Médicos sugerem forma mais barata e menos agressiva de fertilização in vitro para mulheres

Por , em 13.03.2014

A fertilização in vitro é uma boa opção para mulheres que não conseguem engravidar por conta própria, mas não vem livre de complicações e custos. Agora, médicos estão procurando uma alternativa que poderia ser mais barata e menos desgastante para o corpo da mulher.

Nos EUA, algumas clínicas já estão oferecendo uma versão mais suave da fertilização in vitro que utiliza menos drogas, que também são mais leves, e requer menos visitas ao médico. No entanto, as taxas de sucesso desta “versão menos agressiva” não são bem conhecidas.

De acordo com a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e de Embriologia, cerca de cinco milhões de crianças nasceram em todo o mundo por fertilização in vitro (FIV) desde o primeiro bebê de proveta, Louise Brown, que veio à vida em 1978.

A probabilidade de ter um bebê com sucesso após qualquer forma de fertilização in vitro é em média de 37% por ciclo, segundo dados de 2012. As chances variam de acordo com fatores como idade da mulher e número de óvulos recuperados.

Na FIV convencional, a mulher geralmente precisa tomar drogas injetáveis para estimular os ovários a produzir mais óvulos do que faria sem medicação. Depois, eles são colhidos, combinados com esperma em laboratório, e os embriões mais tarde transferidos para o útero da mãe na esperança de que produzam com sucesso uma gravidez.

Na fertilização in vitro leve ou de estimulação mínima, o protocolo consiste em doses mais leves de drogas injetáveis, medicamentos orais ou uma combinação de ambos, que visa a coleta de 2 a 7 ovos. A FIV convencional busca mais que isso.

A abordagem de estimulação mínima também requer menos visitas ao médico para exames de sangue e monitoramento com ultrassom. As economias com esta abordagem podem ser de 50 a 60%.

Os defensores da técnica dizem que ela é uma opção particularmente boa para pacientes que têm uma resposta muito forte a medicamentos para a fertilidade e estão em alto risco de síndrome de hiperestimulação ovariana, uma complicação potencialmente perigosa, como mulheres que já têm histórico de fertilização in vitro ou fatores de risco anteriores, como síndrome dos ovários policísticos ou ser jovem com ciclos irregulares.

Também é uma alternativa para mulheres, incluindo muito mais velhas, que produzem poucos óvulos em resposta às drogas, independentemente da dose. É igualmente apropriado para as mulheres que não querem ser confrontadas com a decisão do que fazer com os embriões que não são usados na FIV.

Neeburbunn Lewis, uma enfermeira de 35 anos que vive no Maine (EUA), e seu marido gastaram entre US$ 20.000 e US$ 25.000 (cerca de R$ 40 a 50 mil) em um ciclo único de FIV convencional que produziu seu primeiro filho. Quando o casal quis um segundo filho, financeiramente, passar por outro ciclo não era viável.

Lewis ainda teve hiperestimulação dos ovários, condição que a colocou no hospital quando ela passou pela fertilização in vitro. “Eu não poderia colocar o meu corpo por isso de novo”, disse. Quando ouviu falar sobre a FIV de estimulação mínima, fez um ciclo, gastou US$ 5.000 (cerca de R$ 10 mil) e agora está grávida de oito meses de seu segundo filho.

Esse caso de sucesso traz esperanças para mulheres no mundo todo, mas especialistas alertam que ainda precisamos entender as chances de engravidar com a estimulação mínima, que é menor do que com a estimulação convencional.

Para realizar um curso mais suave da fertilização in vitro, Sherman Silber, diretor do Centro de Infertilidade de St. Louis (EUA), usa uma droga oral de baixo custo e doses baixas frequentes de drogas injetáveis para estimular as mulheres a produzir apenas uma pequena quantidade de óvulos de uma só vez, o que, segundo ele, aumenta a sua qualidade média.

Em alguns casos, embriões suficientes não são produzidos num único ciclo, e é preciso repeti-lo. Médicos argumentam que o custo das duas abordagens pode se aproximar rapidamente ou até exceder o da tradicional se muitos ciclos forem necessários.

Ainda assim, a pesquisa do Dr. Silber mostra que a estimulação mínima é mais eficaz, com uma taxa de gravidez superior por óvulo, e menos cara do que a tradicional para mulheres com 40 anos ou mais e mulheres com baixa reserva ovariana.

De acordo com Zev Rosenwaks, diretor do Centro de Medicina Reprodutiva e Infertilidade do hospital NewYork-Presbyterian/Weill Cornell (EUA), enquanto a estimulação mínima pode funcionar para algumas mulheres, a sua própria experiência sugere que a estimulação moderada, com 9 ou 10 ovos coletados e a menor dose de drogas possível, produz o maior sucesso com o menor risco de complicações. Ele disse ter conhecimento de “muitas mulheres que tentaram e falharam com estimulação mínima em outras clínicas”.

Nos resta esperar por mais estudos controlados que comparem a segurança e eficácia de ambas as versões de FIV. Mas, ao que tudo indica, para muitas mulheres, a versão mais leve pode ser uma boa saída. [WSJ, Publico]

3 comentários

  • WPantuzzo:

    Em minha humana opinião. Acho tão ilógico a ideia de fertilização artificial de mulheres, quanto a ideia da se ter um animal de estimação. A mim, as duas ações, ocupam um mesmo patamar. Com tanta criança abandonada e/ou vivendo em condições sub-humanas, sob a tutela de pais irresponsáveis, justificar que a necessidade de se passar pela experiência de ser mãe é algo fundamental, é como gastar fortunas com animais de estimação em uma sociedade que pessoas não tem o que comer.

    • Marcelo Ribeiro:

      Tudo depende do custo/benefício. Para muitas pessoas é importante ter DNA do seu DNA e entendo isso. Adoção no Brasil é um processo sofrível e não em benefício das crianças.

      Não posso deixar de mencionar este o velho argumento dos macunaíma que não tem comida. Se seguíssemos a risca este argumento não teríamos avanços científicos, pois todo e qualquer recurso iria para o assistencialismo, levando comida para a África. É um argumento imaturo, velho e cansativo.

    • Cesar Grossmann:

      Eu acho que tem que ter espaço para tudo. Quem quer ter um filho “seu” tem que ter esta oportunidade, e quem quer adotar alguma criança também tem que ter sua oportunidade.

      Só que esta questão tem que ser melhor trabalhada. Tanto os mecanismos de adoção, os de fertilização artificial, e também os de esterilização (por que não?) deveriam estar mais disponíveis.

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