Hyaluronan: O segredo “anti-câncer” do rato-toupeira-pelado

Por , em 4.08.2013

Embora não seja uma criatura especialmente bonita, o rato-toupeira-pelado tem duas grandes vantagens em relação a outros roedores: sua expectativa de vida é consideravelmente alta (30 anos, contra 4 da maioria dos ratos) e ele é praticamente imune a câncer – um atributo que seria muito bem-vindo em humanos. De acordo com estudo recente, feito por pesquisadores da Universidade de Rochester (EUA) e da Universidade de Haifa (Israel), o segredo dessa imunidade está no polímero hyaluronan de grande massa molecular (HMM-HA, em inglês).

“Inibição por contato, um poderoso mecanismo anti-câncer, descoberto pela equipe [da Universidade de] Rochester, que diminui o crescimento de células quando elas entram em contato com outras, é perdida em células cancerígenas”, aponta o pesquisador Eviatar Nevo. “Os experimentos mostraram que quando o HMM-HA foi removido das células do rato-toupeira-pelado, eles se tornaram mais suscetíveis a tumores e perderam sua inibição por contato”.

Açúcar multi-uso

O hyaluronan é um polímero (longa cadeia de moléculas) de açúcar presente entre as células do corpo humano e muito usado em tratamento para artrite e em cosméticos anti-rugas. As células do rato-toupeira-pelado produzem moléculas de hyaluronan cinco vezes maiores (HMM-HA) do que o “normal”, graças a alterações no gene Has2.

Os autores do estudo acreditam que esse mecanismo (que funciona como uma poderosa barreira para impedir o crescimento de tumores) dê ao rato uma pele mais elástica – como ele passa boa parte da vida em túneis, essa elasticidade traria uma vantagem evolutiva.

“As células do spalax [outra espécie de roedor], que é geneticamente mais próximo de camundongos e ratos do que do rato-toupeira-pelado, também secretam HMM-HA”, destaca Nevo. “Isso mostra uma evolução paralela em animais subterrâneos não relacionados, presumivelmente uma adaptação compartilhada para a vida subterrânea”.

Os experimentos para induzir esse mecanismo em células humanas ainda estão no começo, mas é uma linha de pesquisa promissora.

[Medical Xpress, Wired]

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