Estrelas capturam planetas nômades

Por , em 8.05.2012

“As estrelas trocam planetas, como times de baseball trocam seus jogadores”, brinca o físico Hagai Perets, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo que sugere que bilhões de estrelas em nossa galáxia têm capturado planetas órfãos, que antes vagavam pelo espaço interestelar.

Conhecidos também como planetas nômades ou órfãos, esses objetos espaciais são planetas ejetados de seus sistemas, que passam a vagar pela galáxia, até encontrarem uma casa nova em um novo sistema.

Agora, os resultados encontrados por Perets podem explicar a existência de tais planetas e até mesmo de sistemas formados por apenas dois planetas. O feito, também atribuído a Thijs Kouwenhoven, da China, será publicado no renomado periódico “The Astrophysical Journal” (A Revista da Astrofísica, em tradução livre).

Em simulações com jovens aglomerados de estrelas (clusters, na terminologia científica), onde também existem tais planetas interestelares, Perets e Kouwenhoven descobriram que se o número de planetas nômades se igualasse ao número de estrelas, então, de 3% a 6% das estrelas iriam se apoderar de um planeta no decorrer do tempo. E vale lembrar que quanto maior for a estrela, maior a possibilidade dela “prender” o planeta.

Os autores do estudo explicam que quanto mais próximas elas estiverem em um pequeno espaço, maior a chance de captura dos planetas órfãos. “Isso se deve ao fato de que, mais tarde, os clusters se dispersam e, assim, fica bem mais difícil para as estrelas apanharem tais planetas”, esclarece Perets.

Expulsos de casa

Perets conta que os planetas nômades são consequências naturais das formações estelares. “Sistemas recém-nascidos contêm, muito frequentemente, múltiplos planetas. Mas, se dois interagem, um pode ser ejetado, transformando-se em um viajante interestelar”, explica o cientista de Harvard.

Apesar das pesquisas, nenhum astrônomo até hoje conseguiu detectar um caso indubitável de planeta capturado. O fato é explicado pelas interações gravitacionais que acontecem dentro do sistema planetário, que podem jogar um planeta em uma órbita que imita as características de um planeta capturado.

A melhor evidência reunida até hoje sobre tal fenômeno é de autoria do Observatório Europeu do Sul, que em 2006 anunciou a descoberta de dois planetas (pesando 14 e 7 vezes o peso de Júpiter) que orbitavam um ao outro. “Esse é o mais próximo dos sistemas planetários duplos que a ciência chegou até hoje”, diz Perets. “Para reunirmos mais provas, precisamos estudar muitos outros sistemas planetários”. [ScienceDaily]

18 comentários

  • Alberto Campos:

    Gilberto M.
    1 – Nada é totalmente garantido em cosmologia. Você vai ter várias opiniões e deve julgar a melhor. Minha opinião é que a gravidade não desaparece, apenas se espalha e como tal deixa de agir como agia no planeta em questão. Sendo assim, ele ficaria mais solto e mudaria de lugar.
    2 – Pode até ter. Uma explosão vai deixar o planeta mais souto e pode até manda-lo para o espaço.

  • Gilberto M.:

    Tenho uma algumas dúvidas, se alguém puder ajudar, agradeço.
    1- O que acontece gravitacionalmente com os planetas quando sua estrela explode?
    2- Existe alguma relação entre explosão estelar e planetas errantes?
    Obrigado.

    • Jonatas:

      Para saber o destino dos planetas, tem que estudar as próprias fases que as estrelas vivem, além das órbitas e estruturas dos planetas.
      Vamos considerar o Sol. O Sol é uma estrela que não explode, apenas se expande. Quando ele esgotar seu combustível, seu interior entra num processo de superaquecimento e suas camadas se expandem a centenas ou milhares de vezes o volume atual formando uma estrela chamada gigante vermelha, assim como Aldeberã e Antares. Expandido, os planetas Mercúrio e Vênus são engolidos pela superfície do Sol, porque estão muito próximos. Entretanto, a estrela expandida acaba perdendo potencial gravítico, o que acontece é que as órbitas planetárias gradualmente aumentam, deixando os planetas até o dobro mais afastados. Isso não impede que o vento e o brilho intenso simplesmente os derreta a calores infernais, passando de 1000 graus na Terra. Por uns milhões de anos, as gélidas luas dos planetas gigantes podem ter sua água convertida em oceanos e mananciais abitáveis. Os planetas gigantes tenderão a imitar o Sol ao serem atingidos pelo vento, tendo suas atmosferas expandidas como acontece com o distante exoplaneta Osíris, de tipo jupiteriano mas perto demais de seu Sol. Os Planetas anões também poderão ter oceanos, mas os mais distantes, como Sedna, podem escapar do Sistema Solar com o afastamento orbital.
      Devo lembrar, uma estrela expandida aumenta exponencialmente em tamanho e brilho, mas diminui violentamente em densidade e gravidade.
      Agora, voltando a pergunta original, a da supernova, ela vem em estrelas mais massivas que o Sol, que viram super-gigantes-vermelhas, e estrelas muito mais massivas que o Sol, cuja energia é tão violenta que o astro explode antes de virar gigante. Nesse último caso esqueça, esses monstros nem chegam a formar planetas e se tivessem seu vento os destruiria.
      Mas as estrelas até 10 vezes mais massivas que o Sol podem ter ocasiões interessantes. Uma supernova pós super-gigante-vermelha certamente destruiria todo o seu sistema planetário deixando só destroços pra trás. Mas o mais bizarro foram as descobertas de planetas onde não deviam existir: ao redor de pulsares. Os pulsares são o núcleo remanescente depois de uma supernova, são cadáveres estelares. Duas teorias tentam explicar isso. A captura, por parte da super gravidade do pulsar, de planetas errantes perdidos pelo cosmos. E a mais poética, uma segunda geração de planetas, formados de parte dos restos da estrela que explodiu e dos planetas destruídos, como uma fênix nascida de suas cinzas.

