Ketamina tem inesperado efeito para tratar depressão profunda

Por , em 4.02.2016

Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt (EUA) conduziram um estudo que indica que o anestésico Ketamina pode ser o futuro do tratamento da depressão profunda.

A droga, que tem sido ilegalmente usada em festas e raves como alucinógena, pode trazer o maior avanço para a área da saúde mental no último meio século. Os pesquisadores analisaram seu efeito no tratamento de ratos com sintomas depressivos causados pela abstinência de álcool.

A grande novidade é que essa droga pode ajudar quem sofre há anos com depressão profunda e já tentou vários tipos de antidepressivos tradicionais, mas não conseguiu o efeito esperado dos remédios. Além disso, ao contrário dos antidepressivos mais utilizados – os inibidores seletivos da receptação da serotonina (ISRS) –, a Ketamina pode trazer um alívio imediato nos sintomas da doença.

Enquanto os ISRS precisam de três a oito semanas para começar a fazer efeito, sendo que às vezes não fazem efeito algum, pacientes relatam sentir diferença em até duas horas com a Ketamina. “Não é sutil. É óbvio se vai funcionar”, disse o médico Enrique Abreu em 2012, em entrevista ao The Washington Post. “E a porcentagem de resposta é inacreditável. Essa droga é 75% eficaz”, aponta ele.

Hospitais universitários de instituições como Universidade Yale, Universidade da Califórnia, Mayo Clinic e Cleveland Clinic têm indicado a substância como tratamento da depressão.

Como funciona?

Um estudo de 2010 mostra que a droga bloqueia receptores de uma proteína chamada NMDA, o que faz com que o cérebro aumente a produção de proteínas de sinalização sináptica no córtex pré-frontal – a região que regula funções cognitivas, emocionais e comportamentais. Isso tem um rápido efeito antidepressivo.

A dose do medicamento é muito menor que a utilizada como anestésico, mas mesmo assim pode trazer para alguns pacientes um efeito alucinógeno desconfortável. Além disso, não é uma cura para a doença, apenas um alívio dos sintomas. Isso quer dizer que seu uso provavelmente será contínuo. Os médicos acreditam que, por ser pequena, a dose do medicamento não deve ser suficiente para causar dependência. [Science Alert, Revista Neuropsychopharmacology]

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