A melhor maneira de brigar com um adolescente

Por , em 17.03.2016

Quem convive com adolescentes sabe que conflitos são bastante frequentes. Para a surpresa de muitos pais irritados, pesquisadores acreditam que esse pode ser um bom sinal. Eles sugerem que a forma com a qual conflitos são lidados em casa pode ajudar na saúde mental dos jovens e na qualidade do relacionamento entre pais e filhos.

A natureza das discussões dos adolescentes com os pais também pode ajudá-los a administrar melhor seus relacionamentos fora de casa.

Ao examinar como os adolescentes entram em conflitos, os pesquisadores identificaram quatro estilos de comportamento: ataque, retirada, passividade e solucionando o problema.

Adolescentes que preferem brigas que crescem exponencialmente ou que simplesmente se recusam a participar de discussões são os que têm mais chance de se tornarem depressivos, ansiosos ou de entrar em conflito com a lei. Mesmo aqueles que são passivos e abaixam a cabeça para o que os pais falam também sofrem de transtorno de humor. Além disso, aqueles que não conseguem resolver problemas em casa apresentam dificuldades similares com os amigos ou na vida amorosa.

Isso significa que aqueles adolescentes que usam técnicas de resolução de problemas para lidar com conflitos com os pais fazem parte do grupo mais saudável. Eles tendem a ter a melhor saúde psicológica e relacionamentos mais felizes – o sonho de qualquer pai e mãe.

“Brigas boas” e “brigas ruins”

Uma nova pesquisa publicada na revista Journal of Adolescence sugere que conflitos construtivos entre pais e filhos ajudam os adolescentes a enxergar a situação além de sua própria perspectiva. Em outras palavras, “brigas boas” acontecem quando os adolescentes conseguem considerar argumentos dos dois lados, e “brigas ruins” acontecem quando eles não conseguem fazer isso.

Quando são menores, as crianças têm mais dificuldade para considerar o ponto de vista do outro, mas esta capacidade melhora na adolescência, com o desenvolvimento de partes do cérebro que permitem essa perspectiva.

Como ajudá-los?

Há também evidências de que os pais podem ajudar nesse desenvolvimento ao serem bons exemplos ao considerar o ponto de vista do outro. Adultos que conseguem se colocar no lugar dos filhos tendem a criar adolescentes que também exercitam esta habilidade.

A realidade, entretanto, é muito diferente da teoria. As discussões normalmente acontecem com pessoas de cabeça quente, que não conseguem parar para refletir friamente sobre a situação. Um filho que chega para o pai e diz que vai passar o final de semana com um amigo antigo que hoje é conhecido por ser uma má influência, pode fazer com que o pai responda: “De jeito nenhum!”. Isso já é o suficiente para que o adolescente saia batendo portas ou que aceite a situação de forma passiva, mas infeliz.

Mas nem tudo está perdido! O momento para agir é quando esse calor diminui. Os pesquisadores sugerem que neste momento o pai pode se aproximar e dizer “Desculpe pela situação ter saído do controle. Eu preciso que você me ajude a entender porque você quer passar um tempo com ele se você nem gosta dele tanto assim. E você poderia tentar colocar em palavras o motivo pelo qual eu fiquei desconfortável com essa ideia?”.

Nenhum pai quer brigar com o filho adolescente. Mas esse confronto pode ser visto como uma oportunidade de crescimento para ele, e não como um obstáculo. [The New York Times]

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