    • Cesar Grossmann:

      Se fosse só a perda de massa, o que acontece é que a órbita do planeta vai ficando maior à medida que a estrela central vai perdendo massa. Mas tem mais, a perda de massa da estrela é feita via vento solar, o que causa a diminuição da massa do planeta também, já que ele vai perdendo atmosfera, que vai sendo arrastada pelo vento solar. Só que neste caso a órbita diminui. Tem que ver qual o efeito mais forte.

      Mesmo a estrela explodindo, vai ficar um núcleo remanescente, e os planetas que sobrarem vão continuar em órbita deste núcleo, só não na órbita original.

      Quanto à segunda pergunta, não, os planetas errantes não são o resultado de explosão de estrelas, mas de interação gravitacional entre as estrelas. Em grupos de estrelas elas estão perto demais, e acabam perturbando a órbita dos planetas que estão orbitando as estrelas próximas. Esta perturbação pode resultar em uma ejeção de um planeta.

  • Andre Luis:

    Realmente devem haver muitos planetas nômades soltos por ai no Universo!

  • Alberto Campos:

    Se o Jonatas é o mediador, eu sou opositor. Isto é: só digo coisas contrárias ao conhecimento popular. Isto porque tenho a minha maneira própria de pensar e discordo da opinião dos cientistas. No universo, tudo se atrai. Dizer que as galáxias e repelem é contra intuitivo, nenhum corpo se repele. Tudo se atrai e se funde desde os primórdios. As estrelas atraem os planetas, os cometas, os asteroides, etc. No universo tudo se atrai. Matéria atrai matéria. Também não concordo com a frase dita acima: “As estrelas trocam planetas, como times de baseball trocam seus jogadores”. Os planetas errantes são separados de suas estrelas por algum acidente (choque de galáxias) ou são produzidos nos ninhos de formação de estrelas, ou ainda no cinturão de asteroides. Troca de planetas eu acho que não é o certo.

    • Jonatas:

      A gravidade que atrai os corpos também pode expulsa-los, por vários fenômenos orbitais, sendo o principal deles a aceleração. Pela lógica, é na verdade mais comum sistemas perderem planetas do que se imagina, porque órbitas são sistemas delicados, uma resultante de duas forças que devem estar em equilíbrio: A atração gravitacional e a velocidade do objeto. Se a velocidade vence a gravidade, o objeto dispara cosmos a fora, e isso não é tão raro. Se a gravidade vence, a colisão é uma questão de tempo, e isso também não é raro.
      Isso é dinâmica orbital, não simplesmente gravidade atraindo corpos. Se isso que citastes fosse a regra do Universo, que tudo se atrai pela gravidade, não teríamos planetas porque eles seriam engolidos pelo Sol. A união do Sistema Solar não é a gravidade, é a gravitação e o movimento dos corpos em equilíbrio, e se esse equilíbrio balançar pra um dos lados, ou o Sol engole ou o Sol perde o planeta. O Sistema Solar parece estável, mas temos um passado mais acidentado como vemos nas velhas superfícies de Mercúrio e da Lua, além de estudos e simulações que apontam que o Sistema perdeu planetas no passado.
      Ao dizer que estrelas trocam planetas como times trocam jogadores, refere-se ao fenômeno em que sistemas planetários perdem planetas tanto como podem capturar outros. Talvez isso explique a variedade substancial no Sistema Solar.

