Conheça o Hyperloop, o sistema de transporte do futuro

Por , em 13.08.2013

O bilionário e empresário norte-americano Elon Musk anunciou, nesta segunda semana de agosto, seus planos para a construção de um sistema de transporte futurista, batizado de “Hyperloop”, que seria capaz de levar passageiros entre San Francisco e Los Angeles, na Califórnia, em menos de meia hora. As cidades ficam a mais de 600 quilômetros de distância uma da outra.

O aguardado anúncio respondeu a algumas das questões que cercam o projeto ambicioso, sobre o qual o fundador e CEO da montadora Tesla Motors Inc fundador já comentava durante meses, mas ainda não havia discutido em detalhe. Musk disse que o Hyperloop custaria menos de 6 bilhões de dólares (13,8 bilhões de reais) no total e poderia transportar 7,4 milhões de pessoas em cada sentido a cada ano. Segundo o empresário, levará entre 7 e 10 anos para que o projeto seja concluído.

Musk previamente tinha descrito o sistema baseado em energia solar como um cruzamento entre um Concorde, um canhão elétrico e uma mesa de hóquei de ar (aqueles jogos divertidos na área de recreação dos shoppings). Essa estrutura poderia carregar 28 passageiros em cada cápsula fechada por meio de um tubo de aço de baixa pressão em até 800 quilômetros por hora, de acordo com o plano de design de 57 páginas.

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Membro fundador do PayPal antes de iniciar as companhias Space X e Tesla, Musk prevê cápsulas que partem a cada 30 segundos e percorrem os cerca de 600 quilômetros entre Los Angeles e San Francisco – o mais movimentado corredor de tráfego na Costa Oeste dos Estados Unidos – em um tubo elevado erguido ao longo da principal rodovia interestadual que ligam as duas cidades. As cápsulas viajariam em cima de um “colchão de ar”, similares a esquis, movidos através de um acelerador linear magnético.

As principais questões permanecem, principalmente se o governo do estado da Califórnia algum dia aprovará um projeto tão gigantesco como este, e se alguma companhia privada estará disposta a investir na ideia e tirá-la do papel. O desenho permanece teórico e ainda precisa ser testado em campo.

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Musk disse que está muito ocupado comandando as companhias de carros elétricos Tesla e a fabricante de foguetes Space X para construir o Hyperloop ele mesmo. Segundo o CEO, os planos do projeto são de código aberto (open source), ou seja, pessoas de fora podem interferir nele e colocá-lo em prática com algumas alterações que se fizerem necessárias.

Na segunda-feira (12), no entanto, o empresário disse a repórteres em uma teleconferência que ele mesmo poderia lançar o projeto. “Eu pensei um pouco mais aqui comigo mesmo e cheguei à conclusão de que talvez eu pudesse fazer dar o pontapé inicial e, em seguida, entregar o projeto a outra pessoa”, declarou.

Ele disse que estaria disposto a aplicar um pouco de sua fortuna pessoal no projeto, mas ressaltou que a construção do Hyperloop não está no topo de suas prioridades, que continuam sendo as empresas Space X e Tesla. Musk também pediu ao público que ajude a melhorar o design do modal.

O apelo do empresário já tem se tornado uma prática comum entre as corporações, que cada vez mais têm recorrido à assistência pública para seus produtos. Em 2009, a Netflix concedeu um prêmio em dinheiro para uma equipe que conseguiu melhorar em 10% a precisão de seu sistema de recomendações de filmes.

Segundo os planos de Musk, o Hyperloop será uma alternativa à linha de trem de alta velocidade planejada pelo governo da Califórnia, que segundo ele será cara e lenta. As estimativas de custo para a construção da linha de trem, uma das principais prioridades do governador do estado, Jerry Brown, já estão em estratosféricos 68 bilhões de dólares (156 bilhões de reais) – como o famigerado projeto do trem bala brasileiro, que ligaria (num futuro distante) Campinas ao Rio de Janeiro, possui um custo estimado de 35 bilhões de reais. Musk acredita que a construção do Hyperloop vá custar cerca de 10 vezes menos.

