Esta descoberta pode empurrar a evolução da vida complexa 400 milhões de anos para trás

Por , em 16.03.2017

Pesquisadores descobriram o que parece ser a mais antiga evidência de vida vegetal na Terra – dois fósseis de 1,6 bilhões de anos que se assemelham a algas vermelhas, presas em rochas sedimentares na Índia.

Se os fósseis realmente forem de algas, a vida multicelular avançada pode ter evoluído muito mais cedo do que pensávamos.
A descoberta também pode colocar em causa suposições importantes sobre a grande “Explosão Cambriana” que deu origem à maioria dos principais grupos animais em existência.

A surpresa

Stefan Bengtson, do Museu de História Natural da Suécia, e sua colega Therese Sallstedt estavam examinando camadas fossilizadas de cianobactérias primitivas chamadas estromatólitos, extraídas de um antigo afloramento rochoso na região de Chitrakoot, na Índia central.

De repente, Therese notou algo estranho: perto dos micróbios simples, havia algo que parecia muito mais avançado, uma estrutura carnuda e multicelular que lembrava distintamente algas.

Não só os organismos não identificados eram muito maiores do que os seus vizinhos, como a maneira pela qual as células dos tecidos estavam arranjadas não se parecia com nada que os pesquisadores já viram antes da ascensão de formas de vida eucarióticas (ou complexas).

Alga mais antiga conhecida

A equipe investigou os fósseis usando uma técnica de imagem chamada microscopia tomográfica de raios-X, o que lhes permitiu identificar plaquetas recorrentes (células sanguíneas minúsculas), algo que eles suspeitam fazer parte dos cloroplastos dos organismos – o local onde ocorre a fotossíntese.

Eles também encontraram certas estruturas no centro de cada parede celular que se assemelham a características conhecidas em algas vermelhas, levando-os a concluir que estas criaturas podem ser as amostras mais antigas desse ser vegetal já encontradas.

A datação radiométrica revelou que os fósseis possuem cerca de 1,6 bilhões de anos de idade, o que é 400 milhões de anos mais antigo que a amostra anterior mais velha, datada em 1,2 bilhões de anos.

É claro que, sem qualquer evidência de DNA para sustentar a hipótese, nunca podemos saber com certeza se o que estamos observando na antiga rocha fossilizada é o que parece ser. Por causa dessa incerteza, é necessário esperar por mais fósseis para reforçar a reivindicação de que esta é a alga mais antiga conhecida.

Vida complexa: as implicações

O fato das algas vermelhas pertencerem à árvore genealógica eucariótica, que abrange todos os organismos complexos do planeta, incluindo animais, plantas, fungos e protistas, sugere que o começo dos organismos que eventualmente levaram aos seres humanos ocorreu mais cedo na história do que nós pensamos.

O achado, se verificado, também põe em questão nossas suposições sobre a Explosão Cambriana, um período que começou em torno de 550 a 545 milhões de anos atrás.

Este momento único na história da Terra deu origem à maioria dos principais grupos animais do planeta, mas esta descoberta sugere que o evento se iniciou muito mais cedo, e aconteceu mais gradualmente.

Se os fósseis de fato pertencerem ao grupo das algas vermelhas, então seus antepassados devem ser mais velhos, talvez tão velhos quanto 2,3 bilhões de anos ou mais.

Mesmo se os fósseis forem algo diferente de algas vermelhas, sua complexidade é impressionante, e poderia forçar uma revisão de quando a vida complexa apareceu no planeta.

A pesquisa foi publicada na revista PLoS One. [ScienceAlert]

Deixe seu comentário!