É a primeira vez que esse animal foi avistado em 30 anos

Por , em 27.08.2015
Nautilus pompilius (esquerda) nada próximo ao raro Allonautilus scrobiculatus (direita) na Ilha Ndrova

Um animal que não era visto em mais de três décadas foi finalmente reencontrado em julho pelo biólogo Peter Ward, da Universidade de Washington (EUA).

Uma das criaturas mais raras do mundo, o Allonautilus scrobiculatus é uma espécie de náutilo descoberta na Ilha Ndrova, em Papua Nova Guiné.

No geral, os náutilos são criaturas difíceis de se encontrar, mas essa espécie parece ainda mais elusiva.

Esses primos distantes das lulas e chocos representam uma antiga linhagem animal, muitas vezes batizada de “fóssil vivo”, porque suas conchas distintas aparecem no registro fóssil desde impressionantes 500 milhões de anos.

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Em 1984, Ward viu pela primeira vez esse animal e recolheu vários espécimes para análise, percebendo que suas brânquias, maxilas, a forma da concha e estruturas reprodutivas masculinas diferiam significativamente de outras espécies. Um segundo avistamento ocorreu em 1986, e depois o náutilo desapareceu até julho de 2015.

“Algumas características do náutilo – como a concha que lhe deu o rótulo de ‘fóssil vivo’ – podem não ter mudado por um longo tempo, mas outras partes sim”, disse Ward.

Por exemplo, o Allonautilus ostenta uma característica que intrigou os pesquisadores. “Ele tem uma cobertura peluda e viscosa em seu escudo”, disse Ward. “Quando a vimos pela primeira vez, ficamos estupefatos”.

Nautilus pompilius (esquerda) nada próximo ao raro Allonautilus scrobiculatus (direita) na Ilha Ndrova

Nautilus pompilius (esquerda) nada próximo ao raro Allonautilus scrobiculatus (direita) na Ilha Ndrova

Sorria, você está sendo filmado

Ward e seus colegas colocaram iscas com câmeras no fundo do mar, entre 150 e 400 metros abaixo da superfície, para tentar avistar esses animais no mês passado. Depois de uma ausência de 31 anos, o bicho foi finalmente flagrado novamente.

Os pesquisadores recolheram amostras de mucosas e mediram as dimensões dos animais que conseguiram capturar, retornando-os mais tarde ao local de onde foram encontrados.

Em seguida, usaram as informações para determinar a idade e sexo de cada animal, assim como a diversidade de cada população no Pacífico Sul. Através desses estudos, os cientistas aprenderam que a maioria das populações são isoladas umas das outras, porque só podem habitar uma estreita faixa de profundidade do oceano – ou seja, uma certa população só pode viver na faixa em que se encontra, pois morrerá se for mais fundo ou mais raso do que aquilo.

Estas restrições significam que as populações perto de uma ilha ou recife de coral podem diferir geneticamente ou ecologicamente daquelas em outro lugar. As descobertas representam um desafio para os conservacionistas.

O vídeo abaixo mostra esses animais nadando de perto, mas as imagens não são da espécie rara identificada por Ward. A equipe não divulgou filmagem desses náutilos.

Pesca ilegal

A pesca ilegal e operações de “mineração” para coletar conchas de náutilos já dizimaram algumas populações. Esta prática poderia ameaçar uma linhagem de animais mais velha que os dinossauros, que sobreviveu as duas maiores extinções em massa na história da Terra.

Nautilus pompilius nada acima ao raro Allonautilus scrobiculatus na Ilha Ndrova

Nautilus pompilius nada acima ao raro Allonautilus scrobiculatus na Ilha Ndrova

Ward disse que gostaria de estudar melhor o Allonautilus, uma vez que testes genéticos sugerem que a espécie surgiu há relativamente pouco. As observações também mostram que ele comporta-se diferentemente de outros náutilos.

No entanto, sua raridade e a ameaça comercial podem tornar essa tarefa muito difícil. [WashingtonEdu]

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