Designers criam bolha comestível que poderia acabar com o problema das garrafas plásticas

Por , em 14.05.2014

Quer saber uma maneira de parar a crescente pilha de garrafas plásticas de água em aterros? Faça uma garrafa que as pessoas podem comer.

Inspirados por técnicas da gastronomia molecular, três estudantes de design industrial de Londres criaram o Ooho, um recipiente de água semelhante a uma bolha que eles dizem ser fácil e barato de fazer, forte, higiênico, biodegradável e comestível.

O recipiente retém a água em uma membrana dupla usando a “esferificação”, técnica de moldar líquidos em esferas pioneira em laboratórios, de 1946, e mais recentemente popularizada por chefs do restaurante elBulli, na Espanha. Ele funciona um pouco como uma gema de ovo, que também mantém a sua forma usando uma fina membrana.

“Estamos aplicando uma versão evoluída da esferificação a um dos elementos mais básicos e essenciais da vida, a água”, diz Rodrigo García González, que projetou o Ooho com os colegas Pierre Paslier e Guillaume Couche.

Um composto feito a partir de algas castanhas e cloreto de cálcio cria um gel em torno da água. A membrana dupla protege o interior de forma higiênica e faz com que seja possível colocar rótulos entre as duas camadas, sem qualquer adesivo.

Enquanto o pacote está se formando, a água é congelada, tornando-se possível criar uma esfera maior e manter os ingredientes dentro da membrana, sem misturá-los com a água.

E por que não apenas beber da torneira?

Os designers queriam abordar o fato de que um grande número de pessoas bebe água em garrafas descartáveis. “A realidade é que, cada vez mais, quando bebemos água, jogamos fora uma garrafa de plástico”, explica García. “80% delas não são recicladas. Esse consumismo reflete a sociedade em que vivemos”.

Ao repensar a garrafa, os designers dizem que também é possível reduzir custos, já que, para os fabricantes, a maior parte do custo de produção de água engarrafada vem da própria garrafa. O Ooho pode ser feito por apenas dois centavos.

Como outros pacotes comestíveis, o Ooho parece ter alguns desafios – como a forma como o pacote fica limpo antes de beber dele e, potencialmente, comê-lo. Porém, outros alimentos parecidos já chegaram ao mercado: o Wikipearl, que consiste em frutas embaladas com materiais comestíveis, estará disponível em algumas lojas da rede norte-americana Whole Foods ainda neste mês. Outro problema, como você pode ver no vídeo abaixo, é que você pode ficar com um pouco de água em seu rosto, suas roupas e sua mesa. Esse é o sacrifício que você terá que fazer para se livrar das garrafas de água de sua vida.

Mesmo que as companhias de água engarrafada não mudem para o Ooho, os designers dizem esperar que as pessoas tentem fazer os pacotes em casa. “Qualquer um pode fazê-los em sua cozinha, modificando e inovando a receita”, garante García. “Não é um ‘Faça Você Mesmo’, é um ‘Cozinhe Você Mesmo'”.

O projeto foi o vencedor do segundo prêmio anual Lexus Design Award e vai estar em exibição durante a Semana de Design de Milão. [Fast Coexist, Mashable, The Independent]

4 comentários

  • Nathalye Malvesi:

    Mesmo que você não coma o “recipiente bolha” ele é biodegradável por ser comestível! Se for jogado na natureza se decomporá e acaba com muitos problemas também, já que a maioria das pessoas jogam tudo no chão mesmo!

    • Cesar Grossmann:

      Uma coisa interessante, substâncias biodegradáveis também podem poluir e causar danos no ambiente. O derrame de certas substâncias biodegradáveis em rios e riachos provoca a multiplicação de microorganismos que degradam a mesma, consumindo o oxigênio dissolvido na água e matando os peixes por sufocamento…

  • Bruno Gasparetto:

    Imaginando o problema de guardar isso numa mochila sem estourar e molhar tudo e ainda pela sujeira que vai grudar na esfera 🙁

    • Cesar Grossmann:

      Se você colocar as bolhas de água em um pote plástico com tampa (que vai voltar contigo e ser reutilizado várias vezes, por anos a fio) ou um outro vasilhame rígido, limpo e fechado, acaba o teu problema.

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