Este mapa espetacular contém 1 bilhão de estrelas

Por , em 23.09.2016

Gaia, uma sonda da ESA, está montando o mapa 3D mais detalhado já feito de nossa galáxia, registrando o brilho e posição no céu de 1,142 bilhões de estrelas, e a velocidade e distância de duas milhões de estrelas, em relação ao Sol.

A sonda Gaia foi lançada em 19 de dezembro de 2013, e está desde então estacionada no ponto lagrangiano L2 do sistema Sol-Terra, de onde examina o céu com seus dois telescópios.

Ela tem 106 CCDs (sensores fotográficos) formando o equivalente a uma câmera com resolução de um bilhão de pixels, e com esta super câmera ela consegue examinar 50 milhões de estrelas por dia, fazendo dez medições de cada vez, o que representa 500 milhões de dados de pontos por dia.

Esta quantidade imensa de informação foi usada para desenhar um catálogo da posição no céu de 1,142 bilhões de estrelas, com precisão variando entre 0,5 e 15 milissegundos de arco.

Este primeiro conjunto de dados foi publicado em um belo mapa (com 80 MBytes).

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Se olhar neste mapa você verá faixas e outros artefatos, que são o resultado da forma com que a Gaia examina o céu. À medida que a sonda faz mais medições, estes artefatos devem desaparecer gradualmente.

Além de incluir 200 milhões de estrelas a mais do que foi planejado inicialmente, o catálogo de um bilhão de estrelas vai permitir que pesquisadores compilem estatísticas importantes sobre vários tipos de corpos, algo que seria impossível sem esta coleta de dados.

Por exemplo, o catálogo contém dados sobre 250.000 quasares, bem como 3.000 estrelas variáveis do tipo Cefeidas e RR Lyrae. Inclusive com as curvas de luz destas estrelas variáveis.

“Estrelas variáveis como as Cefeidas e RR Lyraes são indicadores valiosos de distâncias cósmicas” aponto a dra. Gisella Clementini do Istituto Nazionale di Astrofisica (INAE) e do Observatório Astronômico de Bolonha, Itália.

“Enquanto a paralaxe é usada para medir as distâncias de grandes conjuntos de estrelas na Via Láctea diretamente, as estrelas variáveis servem como um degrau indireto mas crucial na nossa ‘escada de distâncias cósmicas’, permitindo que ela seja estendida a galáxias distantes.”

Outra coisa que os astrônomos fizeram foi comparar os dados obtidos pela Gaia e outros projetos anteriores, como a missão Hipparcos, de mais de vinte anos atrás, que tem cerca de 2 milhões de estrelas em comum com a missão Gaia.

Combinando as informações destes catálogos, foi possível separar os efeitos de ‘paralaxe’ e ‘movimento próprio’ mesmo para o primeiro ano de observações. A paralaxe é a mudança aparente na posição da estrela depois de meio ano, enquanto que o movimento próprio é o resultado do movimento físico da estrela pela galáxia.

Com a Gaia, os astrônomos passaram de 80 agrupamentos de estrelas a até 1.600 anos-luz do Sol, com a distância e movimento medidos, para 400 agrupamentos a até 4.800 anos-luz de distância, apontou a dra. Antonella Vallenari, também do INAF e Observatório Astronômico de Pádua, Itália.

Quinze trabalhos científicos descrevendo os novos dados e os processos de validação serão publicados em uma edição especial do periódico Astronomy & Astrophysics. [NationalGeographic, Sci-News, ESA, Gaia]

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