Facebook está criando conexão cérebro-computador que permitirá textos escritos com o pensamento

Por , em 25.04.2017

O Facebook revelou que tem uma equipe de 60 engenheiros trabalhando na construção de uma interface cérebro-computador que permitirá que você digite com apenas sua mente – e sem implantes invasivos. A equipe planeja usar imagens ópticas para escanear seu cérebro cem vezes por segundo para detectá-lo falando silenciosamente em sua cabeça, e traduzir isso em texto.

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Regina Dugan, chefe da divisão Building 8 do Facebook, explica que o objetivo é eventualmente permitir que as pessoas digitem 100 palavras por minuto, 5 vezes mais rápido do que digitar em um smartphone, usando apenas a mente.

Eventualmente, as interfaces cérebro-computador poderiam permitir que as pessoas controlassem a realidade aumentada e as experiências de realidade virtual com sua mente em vez de usarem uma tela ou um controle.

Digitando com o cérebro

“E se você pudesse digitar diretamente do seu cérebro?” Dugan perguntou durante a F8, a conferência da empresa onde a novidade foi apresentada. Ela mostrou um vídeo de um paciente paralisado em Stanford que pode digitar usando sua mente graças a um sensor implantado. Ela explicou que o Facebook quer fazer isso sem implantes cirúrgicos.

O projeto de digitação cerebral começou a ser desenvolvido há apenas seis meses, mas agora já conta com colaboração da UC San Francisco, UC Berkeley, Johns Hopkins Medicine, Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins e da Washington University School of Medicine. Pesquisadores especializados em aprendizado de máquina para decodificação de fala e linguagem, construindo sistemas de neuroimagem ótica com resolução espacial avançada e próteses neurais de próxima geração, estão envolvidos no projeto.

O plano é, eventualmente, construir dispositivos não implantáveis. Quanto ao medo inevitável que uma pesquisa deste tipo sempre inspira, o Facebook já tem uma resposta: “Não se trata de decodificar pensamentos aleatórios. Trata-se de decodificar as palavras que você já decidiu compartilhar, enviando-as para o centro de fala do seu cérebro”. O Facebook compara a nova tecnologia com a forma como tiramos muitas fotos, mas apenas compartilhamos algumas delas. Com seu dispositivo, a empresa diz que seremos capazes de pensar livremente, mas apenas transformar alguns pensamentos em texto.

Ouvindo através da pele

Ao mesmo tempo, a empresa está trabalhando em uma maneira para que os seres humanos ouçam através de sua pele. Protótipos de hardware e software que permitem que a pele imite a cóclea em nossos ouvido, que traduz o som em frequências específicas para o cérebro, estão sendo construídos. Esta tecnologia poderia fazer com que as pessoas surdas essencialmente “ouvissem”, ignorando suas orelhas.

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Uma equipe de engenheiros do Facebook foi mostrada experimentando a audição. Um sujeito de teste foi capaz de desenvolver um vocabulário de nove palavras que poderiam ser ouvidas através de sua pele.

Pesquisas secretas

O Facebook contratou Dugan no ano passado para liderar seu novo e secreto laboratório de pesquisa, o Building 8. Ela já havia dirigido a divisão de Tecnologia Avançada e Produtos do Google, e anteriormente era chefe da DARPA.

A empresa construiu uma área especial na sua sede em Menlo Park com toneladas de equipamentos de engenharia mecânica para ajudar a equipe de Dugan a construir rapidamente protótipos de novos hardwares. Em dezembro, o Facebook assinou acordos de colaboração rápida com Stanford, Harvard, MIT e mais para obter ajuda acadêmica.

No entanto, até agora, ninguém realmente sabia o que o Building 8 estava construindo. O máximo de informação que tínhamos era uma lista de vagas de emprego no laboratório de pesquisa que mostrava que eles estavam à procura de um “Engenheiro de Interface Cérebro-Computador”, que seria responsável por trabalhar num “projeto de dois anos focado no desenvolvimento de tecnologias avançadas”.

Também procurava-se um “Engenheiro de Imagem Neural” para estar “focado no desenvolvimento de novas tecnologias de neuroimagem não invasiva”, que iria “projetar e avaliar novos métodos de imagem neural baseado em óptica, RF, ou outras abordagens inteiramente não-invasivas”.

À medida que o Facebook cresce, ele tem os recursos e o talento para tentar novas abordagens em hardware. Com mais de 1,8 bilhões de usuários conectados apenas a seu principal aplicativo, a empresa tem um enorme funil de cobaias potenciais para suas experiências.

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Os anúncios são naturalmente inquietantes. Ouvir sobre uma pequena startup desenvolvendo essas tecnologias avançadas pode ter evocado imagens de governos ou conglomerados co-produtores um dia lendo nossa mente para detectar o crime do pensamento, como em “1984”. A escala do Facebook torna esse futuro mais plausível, não importa o quanto Zuckerberg e Dugan tentem mostrar a posição da empresa como benevolente e compassiva. Quanto mais o Facebook puder fazer para instituir garantias, monitoramento independente e transparência em torno de como a tecnologia de interface cérebro/computador é construída e testada, mais seguro o público pode se sentir. [Tech Crunch]

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