Macacos de laboratório são gerados com 6 conjuntos de genes ao invés de um

Por , em 8.08.2012

Nós já falamos sobre eles antes: Roku, Hex e Chimero, os três “macacos quiméricos”, que são, aliás, os primeiros primatas quiméricos do mundo.

A definição de “quimérico” vem da palavra quimera. Historicamente, é conhecida como quimera uma figura mística caracterizada pela aparência híbrida de dois ou mais animais e a capacidade de lançar fogo pelas narinas; ou seja, seria um animal ou besta mitológica.

Você já deve imaginar então porque esse nome foi usado para distinguir esses animais: porque esses três macacos foram gerados a partir de seis conjuntos de genes, e não apenas um. Sendo assim, eles são formados a partir da mistura de seis animais, mas todos da mesma espécie.

Como se gera um animal quimérico?

Cada macaco é feito da mistura de múltiplos ovos fertilizados. O biólogo Shoukhrat Mitalipov e sua equipe da Universidade do Oregon (EUA) colocaram seis embriões diferentes de seis indivíduos da mesma espécie em uma placa de Petri, agregando-os através de uma micropipeta.

Depois de alguns dias, os pesquisadores implantaram a agregação em uma macaca adulta, o que levou a geração de jovens macacos que possuem cada um dos seis embriões distribuídos uniformemente ao longo de seus corpos.

Porque precisamos de animais quiméricos?

Nós criamos uma “quimera” por que motivo? Só para dizer que conseguimos? Não. Segundo os estudiosos da área, quimeras são melhores modelos para o estudo de doenças humanas.

Por exemplo, para estudar o câncer em humanos, os cientistas produzem quimeras para eliminar ou mutar certos genes de crescimento de células, gerando camundongos que desenvolvem tumores.

Apesar de ratos serem os animais mais usados na pesquisa científica (72%, segundo estimativas), eles só são úteis até certo ponto, já que mais de 90% das drogas testadas em ratos de laboratório falham em pessoas.

Quimeras primatas, por outro lado, podem permitir a realização de mutações similares às que nós temos, além da investigação de drogas em organismos mais biologicamente similares aos dos seres humanos; ou seja, são modelos mais viáveis para produzir dados úteis.

Mas será que isso é ético? Com certeza o uso de animais quiméricos levanta questões morais na pesquisa médica.

O uso de animais na ciência sempre foi controverso. A oposição foca principalmente na argumentação de que o uso de seres vivos que não têm escolha nesse tipo de pesquisa é cruel e antiético.

Porém, a opinião pública é dividida sobre o veredito final, já que essas pesquisas têm ajudado muito no desenvolvimento de tratamentos e cura de doenças. Na última década, as pessoas se mostraram favoráveis a esse tipo de pesquisa apenas se os animais não sofressem por motivos desnecessários, se a pesquisa fosse por propósitos médicos sérios (salvar vidas) e quando não há outra alternativa.

Porém, essas “linhas” que não podem ser cruzadas ainda são um tanto quanto obscuras. Por exemplo, representantes da área da saúde são contra a humanização de animais em nome da ciência.

Apesar de tal feito poder fornecer informações valiosas sobre a forma de funcionamento do corpo humano e até a solução para certas doenças, o limite para tanto nem sempre é bem delineado.

Muitos pedem por regras claras na pesquisa científica que se utiliza de híbridos de animais e humanos, como por exemplo, inserir células humanas em primatas. Esse não é o caso dos três macacos quiméricos, mas, de certa forma, eles também foram “transformados” para melhorar a compreensão de doenças humanas.[POPSCI]

5 comentários

  • Elizeu Moreschi:

    Mas será que isso é ético? Com certeza o uso de animais quiméricos levanta questões morais na pesquisa médica.”

    A dita “ética” nada mais é que a que uma tímida religiosidade contida na índole até dos mais céticos pesquisadores.
    Enquanto o homem conviver com esse medo de desafiar a “ética” ele retarda descobertas importantíssimas.

    • Sagas:

      Sim Elizeu Moreschi. A ética é sim fundamentada em questões religiosas.
      Contudo, sua principal base remete ao que nos faz humanos. Não mais fazer coisas para evolução do fisico, sua alimentção ou produção de algo, como outros animais. O homem ainda esta em evolução, mas, acredito que devemos tentar melhorar outra coisa. A natureza está levando o genero Homo a desenvolver o hipotalamo numa velocidade maior que outras partes do cerebro. Hoje as pessoas são muito mais emocionais que outras, e também, são mais focadas na comunicação e união.
      Oh, sei lá cara. Mas acho que o caminho que temos que seguir deve ter um pouco mais de amor, mais contato “real”. Não sou religioso, mas, acredito no amor entre todas as espécies. Vivemos no mesmo mundo e já foi provado que outros animais têm empatia. Por que diabos o homem acredita que é unico que merece carinho e companhia? De local confortavel para viver?
      Sei lá. Essa é minha opnião. Podar esse amor de nós é ir contra a evolução. Mas, parabéns por sua observação. Valores ortodoxos religiosos tem sim atrapalhado a ciência 🙂

  • Jonatas:

    Parece um ET…

    • Sagas:

      É um xenomorpho Jonas. Entendeu? Essa é outra forma dele. Saiu da barriga de um macaquinho.

  • eduardo:

    Tá bom… mas eles já aprenderam a dizer: “Cesar is home?”

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