De acordo com Musk, o Hyperloop seria mais seguro, rápido, barato e mais conveniente. O tempo previsto de viagem (meia hora) é menor ainda do que a duração de um voo (uma hora e 15 minutos), e nem de longe se compara a uma viagem de carro entre essas duas cidades (cerca de 5 horas e meia) californianas. O trem de alta velocidade planejado pelo governo levaria cerca de 2 horas e 40 minutos para realizar esse mesmo percurso.

O sistema do Hyperloop funcionaria para trajetos de até aproximadamente 1.450 quilômetros de distância, ou seja, viagens hoje em dia realizadas quase que exclusivamente em aviões. Musk argumenta que os voos, porém, se tornariam uma opção mais cara e até mais lenta do que o Hyperloop. “Para o conforto e a segurança dos passageiros, seria melhor para viajar em velocidade subsônica elevada em percursos de até 500 quilômetros”, comentou Musk. A propósito, a tal velocidade referida é de impressionantes 1.120 km/h.

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A cada 110 quilômetros, um motor elétrico daria um impulso nos vagões, atirando-os para ainda mais longe nos trilhos e mantendo a velocidade elevada. O mesmo sistema poderia ser utilizado para gradativamente diminuir a rapidez dos vagões ao se aproximarem de seu destino, e a energia retirada desse processo poderia ser desviada para impulsionar os vagões seguintes. Musk contou que a experiência seria similar à de estar em um avião: “Será como andar em um colchão de ar”. [Reuters e Popsci]

6 comentários

  • Valdênio Marinho:

    Esqueceram apenas de um simples detalhe: Vetores de Força!
    Um humano pode sobreviver a uma aceleração de 20 a 40g por um pequeníssimo espaço de tempo. Uma aceleração de 15 g por mais de 1 minuto pode acarretar a morte. Qualquer exposição a 100 g ou mais, poderá ser mortal.

  • Silvio Pinto:

    O problema é a aceleração até atingir a velocidade máxima, uma vez lá não haverá problema. Se a aceleração for do tipo que temos nos jatos de passageiros, tudo bem…

  • Silvio Pinto:

    Eu é que não embarcaria numa engenhoca dessas. A menos que já não me importasse em continuar vivendo.

  • Nilo Nogueira:

    Meu pai quando vivo havia inventado um modo de criar vácuo de alta qualidade dentro de túneis de transporte para situações como essa, era um sistema simples, tinha que segmentar o túnel em diversas câmaras curtas, então enchia-se uma com um líquido que resistia bem a baixas pressões e bombeava este líquido para a próxima câmara, deixando a de trás preenchida com vácuo de boa qualidade. Aí ia bombeando sucessivamente de câmara em câmara até acabar o túnel. Depois era só abrir as passagens entre elas e estava feito. Um túnel do tamanho que quisesse “preenchido” com vácuo de alta qualidade, com a vantagem de ser modular e de transporte relativamente fácil. Eu não lembro bem qual era o líquido, precisava dar uma olhada nas anotações dele.

  • Tibulace:

    Tenho um livro, traduzido do idioma russo, A Física Recreativa, de I. Perelman.Nele, fala de um meio de transporte, ELETROMAGNÉTICO, composto BÁSICAMENTE de tubos metálicos ( ligas NÃO magnéticas )gigantes, ligados às cidades, no interior dos quais, fez-se VÁCUO o mais avançado possível.Na parte SUPERIOR e EXTERNA de um tubo desses, existe uma LOOOOONGA fileira de eletroímãs, que são os ” motores” que propelem, por meio de campos magnéticos, as CÁPSULAS PRESSURIZADAS, cilíndricas, nas quais estão os passageiros, que percorrem esses tubos, sem tocar nas paredes dos mesmos, sem enfrentar o atrito do ar,SUSPENSAS PELO CAMPO MAGNÉTICO,em linha levemente ondulada, de modo parecido aos planetas em suas órbitas.A VELOCIDADE preconizada, de cerca de 1 000 km/h.Como QUASE inexistem atritos, POUCA energia elétrica é gasta, para movimentar as cápsulas, tornando-se um meio de transporte EFICIENTE e ECONÔMICO.O projeto original, é do físico soviético B.P.Weinberg e essa ótima idéia, tem um pouco mais de um século de idade… .

  • Iuri Gomes:

    Futurama mandou um abraço.

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