  • Jonatas:

    Planetas errantes e sem sol são chamados de Planêmos, e podem estar rodopiando sem ano pela galáxia aos bilhões. No Sistema Solar, a astronomia não reconhece atualmente nenhum Planeta que tenha sido capturado, todos são da família porque orbital o Sol na mesma direção da rotação da estrela central.
    No entanto, temos muitos objetos capturados no Sistema Solar no papel de luas. Ao redor de Marte ficam Fobos e Deimos, dois asteróides pequenos e irregulares capturados pela gravidade marciana. Fobos está perto demais e vai cair em Marte no futuro. Nem só de pequenos asteróides vive o cenário dos objetos solares capturados, numa órbita drasticamente distante de Saturno está Febe. Logo que encontrado, se questionou se Febe era um objeto seguindo Saturno ou uma lua orbitando-o, dada a órbita afastada e o movimento orbital muito lento. Febe da dores de cabeça ainda maiores, porque com 200 km de diâmetro médio, ele é levemente esférico, algo singular para um objeto menor que o menor planeta-anão concebível. Muitos asteróides e luas, como a Hypérion de Saturno, são maiores que Febe e completamente irregulares. Em termos de constituição e natureza, não seria estranho se descobrissem que o microplaneta veio de além do Cinturão de Kuíper ou de além dos domínios do Sol, sendo um minúsculo exoplaneta capturado por Saturno.
    Outro objeto capturado é de fato planetário, Tritão, lua de Netuno. Tritão é maior que Plutão e qualquer outro Planeta Anão conhecido. Sua distância a Netuno é menor que a distância da Lua à nós; a diferença é que Netuno é um Gigante 50 vezes maior que a Terra, e Tritão o orbita na direção oposta à rotação do planeta. Imagina-se que um dia a colisão entre os dois será iminente.

    • JHR:

      Jonatas, uma dúvida:

      O que define a órbita, ou seja, a distância do planeta a estrela que ele orbita?

    • Jonatas:

      Não, uma órbita é o caminho que o Planeta percorre ao redor de sua estrela, ou uma lua ao redor de seu planeta. No Sistema Solar, as órbitas predominantes, as dos planetas, é levemente elíptica, praticamente circular, ou seja, se você desenhar um traço no caminho que a Terra percorre no espaço, terá um círculo ao redor do Sol, essa é a órbita.
      O movimento dum Planeta, que desenha essa órbita, é uma resultante de duas forças: a atração gravitacional do Sol perpendicular à velocidade orbital do Planeta. Essas forças atuam constantemente e equilibram a órbita, do contrário, se a velocidade orbital vacilasse a gravidade vencia e o Sol engoliria o Planeta, e se a gravidade Solar vacilasse a velocidade superaria a atração e o Planeta se perderia pelo cosmos a fora.
      Existe um equilíbrio flutuante até nas mais elípticas órbitas, como as dos cometas. Quanto mais perto do Sol, maior a velocidade orbital pra compensar a atração gravitacional mais intensa, quanto mais distante menor a velocidade orbital e assim o astro não escapa da gravidade do Sistema.
      É por causa desse equilíbrio, e muitos outros fatores determinantes, que estamos aqui. 🙂

    • Cesar Grossmann:

      Não sou o Jonatas, mas posso responder: a distância é definida pela formação do planeta, e pela história dele.

      Os planetas se formam pela agregação de material do anel ou disco protoplanetário, e a sua composição e dimensão são determinados pela densidade e composição do anel, ou pelo menos assim se supõe.

      Mas parece existir um outro fator que altera a distância em que os planetas se encontra, que é a interação da atmosfera com o vento estelar. Todas as estrelas apresentam a atividade chamada de vento estelar, e quando ele é muito intenso ou se o planeta não tem proteção contra ele, partes das atmosferas planetárias podem ser arrancadas. Isto acontece com a Terra e com Marte, por exemplo (pelo menos já foi documentado os dois planetas perdendo bolhas de atmosfera por causa do vento solar).

      Quando um planeta perde atmosfera, ele perde também massa. Só que um dos comportamentos físicos que existe é a conservação do momento angular. Quando o planeta perde massa, pelo momento angular ele acaba se aproximando mais da estrela.

      Então não existe uma regra que diga a que distância um planeta deve estar. Planetas jovianos quentes já foram encontrados orbitando suas estrelas mais perto do que Mercúrio orbita o Sol, por exemplo.

    • JHR:

      Ok! Faz sentido.
      Aí vai outra:
      No caso de planeta nômade, quando o mesmo é atraído pela gravidade da estrela, por não ocorre a calisão como vemos com meteoritos?

