Sabonetes antibacterianos foram proibidos nos EUA, descubra o porque

Por , em 6.09.2016

Sabonetes antibacterianos normalmente são comercializados com o slogan: “mata 99,99% das batérias”. O problema, porém, é esse 0,01% de bactérias resistentes que são selecionadas e continuarão se multiplicando. Além deste efeito colateral do uso exagerado do produto, ele também não é mais eficiente que lavar as mãos com água e sabonete comum.

Por isso, o Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, baniu a venda desse tipo de sabonete. A proibição foi oficializada na última sexta-feira (2), e os fabricantes têm 12 meses para parar de utilizar as 19 substâncias proibidas, entre elas o triclosan e triclocarban.

“Os consumidores podem pensar que sabonetes antibacterianos são mais eficientes em prevenir germes, mas não há evidência científica de que ele é melhor do que sabonete comum e água”, explica Janet Woodcock, diretora do FDS. “Na realidade, alguns dados sugerem que ingredientes antibacterianos podem trazer mais danos do que benefícios em longo praço”.

Sabonete antibacteriano vs. sabonete comum

Enquanto o sabonete comum remove os germes mecanicamente das suas mãos, o sabonete antibacteriano contém substâncias para matar bactérias ou inibir sua multiplicação.

Allison Aiello, epidemiologista da Universidade da Carolina do Norte, diz que há extensa literatura que sugere que triclosan não traz benefícios práticos quando comparado com sabonete comum.

Um desses estudos publicados na revista Journal of Antimicrobial Chemotherapy em setembro de 2015 comparou sabonete com tricosan com sabonete comum em testes em laboratório e na mão das pessoas.

Os voluntários do estudo foram expostos a um tipo comum de bactéria que pode infectar pessoas com sistema imunológico enfraquecido, e em seguida lavaram as mãos com os dois tipos de sabonete, separadamente. Os cientistas não observaram diferença entre os sabonetes.

Em testes de laboratório, pesquisadores expuseram 20 tipos de bactérias ao sabonete de tricosan para ver em quanto tempo as bactérias começariam a sofrer com os efeitos do produto.

Nove horas foram necessárias para que a substância começasse a sofrer com os efeitos antibacterianos do sabonete. Considerando que o centro de controle de doenças dos EUA recomenda que as pessoas passem cerca de 20 segundos lavando as mãos, o sabonete não tem nenhum efeito químico no processo.

Seleção de bactérias resistentes

Triclosan pode até não ter tempo suficiente para matar as bactérias da mão durante a lavagem, mas ele continua agindo no sistema de águas da cidade, indo parar em rios e lagos. Além de selecionar as bactérias mais fortes e torná-las resistentes aos antibióticos, o triclosan também afeta a regulação hormonal em animais e mata algas.

A proibição não pegou todos os estados americanos de surpresa. O estado de Minnesota foi o primeiro a banir o triclosan em 2014, quando a substância foi encontrada em lagos e pequenos rios.

“Lavar as mãos com sabonete comum e água corrente é a melhor coisa que os consumidores podem fazer para evitar ficar doentes e prevenir a contaminação de germes entre pessoas”, diz comunicado do FDA. [Science Alert, IFLScience]

2 comentários

  • Fernando Hottum:

    Fica uma questão, que depois de ter postado um comentário, acabou me vindo à reflexão. Mas e se o sabonete comum, ao eliminar bactérias e vírus, também permitir que um pequeno grupo de bactérias não seja eliminado (isso com certeza ocorre), essas bactérias, a semelhança das que ficam após o uso de um antibacteriano, também podem adquirir e reproduzir resistência. Isso não significaria um resultado similar? A não ser que a FDA tenha detectado impacto ambiental maior do que o divulgado, fica a dúvida.

  • Fernando Hottum:

    Uso já fazem 11 anos, desde que surgiu a H1N1, um sabonete líquido anti-bacteriano. Minha preocupação sempre foi no sentido de que ele elimina tanto os organismos “amigos”, que protegem nosso maior órgão, como os “inimigos”. Mas nunca me ative a questionar seu uso em relação a esse percentual que não é atingido e que pode formar resistência. Em relação ao impacto nas águas, é difícil aferir se os componentes do sabonete comum são tanto ou menos impactantes, mas na questão da resistência de bactérias fico alarmado, porque para estar sendo proibido pela FDA, é preciso estarmos alertas. O de que eu faço uso tem sim o tricocarban em sua composição. Vou esperar meu pequeno estoque acabar e revisar o uso.

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