Memória holográfica demonstrada pela primeira vez

Por , em 26.02.2014

Durante pelo menos 50 anos, físicos e engenheiros têm brincado com o conceito de memória holográfica, um tipo de memória que seria muito mais eficiente que as memórias atuais, sejam elas óticas ou magnéticas.

A holografia surgiu no fim da década de 1940 para uso com microscópios eletrônicos e, quando apareceu o laser uma década mais tarde, imagens ópticas holográficas se tornaram populares.

Desde então, outros campos avançaram significativamente com o uso de interferência de ondas para criar hologramas, incluindo hologramas acústicos em aplicações sísmicas e holografia de micro-ondas em sistemas de radar.

Em um holograma óptico, diversas imagens podem ser gravadas em uma mesma superfície, variando a fase da luz coerente (laser) utilizada para gravá-las. Usando a mesma fase de luz coerente, as diferentes imagens podem ser recuperadas.

Os dispositivos de armazenamento ótico e magnético tradicionais armazenam bits como mudanças individuais na superfície da mídia de armazenamento. O armazenamento holográfico, por sua vez, registraria a informação no volume da mídia e seria capaz de registrar várias imagens na mesma área e, além disso, faria a leitura e escrita da informação em grupos, em paralelo.

Depois de 9 anos de estudo, a equipe liderada por Alexander Khitun conseguiu demonstrar que é possível aplicar as técnicas holográficas desenvolvidas para hologramas ópticos usando estruturas magnéticas, criando um dispositivo de memória holográfica magnônica, que combina as vantagens do armazenamento de dados magnéticos com a transferência de informação em ondas.

O processo delineado em um trabalho a ser publicado no periódico Applied Physics Letters explora as ondas de spin – oscilações coletivas dos spins em materiais magnéticos.

Depois de anos trabalhando no desenvolvimento de circuitos lógicos baseados nas ondas de spin, o professor Khitun decidiu que não seria necessário substituir os circuitos eletrônicos dos computadores, mas complementar os mesmos, ou auxiliar em certas tarefas específicas, como processamento de imagens e reconhecimento de fala.

Os experimentos descritos no trabalho foram conduzidos usando um protótipo de memória holográfica magnônica de 2 bits. Um par de magnetos, representando os elementos de memória, foram alinhados em diferentes posições nas guias de ondas magnéticas.

As ondas de spin que viajam pelas guias de onda são afetadas pelo campo magnético produzido pelos magnetos. Quando a interferência era aplicada nos experimentos, uma imagem nítida era produzida e os pesquisadores conseguiam reconhecer os estados magnéticos dos magnetos, tudo sem precisar de temperaturas especiais.

“Os resultados abrem um novo campo de pesquisa, que pode ter um impacto tremendo no desenvolvimento de novos dispositivos de memória e lógica”, comemorou o professor Khitun. [Universidade da Califórnia, Riverside, PhysOrg, ScienceBlog, Wikipedia, How Stuff Works]

4 comentários

  • Eder Felix:

    Um par de magnetos representa um elemento de memória?

    • Cesar Grossmann:

      No caso, sim. Memória é qualquer dispositivo que guarde informação e, se você tem um par de magnetos que muda sua orientação de acordo com um impulso que recebe, você tem um elemento de memória em potencial.

  • Fobias Fobos:

    Assunto incrível.
    É o cérebro eletrônico evoluindo, rapidamente, em direção ao cérebro humano.
    Chegará o dia em que poderemos recuperar ou mesmo criar nossas memórias, e, até readquirir sentidos, com a introdução de dispositivos eletromagnéticos em nossas cabeças. Alguém duvida?

    • sergio moreira:

      Eu

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