A Nasa parece ter solucionado um dos mistérios mais antigos sobre o Sol

Por , em 16.12.2016

Imagens de um observatório espacial da NASA estão ajudando a resolver um mistério que tem deixado cientistas perplexos desde a década de 1940: por que a atmosfera exterior do Sol, a sua “coroa”, é mais quente do que a sua superfície visível?

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Não se trata de uma pequena discrepância de temperatura. Na superfície visível do Sol, a temperatura é de cerca de 5.500 graus Celsius, mas na coroa solar, a temperatura é cerca de 200 a 500 vezes mais quente.

Agora, com base em observações da missão IRIS (Espectrograma de Interface Regional Imagética, em tradução livre), os pesquisadores da NASA acham que a coroa é parcialmente aquecida por “bombas de calor”, causadas por explosões de energia provenientes de campos magnéticos que se cruzam e se realinham na região.

Outras dúvidas

Isso também poderia responder a outra dúvida, se a coroa está sendo aquecida uniformemente, de uma só vez, ou em bolsões separados, que rapidamente se espalham pela atmosfera superior – algo que os cientistas têm estado imaginando desde que o calor intenso da coroa foi descoberto.

A IRIS faz com que isso seja mais fácil, pois é capaz de analisar a região de transição solar – a área entre a superfície do Sol e a coroa – e pode medir o movimento dos gases quentes em detalhes sem precedentes.

“Como a IRIS pode resolver a região de transição 10 vezes melhor do que os instrumentos anteriores, nós pudemos ver material quente correndo para cima e para baixo nos campos magnéticos na parte de baixo da coroa”, explica a pesquisadora Paola Testa, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica. “Isso é compatível com modelos da Universidade de Oslo, em que a reconexão magnética desencadeia bombas de calor na coroa”.

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Esta reconexão magnética, onde o calor e a energia são liberadas, é também responsável por outros fenômenos, como as chamas solares. Desde o seu lançamento em 2013, a IRIS – que funciona como uma lupa para estudar as bordas da atmosfera do Sol – vem nos dando uma visão melhor do que realmente está acontecendo com esse tipo de atividade solar.

Anteriormente, os pesquisadores usaram imagens da IRIS para encontrar evidências de pequenas chamas solares, chamadas nanochamas, onde o Sol libera energia enviando plasma quente através de sua atmosfera superior. Essas observações das nanochamas foram apoiadas por dados enviados por outro satélite da NASA, o EUNIS (ou Espectrograma de Incidência Normal Ultravioleta Extrema, em tradução livre).

Agora podemos adicionar a atividade explosiva de campos magnéticos à mistura também, graças novamente aos olhos afiados da IRIS.

Efeitos práticos

Uma maneira pela qual a nova pesquisa poderia nos ajudar aqui na Terra é nos dar uma ideia melhor de quando as tempestades solares podem atacar – eventos capazes de causar séria ruptura em nosso planeta, quando poderosas ejeções de energia solar podem interromper o campo magnético da Terra.

A pesquisa sobre a fusão nuclear também depende de uma compreensão profunda do funcionamento do Sol. Se queremos desenvolver esta fonte de energia limpa, segura e quase ilimitada, precisamos saber mais sobre as reações químicas que acontecem em torno do Sol.

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O físico solar Bart De Pontieu, do Laboratório Solar & Astrofísica da Universidade Lockheed Martin, nos EUA, diz que a tecnologia da IRIS continuará fornecendo conjuntos de dados muito melhores do que os cientistas anteriormente tinham para trabalhar. “O problema do aquecimento coronal envolve uma variedade de complexos processos físicos que são difíceis de medir diretamente ou capturar em modelos teóricos”, diz ele. [Science Alert]

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