O túnel subterrâneo que pretende acabar com a seca do nordeste

Por , em 22.02.2014

O rio São Francisco é conhecido como o “o rio da integração nacional”. Mas ele, que começa no Sudeste e flui por cerca de 3 mil quilômetros, tem um pequeno problema: antes de chegar ao Nordeste, deságua no oceano. Não é para tanto que essa região do nosso país sofre, desde que o mundo é mundo, com as consequências de uma seca interminável. A falta de água ali acabou deixando o solo muito fértil para a proliferação de uma pobreza miserável.

Na tentativa de acabar de uma vez por todas com o problema da seca, e consequentemente curar a região com todos os males que vem da falta de água, o governo começou em 2006, durante o mandado do ex-presidente Lula, escavações de dois túneis, chamados Cuncas I e Cuncas II, como parte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que vai garantir o abastecimento de água de mais de 390 cidades de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

O Cuncas I, que terá 15 km de extensão (dos quais 10 já foram cavados), é o maior túnel da América Latina para transporte de água. Já o Cuncas II, quando concluído, terá mais de 4 km. E os dois fazem parte de uma rede de 477 km de túneis e canais que estão sendo construídos para acabar com a seca do nordeste.

Juntos, eles têm o objetivo de transportar cerca de 83 mil litros de água por segundo.

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A escavação desses túneis é considerada a maior obra de infraestrutura hídrica do país. Mais de 6,6 mil pessoas estão trabalhando 24 horas por dia com mais de 1.800 equipamentos em operação. O Projeto de Integração do São Francisco faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem conclusão prevista para 2015. Mais de 75% da obra já foi acabada. [Portal Brasil,New Scientist]

16 comentários

  • Marcondes de Moura Rodrigues:

    O rio São Francisco nasce na serra da Canastra (MG) e corre para o Nordeste por gravidade. Coletasse as águas em excesso daquela região e lança na nascente do rio São Francisco e é só esperar ela descer. A economia com estes canais e tuneis será enorme.

  • Malforea Shin:

    Cara, existem soluções mais eficazes e mais baratas… Existem regiões no país onde quando chove, em determinadas estações, tudo se alaga? Construa hidrodutos (como os já calejados oleodutos) ligando essas áreas às regiões secas. Simples. Ajuda as duas regiões de uma só vez. Cresce todo mundo com isso. Mas simplicidade não rende muitos superfaturamentos, né?

    • Robson Lopes:

      Essa sua sugestão seria interessante, não fosse completamente inviável. Primeiro, teria que ter um sistema de armazenamento de dimensões monumentais, o custo disso não é barato, talvez sozinho já contemplasse todo o valor da transposição, veja quanto custa a construção de hidrelétricas, seria uma sem os equipamentos, mas ainda assim teriam as bombas para envio da água, que não sei nem se há tecnologia para isso. Segundo, esses dutos, quanto imaginas que custariam? Deixa pra lá!

    • Malforea Shin:

      Não sou engenheiro, mas imagino que o custo-benefício valha a pena. O nordeste, por exemplo, teria a água que vem para os piscinões do sudeste, por exemplo, para irrigar plantações. Isso faria toda uma região deixar de ser miserável. “totalmente inviável” pra mim é continuar como está. Os detalhes sobre como fazer… Bem, temos ótimos engenheiros no país. É um investimento a longo prazo, que poderia transformar o país em outro. O problema é que os mandatos têm só 4 ou 8 anos…

  • Robson Lopes:

    Alguns postam aqui como se a transposição tivesse sido inventada no Brasil, vários países no mundo já fizeram o processo de transposição, e pasmem, até os Estados Unidos no rio Colorado. Obras dessa natureza costumam custar muito, e tem prazos de execução bastante longs devido a suas extensões e dificuldades ao longo do caminho. Se compararmos os custos de nossa transposição, com outras que aconteceram e acontecem ao redor do mundo, talvez nos surpreendamos com o prazo e o custo da nossa, que não é dos piores.

  • Marcones Ribeiro:

    Mas o rio São Francisco não está “morrendo”, como ele vai acabar a seca do nordeste se secar? Esse “desvio” de água não vai ser o “tiro” de misericórdia: o fim do Velho Chico?

  • samuel.martins:

    “A falta de água ali acabou deixando o solo muito fértil para a proliferação de uma pobreza miserável.” Se fosse assim o sudoeste do EUA , toda Israel e a Austrália seriam as regiões mais pobres do planeta.

  • Junio Albino:

    Bem interessante porém provavelmente não vai ficar pronto assim como as obras da transposição do rio que vão de mal a pior…

    • Robson Lopes:

      Só um detalhe, isso é a própria transposição.

  • Renan Eich:

    Me lembra minecraft… Quem sabe já acharam um diamante ali hehe

  • Davi Álefe:

    Pq esses canais são subterrâneos? É muito mais caro construir túneis que canais sobre a terra, mesmo que para conter a vaporização devida à alta incidência dos raios solares seja necessário criar tetos flutuantes. E pq isso, em 8 anos, ñ foi muito divulgado na mídia? ESSAS Ñ SÃO CRÍTICAS, são realmente CURIOSIDADES de minha parte. Alguém sabe responder?

    • João Barcellos:

      A água não sobe morro, tem que passar por baixo através de tuneis!

    • Magno Aquino:

      Existem os canais sobre a terra, como você mesmo citou, são as calhas… acontece, entretanto, que o terreno que liga o Rio São Francisco até onde se pretende chegar com a transposição é bastante acidentado, de forma que torna-se necessário a construção de túneis para que a água siga o curso “descendo” pela força da gravidade. A construção de túneis é, nesse sentido, mais eficaz e mais barata que a construção e manutenção de estações elevatórias…

    • Robson Lopes:

      É bem simples a resposta, topografia, quando falamos em grandes extensões, e nesse caso são centenas de quilômetros, dificilmente encontraremos superfícies planas, então essas intervenções são necessárias, para evitá-las seriam necessários enormes desvios, o que ao fim, sairiam bem mais caros.

  • Veronica Santos:

    Acabar com a seca é promessa de político. A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede formada por mil organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida. Sua missão é fortalecer a sociedade civil na construção de processos participativos para o desenvolvimento sustentável e a convivência com o Semiárido referenciados em valores culturais e de justiça social.
    http://www.asabrasil.org.br/portal/Default.asp

  • Henry Rodriguez:

    Em meio a tanta crítica, me surpreende essa notícia. Tomara que a obra seja finalmente entregue.

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