É possível estar acidentalmente correto?

Por , em 22.07.2013

Imagine a situação: o dono de uma fazenda percebe que uma de suas vacas desapareceu e vai procurá-la no campo vizinho. Antes que ele saia de sua propriedade, encontra o carteiro, que acaba de vir do outro campo, e pergunta se ele viu o animal desaparecido. O carteiro diz que sim, mas o fazendeiro quer ter certeza, e sai para ver.

De longe, ele percebe manchas brancas e pretas, em um padrão parecido com o da vaca, fica aliviado e pensa em um jeito de buscar o animal. O carteiro achou estranho, pois a vaca não estava no local para onde o fazendeiro olhou, e sim escondida entre algumas árvores no campo vizinho. O que o fazendeiro viu, na verdade, foi uma grande placa branca manchada de tinta preta. No fim das contas, ele estava errado… e certo, ao mesmo tempo.

A história acima foi imaginada pelo filósofo estadunidense Edmund Gettier, que se tornou conhecido pelo seu ensaio “Uma crença verdadeira justificada é conhecimento?”, no qual conclui que o conhecimento verdadeiro deve vir de evidências reais, e não de uma correspondência acidental com a realidade.

O fazendeiro não poderia, nesse caso, dizer que “sabia” que a vaca estava no campo vizinho, pois a evidência que deu base a essa opinião era falsa.

Naturalmente, há pensadores que discordam da definição dada por Gettier – e o debate sobre o que é “conhecimento” permanece. O que você acha, leitor: é possível estar acidentalmente errado? [io9]

2 comentários

  • Gödel Téssera:

    Pela lógica matemática ele estaria certo, mesmo partindo de uma proposição inicial errada, isso pode ser demonstrado com facilidade através de um conector condicional.

  • Marcelo Smeets:

    Concordo com o Gettier. Infelizmente, muitos cientistas procuram declarar ser verdade o que parece ser verdade. Devemos lembrar que cientistas não são puras almas buscadoras da verdade, mas seres humanos como todos os outros. Isso significa que muitas vezes eles são movidos a demonstrar resultados para manter um patrocínio, para ganhar mais dinheiro ou simplesmente por uma pseudofama de ser o descobridor de algo.

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