Estresse muda o efeito do álcool em cada pessoa

Por , em 20.07.2011

Se sua intenção for sair para encher a cara, preste atenção no seu nível de estresse, pois ele pode mudar o resultado final de uma noite de bebedeira.

Segundo um novo estudo, o estresse pode determinar se o álcool lhe dará energia ou o deixará sonolento.

Na maioria das vezes, as pessoas que bebem têm uma dessas duas reações: ou são estimuladas e ficam energizadas, animadas, falantes, vigorosas, ou se tornam sonolentas, incapazes de se comunicar e às vezes tristes ou manhosas.

O novo estudo mostrou que quando o estresse se mistura com a bebedeira, as pessoas normalmente têm o oposto de sua reação usual.

Ou seja, os participantes que disseram que normalmente são estimulados pelo álcool relataram sentir-se sedados quando foram colocados em uma situação estressante antes de beber.

Já aqueles que disseram que geralmente se sentem sedados depois de beber, tornaram-se menos sonolentos e desejaram mais álcool quando ficaram estressados antes de beber.

Segundo os pesquisadores, esses resultados podem fornecer uma explicação fisiológica do por que algumas pessoas bebem mais quando estão estressadas.

25 homens saudáveis, a maioria com cerca de 20 anos e de ascendência europeia participaram do estudo. Os pesquisadores os colocaram em uma situação estressante ou não estressante.

As situações não estressantes incluíam jogar paciência no computador. As situações estressantes incluíam contagem regressiva em voz alta de múltiplos de 13, e falar diante de pessoas não interessadas.

Cada participante recebeu, então, uma quantia via intravenosa de álcool (o equivalente a 2 a 3 cervejas) ou uma solução salina neutra.

Os pesquisadores monitoraram frequência cardíaca, nível de álcool no sangue, hormônios do estresse e níveis de pressão arterial dos participantes enquanto eles respondiam a um questionário destinado a medir sua ansiedade, calma e desejo de mais álcool.

Este foi o primeiro estudo sobre a relação entre álcool e estresse que trabalhou com álcool por via intravenosa. O método permitiu que os pesquisadores escondessem dos participantes se eles estavam recebendo álcool ou placebo.

Quando as pessoas sabem que estão bebendo álcool, podem esperar se sentir bem ou estimuladas. Como os participantes não sabiam, suas respostas foram afetadas apenas pelos efeitos neurológicos do álcool, não a expectativa dele.

A ideia de que o estresse altera os efeitos do álcool pode ajudar a explicar por que estresse e alcoolismo acompanham um ao outro com tanta frequência. Se o estresse diminui o efeito energizante que algumas pessoas associam com a bebida, elas podem beber mais para sentir esse efeito.

Já as pessoas que geralmente são sedadas pelo álcool podem acabar bebendo mais também, já que o estresse elimina os efeitos desagradáveis sedativos do álcool e os energiza. Isso é preocupante, pois, se você tem estresse agudo, em algum ponto você aprende a voltar para casa e tomar um copo de vinho ou uma cerveja; nesse caso, você aumenta o risco de transtornos relacionados ao estresse, incluindo vício em álcool e drogas.

Quem é provável de experimentar o álcool como uma droga gratificante após o estresse? As pessoas que normalmente não experimentam o álcool como um estimulante, apenas após uma situação estressante.

Essa sensação de alívio, inclusive, é uma farsa. O novo estudo relatou que o álcool amortece a resposta hormonal normal do corpo ao estresse.

O estresse agudo é tipo uma ameaça externa ao organismo. Ao contrário do estresse crônico, que é uma condição que se acumula ao longo dos anos, a resposta ao estresse agudo é na verdade uma coisa benéfica. Se você alterar isso com o álcool, o corpo parará de lidar de forma eficiente com o estresse – o que o vai tornar pior, e não melhor.

Mais estudos devem ser realizados na área, incluindo as mulheres. Os resultados devem ser iguais, já que se tende a ver os mesmo efeitos sedativos e estimulantes nelas.[LiveScience]

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