direta de algoritmos dispostos em uma fita, do modo como Alan Turing concebeu há mais de 75 anos.

O próximo desafio dos cientistas neozelandeses é claro: fazer este primeiro protótipo de músculo artificial, lento e experimental, se transformar em um robô moderno que use o mesmo procedimento. Em longo prazo, espera-se que este princípio possa dar origem a próteses com grau muito mais elevado de “realismo” aos membros que estiverem substituindo. [Phys.Org / Applied Physics Letters]

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