    • Cesar Grossmann:

      JHR, uma colisão pode ou não acontecer. Quando um asteroide, ou mesmo um planeta, se aproxima de uma estrela ou outro corpo qualquer, os dois estão interagindo gravitacionalmente. Só que os dois já tem um momento linear, que é, a grosso modo, o “impulso” que eles tem: eles estão viajando a uma velocidade em uma direção. Se a direção leva eles em um curso de colisão para o planeta ou estrela em questão, a colisão é certa, mas se não, então o corpo pode entrar em órbita, ou começar a espiralar em direção do corpo central, ou apenas curvar um pouco a trajetória.

      Não é como se só pelo fato de ter uma força atraindo, que o corpo tem que seguir direto a atração. Se fosse assim, não dava para jogar uma pedra lá longe, assim que ela deixasse a nossa mão ela cairia reto em direção ao chão.

      -oOo-

      Complementando, a gravidade atrai a Lua, mas a Lua não atinge a Terra, atinge? É o que mantém ela em órbita, assim como a gravidade do Sol mantém a Terra em órbita da mesma.

      Uma coisa interessante é que a gravidade pode ser utilizada para acelerar uma sonda, o chamado “estilingue gravitacional”. Isto é contra-intuitivo a princípio, temos a impressão que o tanto de aceleração que o corpo ganha se aproximando é o mesmo tanto que ele perde quando se afasta, o que daria um ganho líquido zero. Só que como os dois corpos estão em órbita e viajando na mesma direção, o que acontece é que o tempo em que o corpo é acelerado por se aproximar é mais longo que o tempo que ele perde velocidade por se afastar, dando um resultado líquido positivo: efetivamente dá para acelerar sondas, como já foi feito. Assim dá inclusive para ganhar velocidade para deixar o sistema solar, como aconteceu com as Pioneer e as Voyager.

    • Marcelo MAM:

      Jonatas, uma dúvida:
      O que aconteceria Se um planeta nômades com massa parecida com a da Terra entresse em órbita em nosso sistema solar
      entre a Terra e Marte?
      As nossas órbitas sofreriam algum problema ou a gravidade deste planeta poderia causar algum dano aos nossos planetas?

    • Jonatas:

      Não seria muito bom, mas a longo prazo, acredito, apenas é que daria alguns problemas. É que a Terra e Marte não estão numa ressonância orbital tão perigosa, por isso estimo que não causaria maiores estragos tão cedo *a longo prazo sim, a Lua poderia ter sua órbita danificada, cair na Terra ou se perder no espaço, por exemplo. No passado, quando Jupiter e Saturno entraram em ressonância causando ondas de gravidade que tombaram Urano e jogaram Netuno pra longe, foi bem pior *vide migração planetária, o desequilíbrio foi tal que pode explicar naturezas além, como o Cinturão de Kuíper, o Disco Disperso, pra ser mais exato, e pode também explicar o bombardeamento que trouxe a água da Terra *cometas errantes em maior atividade vindo na direção do Sol.

  • Glauco Ramalho:

    O processo correto de captura de planetas – cometas – por estrelas já foi suficientimente descrito por Immanuel Velikovsky e pelo Prof. James McCanney,

    • Jonatas:

      Mas tu és o nosso mediador, descreva-nos esse processo?

    • Glauco Ramalho:

      Acompanhe mentalmente as imagens:
      Um corpo vindo não importa de onde, de qualquer formato, possui potencial elétrico negativo em comparação ao ambiente que ele adentra – nesse caso um ambiente estelar com potencial elétrico positivo infinitamente superior a ele, proporcionado pelo vento estelar dessa estrela. Naturalmente esse objeto tenta entrar em equilíbrio elétrico com o ambiente, descarregando esse potencial elétrico em forma de plasma – eu gosto de pensar em forma de fogo elétrico.

      Essa descarga elétrica, além de proporcionar o formato específico de um cometa – corona e cauda -, suga todo o material que existe em sua região – material esse vindo do vento solar. Se esse corpo for grande o bastante, prenderá esse material gravitacionalmente em sua superfície, fazendo-o crescer de tamanho em forma esférica.

      A cauda cometária desse corpo, extremamente energética em forma eletromagnética, arrasta esse objeto em sua órbita gravitacional ao redor dessa estrela, fazendo com que aos poucos – séculos e séculos -, sua órbita se torne mais circular e menos excêntrica. Nesse momento ele pode se tornar um planeta ou uma lua de outro planeta, dependendo do caminho por onde ele passou. Nesse momento ele deixa de ser um cometa e passa a ser um planeta.

      Ou seja, os Sistemas Estelares evoluem e crescem de tamanho com o tempo capturando novos elementos, e não todos de uma vez como o axioma do disco protoplanetário diz. Isso explica tantas diferenças entre os planetas e as luas presentes no nosso Sistema Solar: vieram em tempos diferentes e com períodos de evolução diferentes. E para isso basta que os astrofísicos assumam que existem cargas elétricas estelares livres no espaço, sem necessidades de teorias que precisam ser atualizadas a cada nova observação.

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