Estes voluntários trocaram de sexo usando realidade virtual

Por , em 22.01.2014

Muitas das aplicações interessantes da realidade virtual têm menos a ver com games e mais a ver com a percepção de si mesmo.

Como seria ver fora de sua própria experiência subjetiva?

Algumas pessoas descobriram isso com o projeto The Machine To Be Another, uma instalação de arte que usa o Oculus Rift (equipamento de realidade virtual baseado em um sistema visual do tipo head-mounted display) para deixar duas pessoas viverem dentro dos corpos uma da outra.

Antes de começar o experimento, ambos os participantes precisam concordar e sincronizar seus movimentos. Em seguida, eles recebem uma visão estereoscópica do que o outro está fazendo. Com isso, seus movimentos parecerem vir de outros corpos.

Como seria se eu fosse mais alto, ou mais baixo? Ou de um gênero diferente? Essas questões podem ser parcialmente respondidas pelo projeto. Obviamente, não é uma simulação perfeita, mas o objetivo é claro: dar uma ideia, mesmo que breve, do mundo cotidiano dos outros.

Como membros de um coletivo social chamado humanidade, a percepção de nossa própria identidade é baseada em nossa relação com outras pessoas e nosso ambiente social: como as pessoas nos veem, como agimos e interagimos com elas, e que autoimagem projetamos para esta sociedade e nós mesmos.

O The Machine To Be Another pretende enfatizar a importância de compreender o “outro” e “um ao outro” para entender melhor a nós mesmos.

A tecnologia do projeto é baseada em trabalhos publicados por pesquisadores sobre o assunto, de instituições como o Grupo Ehrsson do Karolinska Institutet, em Estocolmo (Suécia), e o Event Lab, em Barcelona (Espanha). O Hype já falou, inclusive, da pesquisa do Karolinska Institutet, que em 2008 fez um experimento usando duas câmeras presas à cabeça de um manequim e de um participante, para que os voluntários sentissem “uma troca de corpo”.

O sistema do The Machine To Be Another foi desenvolvido com o apoio do Laboratório de Mídia HANGAR e da Universidade Pompeu Fabra (ambos em Barcelona). Durante 4 meses, o projeto foi testado como uma aplicação social em uma série de experimentos e performances envolvendo pessoas da comunidade local do centro cultural L’estruch Cultural Center, em Sabadell, Espanha.

O projeto tem mostrado infinitas possibilidades. O próximo passo da investigação seria medir a empatia gerada entre os usuários.
Os desenvolvedores do The Machine To Be Another também estão interessados em colaborar com psicológicos dedicados ao tratamento baseado na mentalização, pesquisadores de ciências humanas que trabalham em resolução de conflitos e relações sociais, e neurocientistas que trabalham com reabilitação e percepção corporal.

O conhecimento de que a personificação pode ser manipulada para fazer as pessoas acreditarem que tem um novo corpo, além de ter um grande potencial prático na realidade virtual e na robótica, pode ser útil para tratar distúrbios de imagem corporal, como anorexia.

Para conferir um vídeo sobre as experiências do The Machine To Be Another, clique aqui. Vale lembrar que ele contém nudez e pode não ser adequado para assistir no trabalho. [Kotaku]

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