Energia renovável é o plano da Dinamarca para o futuro

Por , em 10.04.2012

A Dinamarca anunciou que, até o final desta década, irá produzir um terço de sua energia a partir de fontes renováveis – principalmente energia eólica, mas também através de energia solar e queima de “biomassa”.

Mais ambiciosamente, o governo dinamarquês estabeleceu uma meta de usar energias renováveis em todo o país até 2050.

O que torna o anúncio da Dinamarca ainda mais incomum é que ele ganhou o apoio de todo o espectro político do país.

Lykke Friis, por exemplo, é uma porta-voz do oposicionista Partido Liberal, uma entidade pró-negócios. Para ela, a decisão de abandonar os combustíveis fósseis é uma questão de planejamento financeiro.

Por exemplo, se você quiser argumentar que a energia renovável sai mais cara, a energia de combustíveis fósseis também sai cara para a Dinamarca.

“Não importa o que fizermos, teremos um aumento no preço da energia, simplesmente porque as pessoas na Índia e China querem ter um carro, querem viajar”, disse ela. “É por isso que temos uma ambição clara de sermos independentes de combustíveis fósseis: de modo que não sejamos vulneráveis a grandes flutuações no preço da energia”.

Os choques do petróleo no início da década de setenta foram um golpe especial para a Dinamarca. Com poucas fontes de energia próprias, o país viu os preços se multiplicarem, e isso levou à aceitação generalizada de que um novo caminho precisava ser tomado.

A energia nuclear nunca foi seriamente considerada, com grande oposição dos políticos e da sociedade civil. Portanto, muito antes de outros países, a Dinamarca começou a desenvolver as energias renováveis, e agora é uma espécie de líder mundial, particularmente no campo da energia eólica.

Problemas da energia renovável

Na Usina Avedøre, perto de Copenhague, cerca de mil megawatts de energia estão sendo gerados a partir de energias renováveis, o suficiente para sustentar 250 mil casas. Lá existem algumas turbinas eólicas gigantes, mas a maioria da energia vem de duas plantas de biomassa, queimando palha e outros tipos de resíduos industriais.

Muitas mudanças e adaptações foram necessárias para que a Dinamarca chegasse a essa usina. E ainda faltam muitas.

Para começar, há o desafio de armazenar a energia produzida por fontes renováveis, para uso quando o sol não estiver brilhando, ou o vento estiver parado. Engenheiros estão estudando propostas para gerar eletricidade quando calor estiver disponível, e então usá-lo mais tarde. Eles também esperam expandir o número de carros elétricos na Dinamarca, que poderiam agir de forma eficaz como baterias recarregáveis. Mas tudo isso está na fase de desenvolvimento.

Outro desafio é a distribuição. Centrais convencionais estão localizadas perto de vilas e cidades. Se os parques eólicos forem construídos em alto-mar, tal como previsto, em seguida, uma ampla rede de cabos terá de ser construída para trazer essa energia para a terra, nos lugares onde os consumidores a utilizam.

Grandes investimentos vão ser necessários. E é por isso que muitos críticos não concordam com essa decisão dinamarquesa, que eles acreditam que pode acabar com o crescimento econômico do país.

Porém, qualquer outra fonte de energia está sujeita a flutuações de preço. E o que a Dinamarca quer é estabilidade. O ministro da energia Martin Lidegaard reconhece que não pode calcular o preço de uma transição completa para as energias renováveis, mas argumenta que ainda faz sentido financeiro, e não apenas para a Dinamarca.

“Estou 100% certo de que, não só outros países poderiam ter energia renovável, como vão fazer isso, simplesmente por causa do desenvolvimento dos mercados”, disse.

O novo compromisso da Dinamarca com as energias renováveis ainda tem de ser debatido pelo Parlamento do país. Mas com quase todos os políticos apoiando o movimento, a aprovação deve ser uma formalidade.

Depois disso, porém, o trabalho real começará: a transformação deste objetivo ambicioso em uma realidade física.[BBC]

8 comentários

  • jose ajosilaudo:

    isso demostra que a dinamarca é um pais em plena evolução.

  • Espectro:

    Não adianta se enganar, estas iniciativas não conseguirão suprir as necessidades energéticas do planeta. Alternativas mais agressivas terão de ser utilizadas, caso contrário entraremos em breve em blackout intermitente.

  • Carlos:

    Antes de ficarem de modinha e falarem mal de usinas hidrelétricas, estudem primeiro.
    A energia hidrelétrica é cerca de 15 a 20 vezes mais barata que eólica ou solar, não polue, e o pouco que alaga de terra (que acontece uma vez só, quando a usina é construída), nem se compara com as queimadas e depredação de florestas que consomem milhares de quilômetros quadrados por minuto.
    Nenhum país do mundo tem o privilégio que o Brasil tem de poder utilizar em ampla escala este potencial energético, a maioria dos países tem sua central energética quase 100% baseada em usinas de carvão, emitindo gigatoneladas de CO2.
    É fácil reclamar de Belo Monte sentado escrevendo em um pc, com a televisão ligada, suco na geladeira e ar-condicionado.
    Pra quem não lembra, no governo FHC sofremos com os apagões, e o Brasil está engessando seu parque industrial por falta de infraestrutura.
    Já existem estudos que as ditas fontes alternativas de energia também geram bastante impactos ambientais, como por exemplo, a eólica, que mata centenas de passáros da região e prejudicam a mobilidade dos mesmos naquele espaço; energia solar que necessita de milhares de quilômetros quadrados de espaço, ou seja, só é viavél em desertos estéreis.
    A única solução viável será no futuro com a energia da fusão nuclear, que, ao contrário da atual fissão nuclear, não geraria resíduos radioativos e geraria centenas de vezes mais energia.

  • Leiliane:

    E o Brasil construindo Belo Monte…

    • Dinarte Junior:

      Leiliane: A Dinamarca não faz uma Belo Monte porque não pode. Tudo o que podia nessa área ja foi aproveitado por lá. A energia hídrica é mais limpa que a eólica, pois fabricar esses captores de vento exige ligas metálicas e outros materiais altamente tóxicos como resíduos da fabricação. O Brasil é privilegiado em energia hídrica. a menos poluente de todas. Os interesses internacionais de ocupação da amazônia fazem uma grande campanha contra. Temos que entender isso.

  • Acyr:

    Obrigado Dinamarca, nosso futuro agradece

  • Andy:

    Bravo, bravo!

  • MS: m:

    o brasil vai usar energia da camara dos deputados que se esforçaram muito para desviar as verbas de fins renovaveis

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