Lêmures fêmeas usando contraceptivos atrapalham o olfato dos machos

Por , em 2.08.2010

Lêmures criados em cativeiro têm sofrido uma dificuldade a mais nos últimos tempos. Para evitar que eles procriem a mais do que as intenções do zoológico ou laboratório que os mantêm, os cientistas usam nas fêmeas alguns contraceptivos também usados em humanos. Como consequência, conforme foi descoberto recentemente, há mudanças nas substâncias secretadas pelas “mães” frustradas, o que prejudica a atração sexual que se dá pelo cheiro.

Pouca gente realmente presta atenção, mas nós, os homo sapiens, também temos um complexo aparato olfativo que é determinante na procura por parceiros do sexo oposto. Até agora, contudo, ninguém constatou que mulheres comuns, em uso de remédios para evitar a gravidez, tenham mudanças no cheiro de alguma substância corporal determinante para a atração olfativa pelo macho. Mas nas fêmeas do Lêmure esse efeito parece ser arrasador.

Os Lêmures ficaram notórios com o filme “Madagascar”, que tem muito de verdade: o único habitat natural dessa espécie primata é aquela grande ilha no sudeste africano. Hoje em dia, no entanto, eles já são figurinha carimbada na maioria dos zoológicos do mundo. Os administradores dos zoológicos não permitem, por razões logísticas, que os Lêmures se reproduzam da mesma maneira que o fazem nas selvas de Madagascar, motivo pelo qual usam medicamentos que controlam a gravidez nas fêmeas.

Os pesquisadores das Faculdades Sage, em Nova Iorque (EUA) estudaram as fêmeas e descobriram mais de 300 compostos químicos nas secreções glandulares que se identificam pelo olfato. Anulando a percepção destes compostos com contraceptivos, se prejudica grande parte da comunicação entre os Lêmures, que também deixam seu cheiro em galhos de árvores para marcar um local, por exemplo.

Os pesquisadores observaram 12 fêmeas. Antes e depois de receberem uma dose de um contraceptivo comum, usado em humanos e vendido para estes sob o nome de Depo-Provera, as Lêmures tiveram suas substâncias glandulares coletadas e analisadas. Resultado: depois do contraceptivo, quase todos os 300 componentes tiveram alteração na quantidade em que eram secretados. Alguns dos compostos, como alcoóis e ácidos graxos, quase sumiram completamente. E o odor tem uma influência impressionante na espécie: os pesquisadores esfregaram a substância original em esponjas e pedaços de madeira, e observaram que os machos avançavam sobre os objetos, cheirando-os e lambendo-os intensamente.

Os riscos dessa mudança são maiores do que se pensa. Como os machos não conseguem mais distinguir quais são as fêmeas com o odor que lhes atrai, podem acabar acasalando com suas irmãs, que já não são reconhecidas. E os possíveis efeitos do cruzamento entre parentes, para os Lêmures, são os mesmos que os nossos. [Science News]

1 comentário

  • Alice:

    “O contraceptivo é bom” “Ele não causa nenhuma interferencia na relação sexual de um casal”
    Ainda tem gente burra que cai nessa porcaria!

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