O DNA de 42 mil anos de neandertais ainda têm impacto nas pessoas modernas

Por , em 3.03.2017

Você gostaria de ser alto como os holandeses? Afinal de contas, eles são o povo mais alto do mundo, e há uma série de hipóteses para explicar isto. Um novo estudo publicado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington (EUA) revela que os Neandertais podem ter algo a ver com isso.

Os Homo neanderthalensis, nossos primos ancestrais que morreram há 42 mil anos, adoravam namorar com os H. sapiens. Essa interação romântica trouxe muitas consequências para a troca de genes, e grandes grupos da população atual têm parte de seu genoma dos Neandertais.

O trabalho publicado na revista Cell foi feito por uma equipe de geneticistas que queriam saber se alguns desses genes são inativos nos seres humanos modernos ou se eles têm uma função ativa na nossa biologia atual. O resultado, segundo eles, é que esses genes afetam a forma como outros genes se comportam ou se expressam. Essa influência é tão frequente que características como resistência a doenças e altura são afetados por eles.

“Mesmo 50 mil anos depois do último cruzamento entre humano e Neandertal, ainda podemos ver impactos mensuráveis na expressão genética, diz o coautor do estudo, Joshua Akey.

Descobrir qual a quantidade do genoma de uma pessoa vem dos Neandertais não é muito complicado. A grande dificuldade desta pesquisa é isolar genes individuais e ligá-los a características físicas dos participantes do estudo.

Para superar este problema, apenas pessoas com um genoma muito específico foram estudadas: aquelas que carregam tanto as versões humana quanto dos Neandertais de cada gene, sendo que um vem do pai e um da mãe. Assim, os pesquisadores puderam comparar diretamente a forma como esses alelos se expressaram.

Eles descobriram que em 25% de todas as comparações, os alelos dos Neandertais se expressaram de forma diferente dos equivalente humanos. Isso sugere que em um quarto das ocasiões, os genes Neandertais impactam diretamente as características físicas da pessoa.

Vejamos alguns exemplos: o alelo Neandertal do gene ADAMTSL3 diminui os riscos de desenvolvimento de esquizofrenia nas pessoas que os têm. Esse alelo também parece influenciar a altura até certo ponto. Outro deles, o CEP72, influencia suas chances de ter fibrose cística. Já o INTS12 está ligado à circulação sanguínea no pulmão.

“A Hibridização não é algo que aconteceu há 50 mil anos e que não temos mais que nos preocupar com ela. Esses pequenos pedaços, nossas relíquias Neandertais, ainda estão influenciando a expressão genética de forma importante”, argumenta Akey.

O próximo trabalho da equipe envolverá os hominídeos de Denisova, outra espécie Homo que viveu há um milhão e 40 mil anos em áreas onde também viviam homens de Neandertal e Homo sapiens. [IFLScience]

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