Crianças pré-escolares pensam e aprendem como cientistas

Por , em 1.10.2012

Uma pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA) revelou que crianças muito novas pensam como “cientistas”.
Elas “analisam” padrões estatísticos, fazem “experiências” e aprendem observando colegas. O que elas estão aprendendo? A viver.

A principal pesquisadora do estudo, Alison Gopnick, que estuda a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, explica que as crianças aprendem sobre o mundo ao seu redor de forma semelhante a que os cientistas conduzem estudos.

Claro que eles não fazem isso conscientemente. Mas também não fazem de forma aleatória.

Os experimentos das crianças são as brincadeiras. A partir desses “experimentos”, elas são capazes de “analisar” probabilidades e fazer inferências causais, além de aprender por observação de terceiros. Experiências mostram que crianças tão novas quanto 2 anos podem inconscientemente captar padrões estatísticos e usar essa informação para resolver problemas.

Por exemplo, em um experimento conduzido por Gopnick, crianças a partir de 2 anos observaram que uma máquina acendia e tocava música quando certos objetos eram colocados sobre ela.

As crianças viram que, quando colocado sobre a máquina, um bloco ativava luzes e música duas a cada três vezes. Um segundo bloco ativava luzes e música duas a cada seis vezes que era colocado na máquina.

Em seguida, os experimentadores pediram que as crianças fizessem a máquina acender suas luzes e tocar música. “Elas viram a máquina ativar duas vezes em ambos os casos, mas se elas estivessem calculando a probabilidade da máquina ativar, deveriam preferir o primeiro bloco, que a ativou duas a cada três vezes”, explica Gopnick. E foi exatamente isso que elas fizeram.

Outras pesquisas indicam que “brincar” é a maneira das crianças “experimentarem”. “No caso do experimento da máquina, as crianças espontaneamente passaram a ‘brincar’ com ela, como se fizessem um monte de experiências que lhes deram as informações de que precisavam para descobrir como o brinquedo funcionava”, argumenta Gopnick.

Outra forma que crianças pequenas têm de aprender é observando as ações dos outros e as suas consequências.

Ensinar x experimentar

Segundo Gopnick, a pesquisa mostra que é importante deixar a criança descobrir certas coisas sozinha quando está crescendo.

Ser ensinado de como fazer alguma coisa tem vantagens tanto para as crianças quanto para os cientistas, mas também tem desvantagens. “Ser ensinado sobre algo, em vez de explorá-lo por conta própria, desencoraja exploração que pode levar a novas conclusões”, diz Gopnick.

Isso significa que, ao invés de fazer os primeiros anos escolares mais acadêmicos, os educadores deveriam expor as crianças a um ambiente mais lúdico, que proporcione experiências em que elas tenham que pensar para chegar a conclusões, sem obter instrução direta.

“Eu acho que esta nova pesquisa mostra que as crianças têm habilidades cognitivas incríveis aos 2, 3 e 4 anos. Elas devem tocar, experimentar, explorar. Se o ambiente pré-escolar for muito acadêmico, mais como escola, nós realmente não estamos incentivando as crianças a fazer o trabalho de profundidade científica e cognitiva que elas são capazes de fazer”, conclui.[LiveScience, NSF, ScienceIllustrated]

8 comentários

  • Lucas Noetzold:

    Penso que deveríamos apenas ensinar o que é pedido. No momento que uma pessoa deseja aprender sobre tal tema, que ela pergunte. Seguir uma carta de disciplinas e conteúdos os quais a criança e os jovens não tem interesse é algo completamente inútil a seu propósito, já que apenas cria o desgosto pela aprendizagem.

    • Cesar Grossmann:

      E despertar o interesse para algumas coisas básicas, em vez de enfiar tudo goela abaixo.

      Mas existem escolas com currículo livre, em que a criança decide o que quer aprender. Não lembro o nome, mas parece que é nos Estados Unidos. Quem sabe a moda pega?

  • Dinho01:

    Eu acho que seria mais correto dizer o contrário.Cientistas é que pensam e aprendem como crianças.Ou seja,sempre com a mente aberta e prontos a experimentar.

  • klayton:

    Isso que dizem ter “descoberto”, é tão antigo quanto andar pra frente, para quem não sabe as primeiras proteses de membros amputados foram feitas pelos alemães na segunda guerra, de que forma?
    Usaram essa mesma linha de raciocio pegavam os amputados da guerra colocavam-os em centros de pesquisa e forneciam tudo que era necessario para eles próprios desenvolverem as proteses.
    Ai fica claro que quando crianças não sabemos como o mundo funciona e nada melhor como esperimentar, isso possibilita novas linhas de raciocínio, só que nós pais insistimos em facilitar a vida de nossos filhos.

  • jodeja:

    É, aprender brincando é o que todos devíamos fazer. Aprender é evoluir e estamos aqui, neste mundo, para isso. A mente das crianças não tem preconceito e é aberta a tudo.

  • Nika:

    E são esses que depois, no trabalho, falam: ‘Não sou pago pra isso’. Resistem em aprender coisas novas justamente porque já tem tudo acertado em suas cabeças. O certo, o errado, o que ‘todo mundo’ faz e etc. Grande maioria dos adultos são assim.

  • Cesar Grossmann:

    No Brasil tem muito marmanjão que só consegue pensar em termos de “para que isto vai me servir”.

    São as crianças que não são capazes de se divertir explorando coisas novas, que querem apenas aprender aquilo que vai ser “cobrado em prova”, esquecendo que o aprendizado é para toda a vida.

    São os mesmos que depois vão ver as pesquisas científicas e retrucarem “em vez de matarem a fome das pessoas”, ao invés de se maravilharem com as descobertas.

  • Geovana Galvão:

    Este é o segredo: aprender brincando!

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