Memória motora sintética – o futuro da cibernética?

Por , em 16.12.2014

Artigo de Mustafá Ali Kanso

Memoria motora sintética — Máquinas que aprendem?

Como vimos no artigo da semana passada existe um nível de memória denominada memória não-declarativa ou implícita que caracteriza todo o tipo de registro em nossa memória que não pode ser verbalizado.  Tais como as habilidades motoras e as emoções.

Ainda, quando a memória implícita tida como associativa relaciona-se com a aquisição e alteração de habilidades cinestésico-corporais. Nas quais estão associadas a percepção e a motricidade.

Como vimos, é exatamente nesse estágio em que se dá o aprendizado e o desenvolvimento das competências motoras, tais como andar de bicicleta, por exemplo, sempre relacionadas ao reflexo, aos sistemas perceptivos e também à própria motricidade.

Quando completou-se o processo de memorização motora, ou seja, a aquisição de um domínio de habilidades que não precisa ser “pensado” para ser utilizado, essa competência passa a ser realizada de forma espontânea, por essa razão, é a denominada mecanização.

Vimos que quando se aprende a andar de bicicleta, por exemplo, a harmonização de todos os “movimentos encadeados” característicos se dão num plano espontâneo no qual você se equilibra na bicicleta sem precisar “pensar” para isso.

O mesmo se dá com outras aplicações da motricidade, tais como dança, digitação, direção de veículos, execução de algum instrumento musical, treinamentos de musculação, etc.

E mesmo com o abandono da prática diária ficará mais fácil retomar o exercício anos mais tarde sem cometer os mesmos erros de um iniciante.

Muito bem.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram recentemente músculos artificiais dotados de uma memória motora análoga e que podem aprender e recordar movimentos específicos.

É a primeira vez que controle de movimento e memória estão sendo combinados em um mesmo material sintético, imitando a memória motora biológica. Uma autêntica memória motora sintética.

Cada movimento do músculo artificial é armazenado, lido, e restaurado de forma independente oferecendo uma gama variada de aplicações desde exoesqueletos biomédicos, próteses bioativas até máquinas que aprendem — um dos sonhos dourados da robótica.

Já existam músculos artificiais (atuadores) tanto metálicos quanto poliméricos capazes de memorizar seus formatos e resgatar os respectivos registros, por essa razão denominados materiais com memória de forma. No entanto, movimento e memória ainda não haviam sido incorporados no mesmo material.

Tal propriedade foi batizada por Alexandre Khaldi e seus colegas de “memória polimérica eletromecânica”.

A partir de tiras finas de um plástico flexível modificado quimicamente — do tipo utilizado em baterias e células de combustível — efetuou-se a construção de um material muscular e depois do treinamentos desse músculo, com a execução de determinados movimentos (relacionados a determinados formatos) em determinados valores de temperatura.

Assim basta submeter o material à respectiva temperatura de “treinamento” que cada movimento é recuperado espontaneamente.

Acoplando ao músculo artificial sistemas que fazem variar a temperatura pela aplicação de determinada voltagem o controle desses movimentos fica análogo ao dos processos biológicos, acenando com uma promissora alternativa para enxertos musculares biocompatíveis oferecendo para a amputados, por exemplo, a construção de próteses ativas e incorporadas ao organismo com respostas análogas ao dos órgãos biológicos. Ou quem sabe uma solução para a perda muscular na terceira idade? Só o futuro dirá se isso será mais um passo para eternidade.

Fonte:

Electro-mechanical actuator with muscle memory

Alexandre Khaldi, James A. Elliott, Stoyan K. Smoukov

Artigo de Mustafá Ali Kanso 

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LEIA A SINOPSE DO LIVRO A COR DA TEMPESTADE DE Mustafá Ali Kanso

[O LIVRO ENCONTRA-SE À VENDA NAS LIVRARIAS CURITIBA E SPACE CASTLE BOOKSTORE].

Ciência, ficção científica, valores morais, história e uma dose generosa de romantismo – eis a receita de sucesso de A Cor da Tempestade.

Trata-se de uma coletânea de contos do escritor e professor paranaense Mustafá Ali Kanso (premiado em 2004 com o primeiro lugar pelo conto “Propriedade Intelectual” e o sexto lugar pelo conto “A Teoria” (Singularis Verita) no II Concurso Nacional de Contos promovido pela revista Scarium).

Publicado em 2011 pela Editora Multifoco, A Cor da Tempestade já está em sua 2ª edição – tendo sido a obra mais vendida no MEGACON 2014 (encontro da comunidade nerd, geek, otaku, de ficção científica, fantasia e terror fantástico) ocorrido em 5 de julho, na cidade de Curitiba.

Entre os contos publicados nessa coletânea destacam-se: “Herdeiro dos Ventos” e “Uma carta para Guinevere” que juntamente com obras de Clarice Lispector foram, em 2010, tópicos de abordagem literária do tema “Love and its Disorders” no “4th International Congress of Fundamental Psychopathology.”

Prefaciada pelo renomado escritor e cineasta brasileiro André Carneiro, esta obra não é apenas fruto da imaginação fértil do autor, trata-se também de uma mostra do ser humano em suas várias faces; uma viagem que permeia dois mundos surreais e desconhecidos – aquele que há dentro e o que há fora de nós.

Em sua obra, Mustafá Ali Kanso contempla o leitor com uma literatura de linguagem simples e acessível a todos os públicos.

É possível sentir-se como um espectador numa sala reservada, testemunha ocular de algo maravilhoso e até mesmo uma personagem parte do enredo.

A ficção mistura-se com a realidade rotineira de modo que o improvável parece perfeitamente possível.

Ao leitor um conselho: ao abrir as páginas deste livro, esteja atento a todo e qualquer detalhe; você irá se surpreender ao descobrir o significado da cor da tempestade.

[Sinospse escrita por Núrya Ramos  em seu blogue Oráculo de Cassandra]

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