Extrovertido x tímido: o que forma nossos comportamentos?

Por , em 30.05.2012

Nós todos os conhecemos o “exuberante”, “extrovertido”, “boa-pinta”, que não abre mão de fazer um social, e o “reservado”, “tímido”, que nunca pode comparecer a um evento.

Em um determinado dia, é claro, qualquer um de nós pode querer aparecer espontâneamente em uma festa ou passar algum tempo sozinho. Mas em termos de sociabilidade em geral, a maioria de nós cai dentro de uma faixa média, em algum lugar entre o extrovertido e tímido.

Uma minoria de pessoas, no entanto, se localiza entre os extremos.

Quanto à forma como passamos a ter personalidades tão variadas quando adultos, a ciência cada vez mais apóia o que muitos de nós poderia supor: uma combinação de “natureza” (biologia inata) e “criação” (meio ambiente e educação) é o que forma nossos modos de comportamento.

Nascido desta forma

Longos estudos de monitoramento de crianças até a idade adulta têm sugerido que nascemos com predisposições para responder ao ambiente de um modo particular.

Psicólogos se referem a esta responsividade construída como “temperamento”.

Os pesquisadores têm visto que cerca de 40% dos bebês são “comportamentalmente desinibidos”, o que significa que eles não reagem muito quando são apresentados a novos estímulos. Eles simplesmente tomam a novidade de uma forma calma.

Outros 15 a 20% dos bebês são ao contrário, inibem esse lado do comportamento. Quando apresentados a luzes, sons, objetos ou pessoas desconhecidas, este último grupo é extremamente reativo – batem seus braços e pernas, choram ou mostram outros sinais de excitação.

Na idade adulta

Esse sereno ou ansioso berço é o retrato falado de sua futura personalidade. Aqueles que calmamente absorvem a estimulação, por exemplo, provavelmente vão continuar fazê-lo.

Mas a busca por estímulos pode ir longe demais. Os 5% ou mais de crianças que passam a desenvolver déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tendem a vir do berço comportamentalmente desinibido. Algumas dessas crianças são sub-estimuladas e saem à procura de comportamentos de risco.

É uma surpresa então que o TDAH em adolescentes e adultos têm sido relacionados a muitos resultados adversos na vida, tais como maior incidência de acidentes de carro e crimes. Alguns estudos descobriram que grande parte dos presos tem TDAH (muitas vezes não diagnosticado e não tratado).

De hesitantes a solitários

Na tentativa de superestimular os 20% das crianças que antes se agarravam as pernas de suas mães, uma percentagem delas ficam ainda mais acuadas na adolescência.

Pelo menos essa é a imagem dos Estados Unidos, onde a sociabilidade é culturalmente valorizada a despeito da solidão.

Mas a timidez “normal” é muito comum, afetando cerca de 40% dos adultos. As pessoas tímidas vão a festas, bares, locais públicos – elas não têm um problema em sair, mas têm problemas quando chegam lá.

Alguns destes indivíduos atravessam a fronteira da timidez típica e do constrangimento social, chegando no chamado transtorno de ansiedade social. Sofrem desta doença pessoas que podem entrar em um ônibus, ir ao trabalho, mas têm dificuldade nas demais situações sociais.

No fim, as pessoas com plena fobia social têm dificuldade para sair de sua casa, devido a persistentes sentimentos de humilhação em conjunto com extrema timidez. Outra doença muito semelhante, chamada de transtorno de personalidade esquiva, também é reconhecida dentro da psiquiatria.

Medicamentos, incluindo inibidores de recaptação da serotonina (SSRIs), podem ajudar, sublinhando o componente biológico da personalidade.

Neuro-personalidade

Uma variedade de produtos bioquímicos podem influenciar a maneira como agimos, inclusive evitando timidez excessiva ou impulsos por atividades estimulantes.

Os introvertidos tendem a ter um sistema nervoso mais sensível, e por isso eles reagem mais fortemente tentando minimizar o estímulo.

Entre os principais fatores que afetam essa sensibilidade está o nível de monoamina oxidase (MAO) no cérebro. Esta enzima quebra neurotransmissores, como a serotonina, que as células usam para se comunicar. Extrovertidos tendem a ter menor quantidade de MAO, assim, eles são mais “saidinhos” que os introvertidos.

Por mais estranho que pareça, no entanto, uma parte do cérebro introvertido que é descontrolada é a amígdala, de acordo com os estudos. A amígdala desempenha um papel na geração de sentimentos de medo.

Genes, somados à influências do meio ambiente, determinam a forma e a função de nossos cérebros e corpos. Mas genes distintos em extrovertidos e tímidos aparentemente não existem. E nem eram esperados, já que personalidade e comportamento são interações complexas. Enquanto não podemos decidir o formato natural do nosso cabelo ou escolher ter um pouco mais de altura, podemos conscientemente modificar nosso comportamento para exigir menos atenção ou para se soltar um pouco mais. [LifeScience]

5 comentários

  • Ludmyla Barbosa:

    A imagem não foi meio infeliz… Desde quando ser tímido é sinônimo de ser triste e extrovertido de ser feliz?

    • Ludmyla Barbosa:

      Desconsidere o “não”

  • Fábio De Paiva Schrier:

    Patrícia, a ideia foi boa mas o texto ficou muito confuso. O tópico “nascido dessa forma” por exemplo está quase ininteligível.

  • Henrique Martins:

    Sou tímido e não acho que seja biologia inata, e sim influencia dos país e da sociedade,não descartando o fato de também sofrer um pouco influencia genética.

  • Rafael2:

    Apesar de tecnicamente complexo o artigo, é interessante notar a influência da neuroquímica nos comportamentos humanos.

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