Mais de 100 bilhões de anãs marrons podem estar escondidas na Via Láctea

Por , em 7.07.2017
This artist's conception illustrates the brown dwarf named 2MASSJ22282889-431026. NASA's Hubble and Spitzer space telescopes observed the object to learn more about its turbulent atmosphere. Brown dwarfs are more massive and hotter than planets but lack the mass required to become sizzling stars. Their atmospheres can be similar to the giant planet Jupiter's. Spitzer and Hubble simultaneously observed the object as it rotated every 1.4 hours. The results suggest wind-driven, planet-size clouds. Image credit:

As anãs marrons, estrelas falhas que não conseguiram começar a fusão nuclear e que são mais parecidas com planetas do que com estrelas, são muito mais abundantes na nossa Via Láctea do que os astrônomos imaginavam. Uma nova pesquisa sugere que uma enorme quantidade de 100 bilhões deste corpos celestiais pequenos e fracos pode estar à espreita em toda a Via Láctea.

Como a maioria das estrelas, as anãs marrons se formam quando nuvens de gás interestelar e poeira colapsam sob sua própria gravidade. Nas estrelas de sequência principal, como o nosso sol, o calor e a pressão inflamam o núcleo através da fusão nuclear. Mas algumas estrelas aspirantes nunca alcançam esse ponto: em vez disso, elas entram em um estado estável antes que a fusão possa começar. Sem fusão, essas estrelas falhadas não emitem muita luz, e podem ser difíceis de observar para os astrônomos. Este novo estudo tenta identificar a quantidade de anãs marrons que se escondem na Via Láctea, revelando um número que é muito maior do que o esperado.

Estudos anteriores determinaram que há cerca de seis estrelas para cada anã marrom em nossa vizinhança cósmica. Esses estudos apenas analisaram anãs marrons dentro de uma faixa de cerca de 1.500 anos-luz da Terra, onde objetos tão fracos e pequenos são mais fáceis de detectar. No entanto, toda a Via Láctea abrange uma distância muito maior, de cerca de 100.000 anos-luz, e nossa vizinhança não é exatamente representativa de toda a galáxia.

Três vezes mais

Usando observações do espaço profundo feitas no Very Large Telescope do European Southern Observatory no norte do Chile, uma equipe internacional de astrônomos pesquisou grupos de estrelas na Via Láctea para determinar o quão comum esses objetos realmente são. O time, liderado por Koraljka Muzic, da Universidade de Lisboa, em Portugal, e Aleks Scholz, da Universidade de St Andrews, na Escócia, começou a buscar anãs marrons em regiões próximas de formação de estrelas em 2006.

Enquanto eles estavam conduzindo sua pesquisa “Substellar Objects in Near Young Clusters” (SONYC), os pesquisadores descobriram que o conjunto de estrelas NGC 1333 continha um número excepcionalmente alto de anãs marrons. Em vez de uma anã marrom por cada seis estrelas, cerca de um terço das estrelas neste conjunto de estrelas são anãs marrons – três vezes a estimativa anterior.

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A princípio, eles não tinham certeza se o NGC 1333 era apenas um ponto bizarro cheio de anãs marrons ou se essa observação tinha maiores implicações. Assim, os pesquisadores expandiram sua pesquisa para examinar um pedaço maior da Via Láctea. Eles então viraram o telescópio para outro grupo de estrelas chamado RCW 38, que fica a 5.500 anos-luz de distância, na constelação de Vela. Este grupo não só está aproximadamente cinco vezes mais distante da Terra do que as regiões previamente pesquisadas, mas também é mais densamente povoado, com astros maiores e brilhantes.

Para detectar as anãs marrons no RCW 38, os pesquisadores usaram uma câmera especial de ótica adaptativa no Very Large Telescope do European Southern Observatory chamada NACO. Este instrumento combina duas tecnologias: o Nasmyth Adaptive Optics System (NAOS), que neutraliza a distorção causada pela turbulência na atmosfera da Terra, e o Near-Infrared Imager and Spectrograph (CONICA), uma câmera e espectrômetro infravermelho. Como as anãs marrons emitem luz vermelha e infravermelha, essas tecnologias permitiram que os pesquisadores observassem os objetos distantes, fracos e minúsculos escondidos entre uma multidão de estrelas grandes e brilhantes.

Mais uma vez, os pesquisadores contaram cerca de um terço de anãs marrons em RCW 38. “Isso está de acordo com os valores encontrados em outras regiões jovens formadoras de estrelas, não deixando evidências de diferenças ambientais na eficiência da produção de anãs marrons e estrelas de massa muito baixas possivelmente causadas por altas densidades estelares ou presença de numerosas estrelas maciças “, escreveram os autores do estudo em um documento de pesquisa.

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“Nós encontramos muitas anãs marrons nesses aglomerados. E seja qual for o tipo de aglomerado, as anãs marrons são realmente comuns”, disse Scholz em um comunicado. “Anãs marrons se formam ao lado de estrelas em cachos, então nosso trabalho sugere que há uma enorme quantidade de anãs marrons lá fora”.

Os pesquisadores determinaram que o número mínimo de anãs marrons na Via Láctea está em algum lugar entre 25 bilhões e 100 bilhões. Mas há provavelmente muito mais do que isso, os pesquisadores suspeitam, porque há muitas mais anãs marrons na galáxia que são muito pequenas e fracas para serem detectadas nos telescópios de hoje. [Space]

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